Opinião
A esquina do Rio
Mais uma vez o PSD coloca a privatização da RTP na sua agenda - já o fez antes e acabou por recuar quando percebeu a realidade do sector. Na maioria dos países ocidentais existem diversas formas de serviço público de televisão - os modelos são...
PRIVATIZAR A RTP - Mais uma vez o PSD coloca a privatização da RTP na sua agenda - já o fez antes e acabou por recuar quando percebeu a realidade do sector. Na maioria dos países ocidentais existem diversas formas de serviço público de televisão - os modelos são variáveis, mas existem, dos Estados Unidos à Suécia, passando pelo Canadá ou a Holanda. Continuo a pensar que mesmo nas economias mais liberais se justifica um serviço público de rádio e de televisão, com obrigações bem definidas, sem recurso ao mercado publicitário e que esteja inserido numa estratégia de desenvolvimento do tecido industrial privado na produção audiovisual. A existência de uma produção audiovisual minimamente dinâmica (além de criadora de emprego e interessante do ponto de vista da actividade económica) é condição fundamental para a preservação do português enquanto língua viva - se o nosso idioma não existir sob a forma audiovisual no universo digital está condenada a ser uma espécie em vias de extinção. Parte do desenvolvimento desta indústria, ainda nesta altura - nomeadamente na área dos documentários e nalgumas áreas da ficção - passa precisamente pelo serviço público. O problema, há muito levantado, está no incumprimento das obrigações do serviço público, incumprimento justificado em boa parte porque a RTP concorre na disputa de audiências e do mercado publicitário. É possível que partes da actual RTP possam e devam ser privatizadas - inclusive frequências (e tendo em conta o que serão as alterações produzidas pelas licenças de Televisão Digital Terrestre e pela distribuição de conteúdos de TV via Internet). Mas no contexto actual é muito duvidoso que existam interessados numa privatização da RTP, com o que ela é hoje em dia, com o passivo e estrutura que tem. E nem seria seguro que essa seria a melhor solução para a consolidação dos canais privados que existem… Resumo: a questão não é privatizar a RTP, é alterar o seu modelo de funcionamento no mercado publicitário.
TV - Um recente estudo norte-americano indica que, em 2013, cerca de 55% de todos os modelos de receptores de televisão fabricados terão capacidade de ligação à Internet, contra os 18% actuais. O mesmo estudo sublinha que num futuro próximo todos os conteúdos audiovisuais estarão disponíveis via Internet, que será a principal plataforma de distribuição, sendo de prever uma competição directa com os modelos de distribuição em sinal aberto e por cabo.
FOLHEAR 1 - Na "Wired" americana de Abril um belo artigo - "Rise Of the Machines - How tablets will change the world" - mais do que uma maquineta, os tablets, da Apple ou de outras marcas, serão a plataforma individual de consumo de conteúdos.
FOLHEAR 2 - Na "Monocle" de Abril uma edição dedicada às melhores lojas, à arte da venda, de livros à comida, passando pela moda. Dossiês sobre o novo design brasileiro, em São Paulo, e sobre a cidade convidada desta edição - Seul.
LER - A editora Tinta da China vem publicando uma deliciosa colecção de livros de viagem, com direcção editorial de Carlos Vaz Marques. A mais recente edição da colecção é "Nova Iorque", um "excepcional e engenhoso monólogo… tão emotivo quanto humorístico sobre a cidade de Nova Iorque que o autor considera o lugar mais fascinante do mundo" - nas palavras do prefácio de Enrique Vila-Mata ao livro do irlandês Brendan Behan, um autor até aqui inédito em Portugal. A lenda reza que este livro foi escrito num corredor do Chelsea Hotel, no andar onde vivera Dylan Thomas. "Depois de ter estado em Nova Iorque, qualquer pessoa que regresse a casa dar-se-á conta de que o seu lugar de origem é bastante escuro". Apesar de a tradução ser menos feliz que a de outros volumes desta colecção, "Nova Iorque" é um belíssimo exemplo de um livro sobre uma cidade - melhor dizendo, sobre a experiência de descoberta e de vida numa cidade que nunca pára.
VER - Cada vez mais a "Egoísta" é um prazer para a vista - na realidade é muito mais feita para ser vista do que para ser lida. Claro que a paginação e o trabalho gráfico ajudam a que os textos também desempenhem um papel visual, que às vezes até se sobrepõe à sua leitura. Destaque nesta edição (que tem capa em 3D e inclui os necessários óculos bicolores) e que é integralmente dedicada ao Oriente, para as fotografias de José Maçãs de Carvalho, de Cláudia Cristóvão, de Filipe Casaca, de António Júlio Duarte e de Paula Oudman; destaque ainda para as ilustrações de Pedro Proença e a pintura de Anna Muzi Falconi; finalmente para os textos de Carlos Vaz Marques, João Tordo, Gonçalo M. Tavares e Ricardo Adolfo. Patrícia Reis, a directora da "Egoísta", continua a surpreender mesmo ao fim de 10 anos.
