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Os portugueses ficaram tristes porquê?

Há 20 anos, se alguém dissesse que um português iria ganhar (apenas) três Bolas de Ouro, seria gozado por todos. E que, além disso, também iria bater uma meia dúzia de recordes (na área do futebol), ainda mais gozado seria.

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Ora tendo Ronaldo ganho cinco Bolas de Ouro, feito apenas atingido por Messi, e tendo batido imensos recordes, deveríamos estar felicíssimos…

 

Ora, porque é que então ontem muitos ficaram tristes se Ronaldo conseguiu feitos que, infelizmente, muito provavelmente nunca nenhum português (ou mesmo nenhum terrestre) irá voltar a alcançar? Aliás, ontem Ronaldo obteve um grande feito pois, com 33 anos, ainda ficou em 2.º lugar, mesmo carregando o "peso brutal" na sua imagem de um hipotético crime (que esperemos não tenha cometido), e deixando Messi em 5.º lugar. E se o ano lhe continuar a correr bem a ele (e menos bem a Messi e a Modric), Ronaldo ainda poderá receber uma sexta Bola de Ouro aos 34 anos!

 

Não vale a pena dizer que foi o Real de Madrid que abusou do seu poder para conseguir que o eleito de ontem fosse um seu jogador (Modric) em vez do Ronaldo que já lá não joga. Até pode eventualmente ser verdade, mas nesse caso, também Messi e outros poderiam dizer que Ronaldo só ganhou os títulos individuais e de equipa por causa do poder do Real de Madrid. É melhor não irmos por aí…

 

A questão é que assumimos o que já temos como "garantido", e desvalorizamos isso, focando-nos apenas no que podemos vir ainda a alcançar. Se não o alcançamos, ficamos tristes, esquecendo-nos do muito de bom que já temos. A gestão da nossa felicidade passa por aí. Valorizar o que temos de bom, mesmo que já tenha sido alcançado, e não esquecer a felicidade que isso nos trouxe e ainda nos traz. Se apenas pensamos no que não temos, não conseguimos ser felizes.

 

Isto não quer dizer que não devemos ser exigentes e ambiciosos, connosco próprios e com os outros, e com o desenvolvimento do nosso país em diversas áreas. Não devemos acomodar-nos em relação a isso, pois há muito para melhorar. Mas se soubermos gerir melhor a nossa felicidade, conseguimos ser mais produtivos, ser mais saudáveis, ajudar mais os outros, e gerar boa-disposição nos outros, o que os pode também tornar mais felizes. E assim este círculo virtuoso pode ajudar Portugal a ser melhor…

 

Gestor e Docente Universitário

 

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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