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Portugal entre os países mediterrânicos com menos refúgios climáticos

Projeção da Direção-geral do Ambiente da Comissão Europeia considera a Grécia, Chipre e Itália como os países que conseguirão manter mais zonas protegidas dos efeitos das alterações climáticas nos próximos 50 anos.

12 de Outubro de 2022 às 10:02
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 Portugal está no grupo de países europeus mediterrânicos que apresenta os mais baixos níveis de possibilidade de vir a ter refúgios climáticos nos próximos 50 anos, segundo uma nova projeção elaborada pela Direção-geral do Ambiente da Comissão Europeia (DGA-CE).

Os refúgios climáticos são zonas que permanecem relativamente amortecidas dos efeitos das alterações climáticas ao longo do tempo, permitindo-lhes desempenhar um papel vital na salvaguarda da biodiversidade.

As novas investigações identificaram sítios que podem servir de refúgio climático na Europa mediterrânica nas próximas décadas, mas a maioria está localizada fora das áreas protegidas nacionais existentes, o que demonstra "lacunas substanciais na área da proteção relevantes para o planeamento da conservação", salienta a DGA-CE em comunicado.

De acordo com as projeções, a maioria dos refúgios climáticos situa-se na parte oriental da Europa mediterrânica, em média altitude e em habitats altamente acidentados. Foi identificado um número limitado de potenciais refúgios em altitudes mais elevadas. Grécia, Chipre e Itália têm os níveis mais elevados de potenciais refúgios na região mediterrânica europeia, com 52%, 37% e 30% respetivamente. A França e a Croácia terão uma cobertura potencial inferior (22% e 20% respetivamente), enquanto que Portugal, Espanha e Eslovénia terão os níveis mais baixos (10%, 9%, e 0%) de refúgios de biodiversidade no futuro.

Os investigadores compararam também estes resultados com as redes de conservação existentes. Verificaram que apenas 17% da superfície de potenciais refúgios está localizada dentro de áreas protegidas existentes. As maiores lacunas de conservação foram identificadas na Grécia e em Itália, onde apenas 13% e 12%, respetivamente, da área de superfície de refúgios se encontra dentro de áreas protegidas.

Os refúgios climáticos futuros identificados estão geralmente situados em áreas com uma elevada riqueza de espécies arbóreas. Mais concretamente, cerca de 53% estarão localizados em florestas e áreas seminaturais. Quase metade (46%) de toda a área de refúgios projetada está localizada em terrenos atualmente agrícolas, o que poderá limitar as medidas de conservação, devido a potenciais conflitos sobre o uso do solo.

"O clima desempenha um papel importante na determinação da distribuição da biodiversidade no espaço e no tempo. Os efeitos das alterações climáticas na biodiversidade e nos ecossistemas devem, portanto, ser tidos em conta nas estratégias de conservação. A identificação de áreas que possam servir de refúgio climático no futuro é fundamental para a gestão dos impactos das alterações climáticas, uma vez que permite que sejam orientadas para a conservação. No entanto, a identificação dessas áreas pode ser um desafio", refere a DGA-CE.

Os investigadores argumentam que tomar agora medidas para proteger os futuros refúgios climáticos poderia ajudar a limitar os impactos das alterações climáticas na biodiversidade nas regiões de média altitude e montanhosas do Mediterrâneo.

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