A peregrina ideia de pensar que Portugal é um sítio digital, onde cada português tem uma extensão da Internet num neurónio e um telemóvel ligado ao outro, tem fiéis seguidores no Governo. Mas, claro, não passa de um sonho. Que se transforma num pesadelo cada vez que se tenta passar esse delírio à prática. A ministra Helena André deve saltitar de alegria sempre que chega junto a José Sócrates e lhe mostra que poupou mais uns míseros milhões de euros. É claro que entretanto já mudou a placa à entrada do seu ministério. Agora lê-se lá: do Desemprego e da Inexistência Social. Mas como este Governo é o mais intrépido defensor, no mundo ocidental, do Estado social, já nada nos admira. O que surpreende é a forma catastrófica como foi alinhavada a forma de fazer baixar os custos das prestações sociais. Há um desvario completo em certos subsídios inventados nos últimos anos. Nunca houve controle do disparate. Agora, como é típico entre nós, resolve-se o problema com os pés. Ao pretender que mais de milhão e meio de cidadãos fizessem prova, através da Internet, dos seus rendimentos, o Governo estava a organizar o caos que se observa dos centros de Segurança Social. Com isso
já se perderam milhares de horas de trabalho e mais se vão perder, o que é sempre bom para a produtividade nacional. O Governo não sabe, ou não quer, actuar na prevenção dos delírios eleitorais que criou. Agora despacha o problema para os serviços. Este Governo não governa. Vive no mundo das falsas realidades. No Matrix.