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24 de Julho de 2020 às 11:08

União Europeia

Os últimos dias mostram que esta Europa só dá ares de funcionar quando os mais fortes precisam dela.

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Back to basics
"Se as pessoas apenas falassem se tivessem de facto alguma coisa de útil a dizer, a raça humana perderia rapidamente o dom da fala"
Somerset Maugham

União Europeia
Os últimos dias mostram que esta Europa só dá ares de funcionar quando os mais fortes precisam dela. Não estivessem a França e a Alemanha numa encrencada económica e orçamental, e qualquer acordo estaria ainda provavelmente por concretizar. A necessidade aguça o engenho e, neste caso, fez retomar o namoro no eixo franco-alemão. Não embandeiro em arco com os resultados alcançados, abaixo dos objectivos inicialmente anunciados. Mas espero, com desconfiança é certo, que todo o dinheiro que aí vem seja bem empregue, que a difícil execução dos 6000 milhões de fundos ao ano não seja feita ao desbarato só para cumprir calendário, que o dinheiro seja bem investido, que não seja a corrupção do sistema a ganhadora, que não sejam os compadrios do costume os vencedores, que o histórico de má utilização de fundos europeus em Portugal não se repita.

Espero que não sejam construídos aeroportos que ficam desertos como o de Beja, que não sejam feitas mais autoestradas, mas gostava que fossem recuperadas e melhoradas ligações ferroviárias, que a desertificação do interior fosse contrariada, que a agricultura fosse ajudada, que a importância da pesca fosse recuperada, que o tecido industrial crescesse de forma saudável e que as empresas de tecnologia e base portuguesa fossem beneficiadas. Um amigo meu francês disse-me há dias, perante a minha desconfiança face a esta Europa, que eu devia ter em conta os muitos milhões que recebemos. E eu perguntei-lhe se já tinha feito as contas ao que nos custou a destruição da agricultura, das pescas e da indústria, condicionadas por acordos firmados em Bruxelas. A propósito, um outro amigo meu chamou-me a atenção para este interessante ponto do acordo: se algum dos países discordar das metas e alvos do plano de outro país, o assunto vai a discussão - primeiro, na Comissão ou mesmo noutro Conselho. Isto significa que os planos nacionais são não só supervisionados, como podem não existir pagamentos se não existir uma maioria de apoio no Conselho. Perante estas palavras, quem disse que os frugais foram derrotados?

Semanada
PS e PSD aprovaram esta terça-feira, com votos contra dos restantes partidos, a alteração de regimento que põe fim aos debates quinzenais com o primeiro-ministro e torna a sua presença obrigatória apenas de dois em dois meses, numa altura em que o escrutínio político é mais necessário que nunca nem um cêntimo foi ainda pago dos 15 milhões de euros de adiantamento de publicidade de organismos do Estado, anunciados em meados de Abril como apoio de emergência aos grupos de media devido à pandemia a Associação Sindical dos Juízes Portugueses não quer que as principais investigações criminais do país sejam controladas por apenas dois juízes, como agora acontece, "provocando um problema de pessoalização das decisões que criam um descrédito na justiça" em Albufeira, o desemprego disparou 680% devido à quebra do turismo os transplantes de órgãos sofreram uma quebra de 52% devido à pandemia cerca de 20% dos investimentos estrangeiros previstos para Portugal estão comprometidos devido aos efeitos na economia da pandemia os aeroportos nacionais sofreram, no primeiro semestre deste ano, uma quebra de 64,6% no tráfego de passageiros, um recuo que equivale a menos 17,7 milhões de passageiros comparativamente ao mesmo período de 2019 só Lisboa perdeu quase nove milhões de passageiros em relação ao primeiro semestre do ano passado um estudo recente indica que, em Portugal, apenas um em cada três trabalhadores têm possibilidade de realizar teletrabalho, o que deixa a economia vulnerável a um eventual segundo confinamento.

Dixit
"Quem tem um quintal sagrado não gosta que ele seja tocado pela comédia"
Ricardo Araújo Pereira

