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Com a seca que tem afetado o Algarve, que medidas estão a ser preparadas, designadamente ao nível dos consumos da água?
Depois do foco que agora temos nas praias, iremos ao plano para a eficiência hídrica no Algarve, que está virtualmente concluído. Essa é neste momento a região do país, pior do que o Alentejo, onde é evidente o quão estrutural a seca está a ser. Com esse plano é muito evidente o esforço que tem de ser feito para uma utilização da água muito mais racional na agricultura, que é um grande consumidor, e desse plano constará um prazo para que todos os campos de golfe do Algarve venham a ser regados com água reutilizada a partir do tratamento de esgoto.
De que forma?
O Algarve tem duas ETAR (estação de tratamento de águas residuais), inauguradas no ano passado – Portimão e Faro-Olhão –, que estão mesmo preparadas para que o seu esgoto tratado seja utilizado num conjunto vasto de atividades, como a lavagem das ruas por exemplo. Mas também na rega de culturas permanentes e na rega dos campos de golfe.
Acha que as mudanças que tem havido durante esta crise em termos dos circuitos de abastecimentos irão manter-se?
Portugal vai passar a ter, ao nível da produção interna, uma produção mais reorientada para aquilo que são as necessidades de consumo que podem surgir em momentos como este. Um território que protege melhor os seus é um território policultural. Isto é válido nos espaços urbanos, e daí esta necessidade de criar habitação para trazer habitantes para os centros das cidades, e é válido no território rural, onde os circuitos curtos são possíveis de estabelecer se tivermos os produtos da terra de acordo com as suas épocas É muito evidente o valor que os portugueses estão a dar à ruralidade e dessa forma ao território. Acho que há aqui um conjunto de valores que as pessoas tenderão a perpetuar no tempo.