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Pioneiros da floresta digital foram premiados

O prémio permitiu à UNAC, organização de produtores florestais, reforçar o projeto que fez a cartografia da mortalidade dos sobreiros e a identificação do início do período de extração de cortiça.

Filipe S. Fernandes 09 de Fevereiro de 2024 às 12:00
A UNAC foi vencedora do prémio Floresta é Sustentabilidade na categoria Inovação e Ciência, na edição 2021-2022. Mariline Alves
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A Inovação e Desenvolvimento é uma componente fundamental na atividade da UNAC - União da Floresta Mediterrânica, uma organização privada de produtores florestais que junta seis associações de produtores florestais de Castelo Branco até Alcácer do Sal.

Vencedora do prémio Floresta é Sustentabilidade na categoria Inovação e Ciência, na edição 2021-2022, a UNAC aproveitou o incentivo financeiro para "dar seguimento aos trabalhos de operacionalização da plataforma e de todo o sistema" do projeto Geosuber, que envolve a monitorização do montado de sobro.

É sempre muito positivo quando vemos reconhecido publicamente o trabalho realizado. Conceição Santos Silva
Secretária-geral da União da Floresta Mediterrânica (UNAC)

"É sempre muito positivo quando vemos reconhecido publicamente o trabalho realizado, principalmente nesta área da Inovação e Ciência, que não era tradicionalmente uma atividade da UNAC, na sua génese em 1989", referiu a engenheira florestal Conceição Santos Silva, secretária-geral daquela organização.

A UNAC abrange a área de distribuição do montado de sobro e do pinhal-manso, dois sistemas agroflorestais. A partir de 2016, a organização assumiu parcerias em diversos projetos de I&D que permitiram procurar soluções para as necessidades dos gestores dos sistemas agroflorestais, com base nos apoios do PDR 2020 para constituição de grupos operacionais sob liderança de entidades fora do sistema científico. Nesta dinâmica, Conceição Santos Silva salienta o projeto "Geosuber- Monitorização do montado de sobro" que, através de ferramentas digitais, fez a cartografia da mortalidade dos sobreiros e a identificação do início do período de extração de cortiça.

Este projeto foi feito em colaboração com o Instituto Superior de Agronomia, a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, a Systerra (parceiro tecnológico) e um conjunto de proprietários florestais.

Digitalização florestal

Segundo Conceição Santos Silva, já existem alguns resultados da digitalização na agricultura, mas "na floresta estes resultados tardam a chegar e os processos mantém-se de forma convencional, muitas vezes com riscos acrescidos em termos de segurança laboral, por exemplo".

Neste momento, a UNAC está envolvida em dois novos projetos de incorporação de tecnologias na atividade florestal.

Na Agenda de Inovação Transform, a UNAC lidera o projeto associado às cadeias de valor dos produtos florestais não lenhosos: pinha, castanha, cortiça, medronho e mel. Pretende-se melhorar a máquina de colheita mecanizada de pinha e a máquina de extração de cortiça, e desenvolver a colheita mecanizada de medronho, a monitorização à distância de apiários e a quantificação da pinha através de métodos de deteção remota.

Já na Agenda de Inovação TEC4GREEN, é parceira na atividade "descarbonização agronómica" cujo objetivo é investigar e desenvolver metodologias, estruturas e ferramentas que contribuam para aumentar o sequestro de carbono pelos sistemas agroflorestais, como os montados de sobro, azinho, ou o pinhal manso.

Prevê ainda o uso de ferramentas de deteção remota, como as imagens de satélite, para compreender as dinâmicas e as alterações em termos do armazenamento de carbono e a sua relação com a gestão florestal praticada.

A secretária-geral da UNAC considera que, na área da Inovação e Ciência do cluster florestal, os incentivos a criar deveriam ser de longo prazo e assegurar os meios para a transferência do conhecimento para ser aplicado pelos gestores florestais, que fazem a manutenção e a condução dos povoamentos. "O problema da maioria dos projetos de I&D é a sua curta duração, o que é incompatível com os sistemas florestais existentes em Portugal, a maioria dos quais de ciclos de produção longos. Qualquer projeto na área do sobreiro deveria pelo menos durar nove anos, que é o tempo entre extrações de cortiça, no qual se consegue avaliar o impacto do projeto sobre a produção de cortiça", concluiu.


Prémio Floresta é Sustentabilidade
3ª Edição 2021-2022
Categoria Inovação e Ciência
Vencedor: União da Floresta Mediterrânica (UNAC)
Menção: Honrosa Tesselo

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