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O não à paz recoloca a Colômbia na rota da instabilidade

O acordo para um cessar-fogo e o regresso à paz na Colômbia, assinado pelo Presidente do país, Juan Manuel Santos, e pelo líder das FARC, Rodrigo Londoño, foi chumbado num referendo realizado no domingo.

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Perante esta derrota inesperada, as duas partes reiteraram o compromisso de estabelecer a paz depois de uma guerra que já dura há 52 anos.

A pergunta que obviamente se coloca é esta: porque é que o povo colombiano, maioritariamente, recusou o acordo? Valeria Luiselli, no El País, constata que a campanha do não foi impulsionada pelo ex-Presidente do país, Álvaro Uribe, e baseou-se na seguinte lógica: "Os acordos de paz oferecem impunidade em vez de castigar as FARC como elas merecem." A versão vencedora do plebiscito foi o de que o acordo "não assumia que nesta história há bons e maus e que o direito a outorgar perdão só pode ser dado por quem tem de escrever esta história".

No jornal colombiano El Tiempo, Luis Carlos Ávila R., que passou muitos meses a recolher histórias dos elementos das FARC e das suas vítimas, desmonta esta perplexidade e dá uma resposta: "Sempre me gerou curiosidade que tanto vítimas como vitimizadores chegassem sempre a um ponto em comum: não se trata de esquecer, mas sim de deixarmo-nos de culpar, porque sem perdão não há saída, sem reconciliação não há avanço."

Erika Guevara-Rosas, directora da Amnistia Internacional para as Américas, diz que o não no referendo foi uma "oportunidade perdida para a paz e deixa no ar receios quanto ao futuro". "A incerteza que este voto traz pode ter colocado milhões de pessoas na Colômbia, particularmente grupos vulneráveis como indígenas, afrodescendentes e camponeses, em maior risco de sofrer violações dos direitos humanos."



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