Opinião
O cartão único
Ninguém tem uma bola de cristal para ver o futuro. O Governo, aparentemente, quer criar um cartão transparente para ver o presente de todos os portugueses. Isto é, quer tornar-se um Big Brother capaz de velar pelos pecados dos portugueses. Tudo em louvor
Tudo em nome da luta contra a fraude. Tudo a favor da eficiência. Cada português, segundo o Governo, poderá ser sintetizado num cartão. Pessoal e intransmissível, presume-se. Os portugueses vão transformar-se num cartão, em nome da tecnologia e da eficiência. Isto não é um choque tecnológico. É um xeque-mate tecnológico à liberdade. A oposição, pelos vistos, está distraída a pensar em coisas mais importantes. Os cidadãos vão ser bombardeados com a eficiência deste novo sistema, estilo «já viram, em vez de terem vários cartões, terão apenas um»? A perversidade desta medida é tremenda. Um Governo socialista está a adoptar a sovietização do país. Em nome da tecnologia. Alguém pode vir a controlar tudo. Um funcionário anónimo. E que alguém, acima dele, conduz como uma marioneta. Seria bom que o Governo explicasse a bondade desta medida, num país onde se fazem escutas sem aparente controlo de quem quer que seja. Para que, quando adquirirmos esse cartão, não estejamos a eleger o Big Brother.
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