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Resistindo à tentação

Muitos acreditam que a vida dos "traders" é uma corrida contra o tempo diária, onde o botão de comprar e vender é accionado a toda a hora. O filme "O lobo de Wall Street" veio enfatizar ainda mais a vida louca dos "traders" com drogas, camiões de notas e curvas femininas a multiplicarem-se.

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(comente aqui o artigo de Ulisses Pereira)

"After spending many years in Wall Street and after making and losing millions of dollars I want to tell you this:  It never was my thinking that made the big money for me. It always was my sitting. Got that? My sitting tight!"

Jesse Livermore

 

Muitos acreditam que a vida dos "traders" é uma corrida contra o tempo diária, onde o botão de comprar e vender é accionado a toda a hora. O filme "O lobo de Wall Street" veio enfatizar ainda mais a vida louca dos "traders" com drogas, camiões de notas e curvas femininas a multiplicarem-se. Não digo que o mundo dos mercados não é feito de adrenalina, pressão e stress mas, na grande maioria do tempo, não se passa nada de relevante. A vida real é diferente dos filmes e dos argumentos que vendem bilhetes. E, muitas vezes, feita de um longo bocejo.

Muito pouco tem acontecido na Bolsa portuguesa nas últimas semanas. O mercado está adormecido, sem emoção, sem volatilidade, sem volume e sem direcção. O que fazer nestas alturas? Nada. A resposta parece simplista, redutora e pouco entusiasmante mas é realista. Quanto mais falo e trabalho com pequenos investidores mais me apercebo que estes períodos de reduzida volatilidade e lateralização provocam estragos nas carteiras quando nem sequer as deviam afectar.


Qual o maior erro que os investidores cometem nesta altura? Negociar. A tentação de entender uma pequena subida ou descida como um indício de um movimento maior faz com que os investidores não consigam resistir à tentação de clickarem e darem ordens de compra e de venda. Quando um ou dois dias depois percebem que foi mais um falso movimento, acabam por fazer a operação oposta, com perdas.


Mas um investidor não deve fazer nada nestes períodos letárgicos? Deve sim. Analisar, estudar, descobrir padrões de erro nos seus negócios, perceber quais as situações que mais lhe têm sido favoráveis e pesquisar oportunidades futuras. Bem sei que é mais entusiasmante olhar para o ecrã das cotações e ver o verde e o vermelho a encherem o ecrã como fogo-de-artifício que quase hipnotiza, mas nestes períodos esse é tempo que pode ser aproveitado em algo muito mais produtivo. É esta a vida real de um investidor.


Nestes períodos, os analistas inventam temas, procuram descobrir factos novos em migalhas e ver a "big picture" numa janela com as persianas corridas. Vou resistir a essa tentação, mas para a semana irei mesmo fazer o ponto da situação deste "Bull Market", antes de uma pausa para férias. A pouca acção das últimas semanas faz com que este seja um mercado frustrante para analistas, jornalistas e investidores. Mas estes últimos têm um privilégio que os primeiros dois não têm - ficarem de braços cruzados, sem nada fazer, pacientemente esperando pelo seu momento. Parece simples, mas muitos não o conseguem fazer. É sempre difícil resistir à tentação. 

A acção portuguesa que multiplicou por 20 o seu valor

A Corticeira Amorim é uma acção que raramente analiso devido ao seu fraco volume. Mas a sua presença no PSI20 faz com que seja importante olhar para um dos títulos com melhor desempenho na Bolsa portuguesa nos últimos anos.

Poucos imaginarão que a Corticeira Amorim multiplicou por 20 o seu valor em Bolsa entre 2009 e 2017. A acção teve um desempenho verdadeiramente notável e é uma boa resposta a todos aqueles que dizem que este género de fenómenos não acontece na Bolsa portuguesa, fadada a valorizações modestas e pouco relevantes.


Uma vez mais, um novo máximo histórico estabelecido em 2014 a 2,88 foi um robusto sinal de força e não um sinal de perigo como errada e teimosamente é visto pela maior parte dos pequenos investidores. Quem tem resistido à tentação de vender e deixado correr os ganhos tem conseguido um resultado extraordinário.


A acção corrigiu desde o máximo alcançado em Junho do ano passado. O que devem fazer os investidores que ainda detenham acções em carteira? Deixar correr os ganhos é uma das regras fundamentais para se ganhar dinheiro em Bolsa, mas quando se sabe que é a altura de lhe colocar um travão? No caso da Corticeira, creio que o grande sinal seria a quebra da zona de suporte nos 9,7 euros. Aí sim, creio que seria altura de largar uma acção que tantas alegrias tem dado.


Para alguns, vender uma acção depois dela cair 30% não faz sentido, mas se o critério fosse mais apertado já teriam sido vendidas há muito mais tempo. A Corticeira é um excelente exemplo de como contrariar a tendência é um pecado fatal. Um dia os ursos voltarão ao comando da acção mas quem tentou antecipar isso nos últimos 8 anos tem sido esmagado por um dos mais duradouros e poderosos "Bull Markets" da Bolsa portuguesa.

 

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A Dif Broker é um intermediário financeiro registado na CMVM para a prestação de consultoria financeira podendo, nesse âmbito, prestar recomendações personalizadas de investimento. Nem Ulisses Pereira, nem os seus clientes, nem a DIF Brokers têm posição nos activos por ele analisados.

 

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