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05 de Março de 2008 às 13:59

Obama esta manhã

Em termos políticos Hillary só pode manter-se na campanha caso tenha vencido no Texas e também no Ohio para, então, reivindicar vitórias em grandes estados que, como Nova Iorque, Califórnia e Nova Jersey, serão fulcrais para a votação de Novembro contra J

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Obama esta manhã

À partida a vantagem de Barack Obama era incontestável e só vitórias de Hillary Clinton no Texas e no Ohio por margens superiores a 40 por cento poderiam levar a antiga primeira-dama a ultrapassar o senador do Illinois na contagem de delegados.

As escassas margens de favoritismo de qualquer dos candidatos nas sondagens, a proporcionalidade na atribuição de delegados e o facto de as votações nos principais estados, Texas e Ohio, serem abertas a independentes e republicanos implicavam que a mera partilha dos 370 mandatos em disputa não resolvesse a nomeação democrata.

Barack partia com 1385 delegados, após vitórias em 23 estados e 11 triunfos consecutivos, enquanto Hillary contava com 1276 delegados e 13 estados. A aritmética impedia que algum dos candidatos obtivesse uma maioria incontornável antes das próximas votações que atribuirão 611 delegados.

De resto, as votações que ainda faltam até Junho nunca dariam uma maioria de delegados a Hillary mesmo que fossem averbados os mandatos anulados da Florida e Michigan por desrespeito ao calendário estabelecido pelo Comité Nacional Democrata.  

A nomeação implica o apoio de 2025 delegados na convenção nacional em Denver e, consequentemente, uma maioria de votos por parte dos 796 superdelegados a favor de um dos candidatos. Até à votação de terça-feira cerca de metade dos notáveis do partido ainda não tinha definido a sua orientação de voto e a vantagem de Hillary entre os superdelegados tinha tendência para esvair-se a favor de Obama.
            
Quando desiste Hillary?
 
A Hillary restava, portanto, quebrar o ímpeto da campanha de Obama com pelo menos uma vitória em termos de votos expressos, ainda que conseguisse um número menor de delegados, no Texas (228 mandatos) ou no Ohio (141 mandatos).

Caso a senadora de Nova Iorque tenha falhado a vitória no Texas por curta margem, devido ao regulamento que permite votar em primárias e repetir a votação em caucuses para atribuir um terço dos mandatos, resta-lhe invocar que este sistema misto favoreceu desproporcionalmente Obama.

O argumento de Hillary só será, no entanto, aceitável pelo establishment democrata se averbar uma vitória significativa no Ohio (estado que oscila entre republicanos e democratas e em que George W. Bush teve dificuldade em bater John Kerry em 2004) e em Rhode Island onde as sondagens lhe davam vantagem apesar de perder em Vermont, dado por adquirido para Obama.

Em termos políticos Hillary só pode manter-se na campanha caso tenha vencido no Texas e também no Ohio para, então, reivindicar vitórias em grandes estados que, como Nova Iorque, Califórnia e Nova Jersey, serão fulcrais para a votação de Novembro contra John McCain.

Para Obama vitórias no Ohio e no Texas seriam garantia da nomeação, mas mesmo o triunfo em apenas um destes estados poderá ter sido suficiente para manter o ímpeto ganhador e assegurar a investidura.

Caso Obama tenha ganho Texas ou Ohio e Hillary não se retire imediatamente da corrida os notáveis do partido tornarão claro à senadora que prolongar a disputa na esperança de uma vitória dentro de sete semanas na Pensilvânia para arrastar a corrida até à última votação em Junho em Puerto Rico e, posteriormente, tornar a convenção de Denver num imbróglio de controvérsias jurídicas e compitas pelo voto dos superdelegados equivale a suicídio político.

Do lado democrata é isto que será título esta quarta-feira: Hillary devastada ou Hillary persiste, apesar da vantagem de Obama.

Em qualquer dos casos as atenções vão incidir de imediato sobre as dificuldades que Obama tenha tido em captar votos de hispanos, mulheres e eleitores de baixos rendimentos. Colmatar essas falhas será essencial para o processo de escolha do parceiro ou parceira de Obama como candidato a vice-presidente.   

Do discurso de vitória de John McCain, que terá assegurado os 1191 delegados para a investidura republicana, afastando de vez Mike Huckabee, o interessante será confirmar se o senador do Arizona continuará a assestar as críticas contra Obama na base da inexperiência do candidato democrata, das suas declarações equívocas sobre proteccionismo e comércio livre, ou se ensaiará avançar com propostas novas na arrancada para a votação de 4 de Novembro, sobretudo em matéria de saúde e reforma fiscal, dois dos principais défices da campanha conservadora.

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