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Opinião
22 de Janeiro de 2010 às 11:39

A esquina do Rio

Em declarações à Bloomberg, o antigo ministro da Economia, Augusto Mateus, defendeu que alguns municípios deviam proceder à demolição dos estádios construídos para o Euro 2004 já que "é muito difícil lidar com dívidas de algo que não cria riqueza...

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DESPERDÍCIOS - Em declarações à Bloomberg, o antigo ministro da Economia, Augusto Mateus, defendeu que alguns municípios deviam proceder à demolição dos estádios construídos para o Euro 2004 já que "é muito difícil lidar com dívidas de algo que não cria riqueza nem representa um bem público". Como a memória é parte da política, recordo que o actual primeiro-ministro, José Sócrates, foi o responsável pela condução do processo que levou a que o Euro viesse para Portugal, o que implicou um programa megalómano de construção dos estádios, que arruinou vários clubes e, também, alguns municípios - e que agora se prova ser um enorme desperdício. Os estádios que causam maiores impactos negativos nos respectivos municípios são os de Aveiro, Leiria e Faro. Ponham isto no curriculum de Sócrates, na secção Obras Públicas - também nessa altura se argumentou muito com o efeito positivo que o Euro e os estádios teriam.

PRESIDENCIAIS - Manuel Alegre, o responsável pela decisão governamental de acabar com o jornal "O Século" e o seu grupo editorial em 1979, é, para já, o candidato do Bloco de Esquerda; Vitalino Canas, do PS, deu a entender que não seria o seu candidato; Francisco Assis, do PS, deu a entender que Manuel Alegre seria o seu candidato; Marco António, do PSD, deu a entender que Marcelo Rebelo de Sousa poderia ser candidato à Presidência da República; O presidente da ERC mostrou-se contrário à saída de Marcelo Rebelo de Sousa da RTP, depois de o director de informação desta estação ter declarado que era por instruções da ERC que Marcelo teria de deixar o seu comentário dominical.

LISBOA - Esta semana assisti, na Assembleia Municipal, à apresentação da Carta Estratégica de Lisboa. Confirmei o que suspeitava: excepção feita à área a cargo de Augusto Mateus, o resto é um documento propagandístico cheio de banalidades e de sugestões avulsas mais ou menos de senso comum, quase nunca surpreendentes, extremamente pouco inovadoras e muito embaladas pelas ideias politicamente correctas mais em voga. Trata-se de um bom levantamento de problemas - até aí concordo - mas de um fraco trabalho de apresentação de propostas ou de formulação de uma estratégia. Qualquer empresa de consultoria ficaria envergonhada se, após tanto tempo, apresentasse um resultado destes. Na realidade, em matéria de perspectivas e de futuro, o documento é de uma pobreza confrangedora. Na realidade, na maioria dos casos, não se trata de uma Carta Estratégica, mas de um "Inventário de Problemas".

HOT CLUBE - Hoje completa-se um mês sobre o incêndio que fez interromper a actividade do Hot Clube, na Praça da Alegria. Ao fim deste mês ainda não se conhece uma solução (estou a escrever este artigo na quarta-feira à noite, dia 20). Eu acho que nesta questão tem de existir bom senso e realismo. Se a questão mais importante for proporcionar o rápido retomar das actividades do Hot (concertos incluídos), a prioridade é encontrar um espaço com área semelhante, condições técnicas razoáveis e localização e acessos simpáticos. Já se sabe que poderá não ser uma solução definitiva, mas também é evidente que a questão da recuperação do prédio vai demorar uns anos a concluir. O bom senso - quer da Direcção do Hot, quer da CML, mandaria que se procurasse uma solução rápida. Se cada um se entricheira no ideal (como me parece que está a acontecer), o Hot vai acabar por se esvair - e vai ficar apenas a alimentar as memórias dos saudosistas. O conservadorismo em relação a tradições e locais é mau conselheiro. O bom é inimigo do óptimo - eu acho que havia já tempo para se ter escolhido um local que, depois, em dois meses, ficasse pronto para funcionar. Mas pelos vistos ligou-se o complicómetro…

FILMES - Segundo números do Instituto do Cinema e do Audiovisual, dos 20 filmes mais vistos em 2009, apenas quatro tem participações na produção de países europeus e nenhum é português. O filme mais visto foi "A Idade do Gelo 3", com 667.551 espectadores, e o vigésimo foi "A Troca", com 188.611. Em comparação com o ano anterior verificou-se uma diminuição de espectadores de 1,9%, sendo o número final de 15,6 milhões de bilhetes vendidos. O mês com melhores resultados foi Dezembro. Dos 20 filmes mais vistos, todos estrangeiros, 18 tiveram mais que 200 mil espectadores. Passemos à produção nacional - o filme mais visto entre as 22 longas-metragens portuguesas estreadas, foi "Uma Aventura Na Casa Assombrada", com 102.309 espectadores. Destes 22 filmes portugueses, 13 tiveram menos que três mil bilhetes vendidos e apenas cinco mais de 10 mil espectadores. Aqui estão alguns números que devem fazer pensar - um país sem uma produção audiovisual massificada é um país sem idioma vivo nos tempos que correm - o resto é pura conversa da treta. Uma curiosidade - até ao início desta semana "Avatar", estreado em Dezembro, já era recordista de bilheteira em Portugal, com um total 672.133 entradas. Enfim…

VER - Para assinalar o seu 450º aniversário, a Universidade de Évora resolveu convidar o colectivo de fotojornalistas da agência Kameraphoto para mostrar a realidade da Universidade, nas suas várias áreas, nos dias de hoje. O trabalho dos 13 fotojornalistas que trabalharam no projecto, ao longo de um ano lectivo inteiro, resultou em 170 fotografias e também num documentário em vídeo - este é um trabalho exemplar, de que resultou uma exposição e um livro, ambos do ano passado. É um dos raros casos de uma encomenda séria de um ensaio fotográfico, ao que sei com total liberdade para os fotógrafos envolvidos poderem trabalhar e aceder onde quisessem. Fazem falta mais obras assim, mais ideias assim, mais encomendas assim. Talvez algumas das muitas Fundações que existem em Portugal pudessem tomar este exemplo e adaptá-lo. A (boa) edição é da Reitoria da Universidade de Évora. Espreitem www.kameraphoto.com/ 450/

OUVIR - Um quarteto tradicional (Jon Irabagon no saxofone, Kenny Barron no piano, Rufus Reid no baixo e Victor Lewis na bateria) mostra como é possível conciliar melodias acessíveis e tonalidades jazzisticas clássicas, com interpretações de uma clara sonoridade contemporânea. Os dez temas são todos compostos por Jon Irabagon, o vencedor de 2008 da Thelonious Monk Institute International Jazz Saxophone Competition. Aqui está um músico a seguir, com um dos discos recentes a ter em conta. CD Concorde/Universal Music, "The Observer", Jon Irabagon, disponível na Fnac.

BACK TO BASICS - Na política nada é tão útil como uma memória curta - John Kenneth Galbraith

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