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Burquíni, laicicismo ou preconceito?

A política francesa anda ao rubro por causa de um fato de banho. O burquíni é um atentado ao laicicismo francês e à segurança do Estado? Uma violação dos direitos de igualdade da mulher ou da liberdade individual? Racismo?

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A questão é fracturante até dentro do Governo francês. Najat Vallaud-Belkacem, ministra da Educação Nacional, diz que o caso se tornou uma "deriva política perigosa para a coesão nacional". "É um problema, porque levanta a questão das nossas liberdades individuais: até onde é que vamos verificar se uma prática é conforme aos bons costumes?" Declarações em desafio a Manuel Valls, que levaram o primeiro-ministro a contrariá-la publicamente.

O burquíni é usado como bandeira da preservação da identidade francesa. Quem deve ceder, os franceses ou os muçulmanos em França? O sociólogo Mathieu Bock-Côté, não hesita: "É preciso forçar o Islão a adoptar os hábitos do mundo ocidental. Uma pedagogia compreensiva não será suficiente: convém, de uma maneira ou de outra, lembrar que a civilização ocidental não é opcional no Ocidente e que a cultura francesa não é opcional em França. Só assim poderá emergir um islão de cultura francesa".

Mas não será esta "fatah" contra o burquíni um sintoma de uma sociedade onde cresce a intolerância, aprisionada pelo medo? A imprensa francesa acha que se foi longe de mais. O Le Parisien pergunta, em editorial, "Será que não estamos a ficar loucos?".

"Banir as burqas e outras medidas das autoridades europeias que têm como alvo o islão, são superficiais e contraproducentes, uma vez que criam divisões na sociedade europeia, ao mesmo tempo que deixam intactos os fundamentos ideológicos do terrorismo", escreve Brahma Chellaney, professor do Centro de Estudos Estratégicos de Nova Deli. Proibir o burquíni é ajudar os terroristas.


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