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12 de Outubro de 2017 às 09:33

Nem sim nem sopas. A independência de Puigdemont

Carles Puigdemont fez o mais fascinante dos discursos: declarou a independência da Catalunha e, ao mesmo tempo, suspendeu-a. O espaço está agora aberto para Madrid suspender a autonomia.

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As reacções não se fizeram esperar. Rafa Latorre, no El Mundo, opina: "Sobre a tribuna, o presidente Carles Puigdemont derrubou a última fronteira que o separava da autocracia: anunciou que deixava de obedecer inclusive às leis que, ilegitimamente, tinha outorgado a si próprio. Proclamou ao mesmo tempo a independência e a sua derrogação; inventou um mandato popular, assumiu-o e impugnou-o; reconheceu que a Constituição espanhola é um marco democrático e propôs destruir os seus limites." Já Marius Carol, director do catalão La Vanguardia, escreve: "Dificilmente se pode deixar em suspenso algo que não se proclamou. A fórmula 'assumir um mandato', sem estabelecer quando, deixa margem à interpretação. Mariano Rajoy pensou ir à televisão no fim do dia para responder ao desafio, mas depois de reler o discurso preferiu reunir o Conselho de Ministros, onde se poderá aplicar o artigo 155 da Constituição. Isso é o que resulta de o presidente ser jornalista: sabe o valor, e os limites, das palavras, mesmo que por momentos os espectadores da sessão se pareçam com o protagonista de 'El Calmante' de Samuel Beckett, quando dizia: 'Não sei quando morri'."

No El País, Rubén Amón opina: "Não era um bom augúrio que Carles Puigdemont comparecesse no Parlamento vestido de negro. Puigdemont parecia um coveiro, um 'undertaker' do velho oeste. E estava bem escolhida a indumentária porque o presidente ia oficializar o funeral em deferido da democracia. (…) Puigdemont disse 'nim' à independência. (…) Que pode fazer agora Rajoy? Aplicar o artigo 155 ou não aplicá-lo ao mesmo tempo." Resta saber como decorrerão os próximos capítulos desta comédia de enganos.
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