OUVIR - "Valleys Of Neptune" é uma colecção de gravações até aqui inéditas de Jimi Hendrix, feitas ao longo de 1969, depois do êxito obtido com o álbum "Electric Ladyland". 1969 foi um ano decisivo para o desenvolvimento do conceito musical que Hendrix queria aprofundar e o trabalho em estúdio, primeiro em Londres e depois em Nova York mostra as linhas experimentais que ele queria seguir. O folheto que acompanha esta edição conta detalhadamente toda a historia destes registos, 12 canções - das quais 10 da autoria do próprio Hendrix, uma fantástica versão de "Sunshine Of Your Love" (dos Cream) e outra de "Bleeding Heart", de Elmore James. Destaque para "Hear My Train A Comin'", para o injustamente esquecido "Stoine Free", que era o lado B de "Hey Joe", aqui numa nova versão e "Crying Blue Rain". Mas toda esta colecção é magnífica, com soberbas interpretações de Hendrix, mostrando a sua superioridade e o seu lugar como um dos grandes guitarristas da história do rock. Uma sonoridade única.
PETISCAR - Há muitos anos que não ia ao restaurante Frascati, um pioneiro na comida italiana, pizzas incluídas, em Lisboa. Por estes dias lá regressei e fiquei cliente. Belíssimos raviolis de trufas e cogumelos e uns impecáveis escalopes à milanesa. Vinho a copo honestíssimo (Cerejeiras), conta simpática, mesas amplas, serviço impecável. Rua Padre António Vieira 12, junto ao liceu Maria Amália, telefone 213882282.
BACK TO BASICS - Uma mentira dá uma volta inteira ao mundo antes mesmo de a verdade ter oportunidade de se vestir - Winston Churchill
www.twitter.com/mfalcao
mfalcao@gmail.com
www.aesquinadorio.blogs.sapo.pt
TV - Um recente estudo norte-americano indica que, em 2013, cerca de 55% de todos os modelos de receptores de televisão fabricados terão capacidade de ligação à Internet, contra os 18% actuais. O mesmo estudo sublinha que num futuro próximo todos os conteúdos audiovisuais estarão disponíveis via Internet, que será a principal plataforma de distribuição, sendo de prever uma competição directa com os modelos de distribuição em sinal aberto e por cabo.
FOLHEAR 2 - Na "Monocle" de Abril uma edição dedicada às melhores lojas, à arte da venda, de livros à comida, passando pela moda. Dossiês sobre o novo design brasileiro, em São Paulo, e sobre a cidade convidada desta edição - Seul.
LER - A editora Tinta da China vem publicando uma deliciosa colecção de livros de viagem, com direcção editorial de Carlos Vaz Marques. A mais recente edição da colecção é "Nova Iorque", um "excepcional e engenhoso monólogo… tão emotivo quanto humorístico sobre a cidade de Nova Iorque que o autor considera o lugar mais fascinante do mundo" - nas palavras do prefácio de Enrique Vila-Mata ao livro do irlandês Brendan Behan, um autor até aqui inédito em Portugal. A lenda reza que este livro foi escrito num corredor do Chelsea Hotel, no andar onde vivera Dylan Thomas. "Depois de ter estado em Nova Iorque, qualquer pessoa que regresse a casa dar-se-á conta de que o seu lugar de origem é bastante escuro". Apesar de a tradução ser menos feliz que a de outros volumes desta colecção, "Nova Iorque" é um belíssimo exemplo de um livro sobre uma cidade - melhor dizendo, sobre a experiência de descoberta e de vida numa cidade que nunca pára.
VER - Cada vez mais a "Egoísta" é um prazer para a vista - na realidade é muito mais feita para ser vista do que para ser lida. Claro que a paginação e o trabalho gráfico ajudam a que os textos também desempenhem um papel visual, que às vezes até se sobrepõe à sua leitura. Destaque nesta edição (que tem capa em 3D e inclui os necessários óculos bicolores) e que é integralmente dedicada ao Oriente, para as fotografias de José Maçãs de Carvalho, de Cláudia Cristóvão, de Filipe Casaca, de António Júlio Duarte e de Paula Oudman; destaque ainda para as ilustrações de Pedro Proença e a pintura de Anna Muzi Falconi; finalmente para os textos de Carlos Vaz Marques, João Tordo, Gonçalo M. Tavares e Ricardo Adolfo. Patrícia Reis, a directora da "Egoísta", continua a surpreender mesmo ao fim de 10 anos.
OUVIR - "Valleys Of Neptune" é uma colecção de gravações até aqui inéditas de Jimi Hendrix, feitas ao longo de 1969, depois do êxito obtido com o álbum "Electric Ladyland". 1969 foi um ano decisivo para o desenvolvimento do conceito musical que Hendrix queria aprofundar e o trabalho em estúdio, primeiro em Londres e depois em Nova York mostra as linhas experimentais que ele queria seguir. O folheto que acompanha esta edição conta detalhadamente toda a historia destes registos, 12 canções - das quais 10 da autoria do próprio Hendrix, uma fantástica versão de "Sunshine Of Your Love" (dos Cream) e outra de "Bleeding Heart", de Elmore James. Destaque para "Hear My Train A Comin'", para o injustamente esquecido "Stoine Free", que era o lado B de "Hey Joe", aqui numa nova versão e "Crying Blue Rain". Mas toda esta colecção é magnífica, com soberbas interpretações de Hendrix, mostrando a sua superioridade e o seu lugar como um dos grandes guitarristas da história do rock. Uma sonoridade única.
PETISCAR - Há muitos anos que não ia ao restaurante Frascati, um pioneiro na comida italiana, pizzas incluídas, em Lisboa. Por estes dias lá regressei e fiquei cliente. Belíssimos raviolis de trufas e cogumelos e uns impecáveis escalopes à milanesa. Vinho a copo honestíssimo (Cerejeiras), conta simpática, mesas amplas, serviço impecável. Rua Padre António Vieira 12, junto ao liceu Maria Amália, telefone 213882282.
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