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António Guterres: “Estamos a dirigir-nos para uma catástrofe global”

Novo relatório da ONU conclui que compromissos climáticos assumidos mantêm o mundo na trajetória de aumento da temperatura, entre 2,4 e 2,6°C, até ao final do século.

28 de Outubro de 2022 às 10:33
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O mundo está longe de conseguir limitar o aquecimento global a 1,5°C, conforme assumido no Acordo de Paris, devendo atingir um aumento entre 2,4 e 2,6°C, até ao final do século, segundo o novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP), lançado ontem. "Estamos a dirigir-nos para uma catástrofe global", declarou António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

O "Emissions Gap Report 2022" conclui que os compromissos atualizados desde a COP26, em Glasgow, reduzem em menos de 1% as emissões de gases de efeito estufa (GEE) projetadas para 2030, sendo que é necessária uma redução de 45% para limitar o aquecimento global a 1,5°C.

"A janela para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C está a fechar-se rapidamente. As emissões de gases com efeito de estufa devem ser reduzidas em 45% nesta década. Mas como o relatório confirma, as emissões continuam a ser perigosas e a atingir níveis recorde e continuam a aumentar", acrescentou Guterres no seu comentário ao relatório.

O relatório aponta que a transformação dos setores elétrico, industrial, de transportes e construção civil, bem como dos sistemas alimentar e financeiro, têm de mudar para ajudar a colocar o mundo na trajetória de sucesso, sendo que, para Guterres, "os países do G20 emitem 80% das emissões globais e devem liderar na dinamização dos seus planos climáticos nacionais".

O relatório conclui que, apesar de uma decisão de todos os países na COP26 de fortalecer as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC), o progresso tem sido inadequado. As NDCs apresentadas este ano reduzem em apenas 0,5 gigatoneladas as emissões de GEE, menos de um por cento das emissões globais projetadas em 2030.

Para cumprir as metas do Acordo de Paris, o mundo precisa de uma redução sem precedentes dos gases de efeito estufa durante os próximos oito anos. Estes cortes maciços significam que é necessária uma transformação em grande escala, rápida e sistémica. Guterres volta a frisar a necessidade de apoiar as economias emergentes técnica e financeiramente. "As Parcerias Just Transition Energy estão preparadas para ajudar as economias emergentes fortemente dependentes do carvão a acelerar a sua transição para as energias renováveis. Estas parcerias estão a avançar na Índia, Indonésia, África do Sul e Vietname. Estas coligações de apoio devem ser alargadas a ainda mais países", afirmou o secretário-geral.

A poucos dias de se iniciar a COP27, no Egito, Guterres pede mais ação aos governantes: "Secas, inundações, tempestades e incêndios florestais estão a devastar vidas e meios de subsistência em todo o mundo. As perdas e danos causados pela emergência climática estão a piorar de dia para dia e os compromissos climáticos globais e nacionais estão lamentavelmente a reduzir-se. O fosso de emissões é um subproduto de um fosso de compromissos. É um fosso de promessas, um fosso  de ação. Essa lacuna deve ser preenchida, a começar na 27ª COP27, no Egipto".

 

 

 

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