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Arborizar cidades pode evitar um terço das mortes por calor

Estudo levado a cabo pelo Instituto de Barcelona para a Saúde Global realça os benefícios de plantar mais árvores nas cidades para atenuar o impacto das alterações climáticas. As cidades estão, em média, 1,5ºC mais quentes do que as zonas rurais circundantes.

06 de Fevereiro de 2023 às 09:17
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Mais de 4% das mortes nas cidades durante os meses de verão são devidas a ilhas de calor urbanas, e um terço destas mortes poderia ser evitado atingindo uma cobertura arbórea de 30%, de acordo com um estudo de modelação levado a cabo pelo Instituto para a Saúde Global de Barcelona (ISGlobal).

Os resultados do estudo, obtidos com dados de 93 cidades europeias, realçam os "benefícios substanciais" de plantar mais árvores nas cidades para atenuar o impacto das alterações climáticas.

A exposição ao calor foi associada a mortalidade prematura, doenças cardiorrespiratórias e internamentos hospitalares. Isto é particularmente verdade para as ondas de calor, mas também ocorre com temperaturas moderadamente altas no verão.

O estudo destaca que as cidades são especialmente vulneráveis a temperaturas mais elevadas. Menos vegetação, maior densidade populacional e superfícies impermeáveis para edifícios e estradas, incluindo asfalto, levam a uma diferença de temperatura entre a cidade e as áreas circundantes, um fenómeno chamado ilha de calor urbano, refere o ISGlobal em comunicado.

Dado o aquecimento global em curso e o crescimento urbano, espera-se que este efeito se agrave durante as próximas décadas. "As previsões baseadas nas emissões atuais revelam que as doenças e a morte relacionadas com o calor se tornarão num fardo maior para os nossos serviços de saúde nas próximas décadas", afirma a investigadora principal do estudo, Tamara Iungman.

A equipa internacional, liderada por Mark Nieuwenhuijsen, diretor da Iniciativa de Planeamento Urbano, Ambiente e Saúde do ISGlobal, estimou as taxas de mortalidade de residentes com mais de 20 anos em 93 cidades europeias (um total de 57 milhões de habitantes), entre junho e agosto de 2015, e recolheu dados sobre as temperaturas rurais e urbanas diárias de cada cidade.

Primeiro estimaram a mortalidade prematura através da simulação de um cenário hipotético sem ilha de calor urbana. Depois estimaram a redução da temperatura que seria obtida aumentando a cobertura arbórea para 30% e a mortalidade associada que poderia ser evitada. "O nosso objetivo é informar os decisores locais sobre os benefícios da integração de áreas verdes em todos os bairros, a fim de promover ambientes urbanos mais sustentáveis, resistentes e saudáveis", explica Nieuwenhuijsen.

Os resultados mostram que, no período temporal em análise, as cidades foram em média 1,5ºC mais quentes do que as zonas rurais circundantes. No total, 6.700 mortes prematuras podiam ser atribuídas às temperaturas urbanas mais quentes, o que representa 4,3% da mortalidade total durante os meses de verão e 1,8% da mortalidade durante todo o ano. Um terço destas mortes (2.644) poderia ter sido evitado aumentando a cobertura arbórea até 30%, reduzindo assim as temperaturas, sublinha o estudo.

As cidades com as taxas mais elevadas de excesso de calor-mortalidade estavam no sul e no leste da Europa, sendo estas cidades as que mais beneficiaram de um aumento da cobertura arbórea.

"Os nossos resultados também mostram a necessidade de preservar e manter as árvores que já temos, porque são um recurso valioso e leva muito tempo a plantar novas árvores. Não se trata apenas de aumentar as árvores na cidade, trata-se também de como elas são distribuídas", diz Nieuwenhuijsen.

As análises foram feitas com base em 2015 porque os dados populacionais não estavam disponíveis para anos posteriores, mas, como Iungman salienta, o estudo fornece informações valiosas para adaptar as nossas cidades e torná-las mais resistentes ao impacto das alterações climáticas sobre a saúde. "Aqui apenas analisámos o efeito de arrefecimento das árvores, mas tornar as cidades mais verdes tem muitos outros benefícios para a saúde, incluindo uma maior esperança de vida, menos problemas de saúde mental e melhor funcionamento cognitivo", acrescenta.

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