Opinião
Teorias da conspiração
Na política portuguesa semeiam-se tantas teorias da conspiração que, no fim, as que se colhem apenas servem os interesses do poder. Elas permitem aos poderes transpirarem e libertar-se de alguns vírus duvidosos. As mais tenebrosas teorias da conspiração s
Tomemos um exemplo: Fátima Felgueiras é arguida em tantos casos, que de vez em quando uns são arquivados enquanto surgem outros. Os processos de Fátima Felgueiras são o verdadeiro “saco azul” do país das teorias da conspiração: de tantas acusações daqui a uns anos já ninguém se lembrará do que ela era acusada. Outro exemplo: face ao burburinho por causa da Ota, o Governo recebeu de braços abertos um estudo independente e instruiu uma entidade (o LNEC) para demonstrar que está aberto à discussão. O Governo atira assim para o ar a sua própria teoria da conspiração. O burburinho esvai-se, o LNEC tem seis meses para estudar a alternativa à Ota e, desses, só ao fim de mês e meio o Ministério da Defesa diz que Alcochete é possível. Mas com muitos “ses”. É assim a teoria da conspiração montada pelo Governo para louvar a Ota: queimar com “napalm” a oposição à sua tese, sob o disfarce de debate. Para que a teoria da conspiração passe só faltará que Mário Lino seja removido do Governo em Janeiro e surja um novo ministro a que se dê o benefício da dúvida. Esse poderá dizer quea Ota já vinha de trás e não há tempo para voltar à discussão. Como teoria da conspiração o Governo pode aproveitá-la.
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