Opinião
Uma portuguesa na Terra do Fogo (1)
O mundo vive momentos trágicos com a crise na Síria e com a aparente impotência das várias potências mundiais em contribuírem para a rápida resolução desta terrível encruzilhada de interesses em que diariamente são ceifadas as vidas de milhares de inocentes.
Nos dias 29 e 30 de setembro terá lugar em Baku, no Azerbaijão, o V Baku International Humanitarian Forum(2).
A discussão faz-se através de mesas-redondas em que todos, participantes, moderadores e público, têm a oportunidade de interagir e dar o seu contributo direto através do estabelecimento de diálogo com os palestrantes e dum contributo efetivo nas conclusões finais que serão vertidas na Declaração de Baku.
Serei moderadora na mesa-redonda que irá discutir os "Different Models of Multiculturalism: from Theory to Humanitarian Practice".
O mundo vive momentos trágicos com a crise na Síria e com a aparente impotência das várias potências mundiais em contribuírem para a rápida resolução desta terrível encruzilhada de interesses em que diariamente são ceifadas as vidas de milhares de inocentes. Infelizmente, um pouco por todo o lado assistimos a conflitos de maior ou menor dimensão que não nos deixam viver em paz. O aumento da intolerância perante o outro que não pensa nem age como eu faz com que se torne essencial discutir modelos que nos ajudem a construir sociedades em que se torne possível viver em harmonia. O respeito pela multiplicidade não pode nascer em sociedades que promovam o desprezo por comunidades que não têm os nossos usos e costumes. Bem pelo contrário.
Nestes últimos anos, inicialmente através do Programa Tempus e atualmente através do ERASMUS+, as instituições de ensino superior portuguesas e azeris tiveram a oportunidade de se reencontrarem, passados que foram vários séculos desde os primeiros contactos entre os nossos antepassados. A troca de experiências e os vários projetos de investigação comuns mostram-nos que é efetivamente através da educação e da aquisição de competências e de novas aprendizagens que ajudamos a construir sociedades transigentes e plurais. O sucesso desta cooperação transnacional veio mostrar que também a academia beneficia com a interação com metodologias díspares que nos levem a colocar em causa as nossas certezas e a construir novas teorias.
A humanidade aprendeu que a educação é o instrumento mais poderoso para a promoção de mentes livres e plurais. O respeito pelos quatro pilares da educação(3) leva-nos a concluir que iniciativas como estas possibilitam o debate e a troca de experiências que assentam, seguramente, em realidades muito dispares mas em que o "animus" generalizado é que é através do diálogo que as sociedades se desenvolvem e enriquecem.
O engenheiro António Guterres é candidato a secretário-geral das Nações Unidas. Ganhou até agora todas as votações. No entanto, esperam-no as últimas votações tidas pelos "players" internacionais como decisivas. Por ora, e enquanto esses votos não estiverem contados, a nossa missão será dar voz a esta candidatura.
A Terra do Fogo será por estes dias mais um dos locais onde se discutirá o nosso futuro e, naturalmente, o desejável porvir desta candidatura!
(1)A República do Azerbaijão é conhecida desde há muitos séculos por Land of Fire - os primeiros habitantes consideravam o fogo um deus e por isso adoravam-no. Em Surakhani https://www.youtube.com/watch?v=Fgx3dCyppU8 ), o fogo nunca se apaga e proporciona um espetáculo inesquecível.
(2) http://bakuforum.az .
(3) Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI coordenado por Jacques Delors.
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Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico