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A Europa não pode dar lições de realismo

Compromisso é a palavra mais repetida pelos governos europeus em relação ao seu novo par subversivo e às suas intenções. Acontece que Alexis Tsipras tem outro compromisso com aqueles que o elegeram, com um mandato eleitoral bastante claro em relação à dívida e às políticas de austeridade.

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Bom ou mau, o programa que Alexis Tsipras quer aplicar na Grécia tem mais legitimidade do que o programa que lhes foi aplicado à força pelas instituições europeias e reproduzido, com pequenas variantes, nos vários países intervencionados, entre os quais Portugal, com resultados pouco satisfatórios. Retirem-se as medidas que o BCE começou a tomar no pico da crise e haveria agora muitas mais Grécias espalhadas pela Zona Euro. 

 

Fala-se do irrealismo do programa do Syriza como se o programa de ajustamento grego (e já agora o português), com as suas mirabolantes metas, tivesse algum dia sido realista. Acusa-se o Governo grego de egoísmo e de só pensar nos seus interesses, como se os alemães e restantes europeus legitimamente não defendessem os seus interesses. Passos Coelho compara as ideias de Tsipras às de um "conto de crianças", esquecendo o conto do vigário que ele próprio contou aos portugueses no seu programa eleitoral.

 

A escolha dos gregos nas eleições de domingo foi feita à beira do precipício. Em vez de se agarrarem aos pedregulhos da Acrópole, decidiram atravessar o precipício sobre uma corda sem rede por baixo levados por um misto de desespero e orgulho. Nunca conseguirão tudo o que querem, mas já começaram a travessia. E fazem-na de cabeça erguida e isso merece todo o respeito.

 

Editor de Economia

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