Opinião
Competitividade fiscal
"Contratar portugueses não está fácil". A frase poderia ter sido dita por algum empresário ou gestor, a propósito da falta de mão-de-obra qualificada. Mas foi dita pelo treinador do Sporting, comentando a saída de Ricardo (que terá ficado a dever-se, tamb
Deve ter sido uma das frases mais interessantes dita por alguém do mundo do futebol, além de uma lufada de ar fresco no debate futebolístico (limitado à cor dos apitos). Ela mostra três coisas: primeiro, que a Administração Fiscal está efectivamente a alargar a base tributária (até já chega ao futebol, reduto onde durante muito tempo vigorou total impunidade fiscal); segundo, é um alerta para os efeitos do peso asfixiante dos impostos. Como disse Paulo Bento, os clubes portugueses podem ficar em desvantagem face aos de outros países (neste, como noutros sectores, o esforço fiscal está a atingir níveis insustentáveis). Em terceiro, a observação tem um alcance maior do que parece. Porque é um sinal de que a perda de competitividade fiscal atinge já toda a economia. Há empresas e profissionais a saírem do país para não pagarem tantos impostos; e há quem trabalhe, hoje, menos porque a factura fiscal desencoraja rendimentos elevados. Há uma forma de acabar com isto: pôr o Estado a dieta. Mas os portugueses acham que se pode ter sol na eira e chuva no nabal?