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"Fui durante muito tempo contra a lei das quotas porque me posicionava de um ponto de vista egoísta de quem sempre fez a sua carreira com toda a naturalidade sem se preocupar nem pensar se era homem ou mulher. Colocava-me na posição egoísta e pensava que seria humilhada se estivesse num lugar por causa das quotas", recordou Margarida Couto, presidente do Grace, e sócia da Vieira d’Almeida, sociedade de advogados.
Mas quando percebeu que, além de a vida das mulheres ser mais difícil, 50% do talento estava a ser desperdiçado em qualquer sociedade, o que "é um desperdício económico, social, não é uma questão das mulheres mas da sociedade e da economia", as suas convicções alteraram-se.
"Mudei sobretudo depois de assistir a algumas tentativas de autorregulação que foram feitas por governos anteriores ao que implantou as quotas. Se olharmos para os países que têm leis de quotas há mais tempo, são aqueles que conseguiram atingir uma maior paridade de género nomeadamente em cargos de topo", diz Margarida Couto.
Na sua reflexão, sublinha que hoje é normal que ao nível do "middle management" se encontre paridade, "mas, quando chegamos ao C-Level e ao board, já não é assim. Os países que têm melhor posição são os países que têm quotas há mais tempo. É o que chamo o mal menor, que seja transitório e só para fazer o caminho".
Catarina Tendeiro, diretora de recursos humanos Ageas, preferia que não existissem as quotas mas "temos de viver com elas para bem da sociedade" e, salientou, que a "diversidade vai mais além da questão dos homens e das mulheres, mas passa pelas pessoas com deficiência, de outros contextos culturais, gerações diferentes".
Quotas da diversidade
Acrescentou que "é impossível mudar alguma coisa, algum comportamento, se não colocarmos as quotas dentro da organização para a mover. Sei que os meus líderes enquanto não passaram a ter indicadores de género, diversidade, de mobilidade na organização, isso não aconteceu. Espero que dentro de algum tempo estes indicadores já estejam cumpridos na empresa".
Em relação à extensão das quotas para além da diversidade de género, Margarida Couto referiu que "não é muito favorável a muitas imposições legais em ambiente empresarial. A lei não é solução para tudo e as empresas privadas devem ter a capacidade de se organizarem de forma que para elas faça mais sentido e, portanto, acho que os instrumentos legais fortes, se usados em demasia, também podem ser contraproducentes porque às tantas são um espartilho, e uma receita comum para todas as empresas".
As empresas são como as pessoas e não há um mesmo fato a servir a toda a gente e a todas as empresas. Salientou que a diversidade de idades será o próprio mercado a regular. Neste aspeto, o risco é de não conseguir assegurar a intergeracionalidade. "Pode-se começar a olhar para as pessoas mais velhas, em vez de um ativo que tem o background e que pode escorrer para as gerações mais novas, como iogurtes fora de prazo, e encaminhá-las precocemente para fora do mercado de trabalho. É o grande risco e as empresas que o fizerem vão acabar por perceber que fizeram mal", afirmou Margarida Couto.
"As quotas são necessárias para resolver os problemas de hoje, entre nós adultos, mas a melhor forma de garantir de que não necessárias quotas, é começar a trabalhar mais cedo com as crianças nas escolas", referiu Filipe Almeida, presidente da Portugal Inovação Social.
Assista aqui à Talk Sustentabilidade sobre Igualdade e Diversidade
Para mais informação sobre o Prémio Nacional de Sustentabilidade
50%Talento
Margarida Couto afirma que 50% do talento das mulheres está a ser desperdiçado pela sociedade.
"Mudei sobretudo depois de assistir a algumas tentativas de autorregulação que foram feitas por governos anteriores ao que implantou as quotas. Se olharmos para os países que têm leis de quotas há mais tempo, são aqueles que conseguiram atingir uma maior paridade de género nomeadamente em cargos de topo", diz Margarida Couto.
Na sua reflexão, sublinha que hoje é normal que ao nível do "middle management" se encontre paridade, "mas, quando chegamos ao C-Level e ao board, já não é assim. Os países que têm melhor posição são os países que têm quotas há mais tempo. É o que chamo o mal menor, que seja transitório e só para fazer o caminho".
Catarina Tendeiro, diretora de recursos humanos Ageas, preferia que não existissem as quotas mas "temos de viver com elas para bem da sociedade" e, salientou, que a "diversidade vai mais além da questão dos homens e das mulheres, mas passa pelas pessoas com deficiência, de outros contextos culturais, gerações diferentes".
Quotas da diversidade
Acrescentou que "é impossível mudar alguma coisa, algum comportamento, se não colocarmos as quotas dentro da organização para a mover. Sei que os meus líderes enquanto não passaram a ter indicadores de género, diversidade, de mobilidade na organização, isso não aconteceu. Espero que dentro de algum tempo estes indicadores já estejam cumpridos na empresa".
Em relação à extensão das quotas para além da diversidade de género, Margarida Couto referiu que "não é muito favorável a muitas imposições legais em ambiente empresarial. A lei não é solução para tudo e as empresas privadas devem ter a capacidade de se organizarem de forma que para elas faça mais sentido e, portanto, acho que os instrumentos legais fortes, se usados em demasia, também podem ser contraproducentes porque às tantas são um espartilho, e uma receita comum para todas as empresas".
As empresas são como as pessoas e não há um mesmo fato a servir a toda a gente e a todas as empresas. Salientou que a diversidade de idades será o próprio mercado a regular. Neste aspeto, o risco é de não conseguir assegurar a intergeracionalidade. "Pode-se começar a olhar para as pessoas mais velhas, em vez de um ativo que tem o background e que pode escorrer para as gerações mais novas, como iogurtes fora de prazo, e encaminhá-las precocemente para fora do mercado de trabalho. É o grande risco e as empresas que o fizerem vão acabar por perceber que fizeram mal", afirmou Margarida Couto.
"As quotas são necessárias para resolver os problemas de hoje, entre nós adultos, mas a melhor forma de garantir de que não necessárias quotas, é começar a trabalhar mais cedo com as crianças nas escolas", referiu Filipe Almeida, presidente da Portugal Inovação Social.
Assista aqui à Talk Sustentabilidade sobre Igualdade e Diversidade
Para mais informação sobre o Prémio Nacional de Sustentabilidade
Os protagonistas da conferência A conferência digital Negócios Sustentabilidade 20-30, "Igualdade e Diversidade: É Ainda Tema?", teve lugar a 29 de outubro de 2020. Contou com abertura de Rosa Monteiro, secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, a keynote speech, Margarida Couto, presidente do Grace e sócia da Vieira d’Almeida. O debate teve moderação de André Veríssimo, diretor do Jornal de Negócios, e contou com a participação de Catarina Tendeiro, diretora de Recursos Humanos AGEAS, Filipe Almeida, presidente do Portugal Inovação Social, e Susana Correia de Campos, head of Corporate Employer Relations and Internal Social Responsability do Grupo Jerónimo Martins.