Fotografia Coimbrã
Hoje, todas as sugestões são fotográficas e localizadas em Coimbra: por um lado, as exposições da Estação Imagem, os prémios do fotojornalismo português; e, por outro, a exposição que assinala os 40 anos da primeira edição dos Encontros de Fotografia da cidade, criados em 1980 pelo entusiasmo de Albano da Silva Pereira. Hoje, o CAV - Centro de Artes Visuais, criado em 2000, é o testemunho dessa obra e Albano da Silva Pereira é o seu diretor artístico. A exposição "Spectrum", comissariada por Ana Anacleto, tem por base a colecção dos próprios encontros, constituída por fotografias expostas, muitas delas provenientes de encomendas realizadas expressamente para serem apresentadas no âmbito de diversas edições dos Encontros. A "Spectrum" fica patente até 10 de setembro e inclui fotografias de Paulo Nozolino, Jorge Molder, Fernando Lemos, Daniel Blaufuks, Nuno Cera ou Daniel Malhão, mas também Robert Frank, Marianne Mueller, Stéphane Duroy, Gabriele Basílico, André Mérian ou Wim Wenders, entre outros. Por estes dias, Coimbra é também o ponto de acolhimento da iniciativa Estação Imagem, que premeia o fotojornalismo português, numa iniciativa do repórter fotográfico e jornalista Luis Vasconcelos. Este ano, o Grande Prémio Estação Imagem foi para a reportagem "Abandonando o Sonho Venezuelano", de José Sarmento Matos, que conta a história de uma família luso-venezuelana, a sua migração de regresso a Portugal e a forma como recomeçou a vida. O prémio Fotografia do Ano (na imagem) foi para Leonel de Castro. "Voo de Esperança" mostra uma adolescente que parece voar em direcção aos céus num baloiço entre árvores destruídas numa das principais ruas da Beira, em Moçambique, depois da devastação causada pelo ciclone Idai. A fotografia faz parte da série "Os Continuadores", também ela premiada na categoria Assuntos Contemporâneos. Saiba a localização das exposições e demais iniciativas em www.estacao-imagem.com .

A história de um aventureiro português
"Ele não sabia ler. Nem escrever. Decidira aprender a desenhar as doze letras que somavam os seus primeiro e último nomes apenas quando deixaram de lhe chamar ‘José, o português’, para passarem a tratá-lo por Don Jose" - assim começa "A Vida Extraordinária do Português Que Conquistou A Patagónia", de Mónica Bello. Apesar de ser um nome desconhecido para muitos portugueses, José Nogueira é tido no Chile como uma das pessoas que ajudaram a escrever a história da Patagónia. Teria 12 ou 13 anos quando trocou as margens do Douro por um convés de navio, para fugir à miséria. Passou por Malta, Rio de Janeiro, Peru e Buenos Aires, mas foi ali, "onde a geografia chilena enlouquece e a fria costa patagónica é um intricado labirinto", que assentou arraiais. No vilarejo de Punta Arenas - terra de aventureiros, desterrados, índios, caçadores, deserdados e imigrantes - entre dois oceanos, nove minutos a sul do paralelo 53, na margem norte do estreito de Magalhães, José fez amigos, criou rivais, teve amores, fez fortuna, criou um império. Mónica Bello ouviu falar de Nogueira durante uma primeira viagem à Patagónia e ao estreito de Magalhães, para escrever uma reportagem para a revista Grande Reportagem. Mais tarde, acabou por conhecer o historiador chileno Mateo Martinic Beros, que em 1999 tinha feito, na Academia Portuguesa de História, em Lisboa, uma palestra sobre dois portugueses ligados ao seu país - o muito conhecido Fernão de Magalhães e este até agora desconhecido José Nogueira. O livro conta a aventura deste homem que fez de tudo, ajudou a desenvolver uma região até aí inexplorada. A história é contada a partir da investigação feita aos documentos existentes no Museu da Patagónia sobre José Nogueira: 29 dossiês com 149 pastas e 2.574 documentos. E não é um repositório de documentos. Está escrito como uma agitada história de aventuras, amores e fortunas de um português que se fez à vida pelo mundo fora. Editora - Temas e Debates e Círculo de Leitores.

Arco da Velha
O Fundo Nacional de Reabilitação do Edificado recebeu, nos últimos quatro anos, 7,1 milhões de euros do Estado, mas as obras nos imóveis a que eram destinados ainda não começaram em nenhum deles.

O regresso às canções
Durante os últimos tempos, Rufus Wainwright dedicou-se a compor óperas e a musicar sonetos de Shakespeare. As canções pop que lhe deram fama, sobretudo nos primeiros dos nove álbuns da sua carreira, ficaram em "stand by" desde 2012 quando editou "Out Of The Game". Ao fim de oito anos, regressa agora ao seu terreno de eleição com o décimo álbum, "Unfollow The Rules". Ao contrário do que o nome indica, este é um manual de regresso às origens, uma espécie de "back to basics" aos alicerces musicais onde construiu a sua carreira - a voz envolvente, o piano, as orquestrações exuberantes. De certa forma, é uma revisão da matéria dada, como se fosse o arranque para um novo capítulo. Aqui renasce o piano em "Romantical Man", os arranjos elaborados em "Unfollow The Rules" ou "Early Morning Madness", ou as baladas como "This One’s For The Ladies". Destaque para a faixa que dá o título a este álbum, que arranca apenas com o piano e a voz de Rufus, e que depois evolui numa orquestração arrebatadora ao nível do melhor que ele já fez. Para mim, a melhor canção é "Peaceful Afternoon", talvez a mais marcante dos seus novos temas. Disponível no Spotify.

Petiscar
O prazer da sanduíche aberta é enorme e as possibilidades são mais que muitas. As combinações têm por limite a imaginação. O essencial é uma fatia de bom pão, nem demasiado fina, nem demasiado grossa. O primeiro passo é preparar o que se quer pôr lá por cima - e aqui é onde entra a imaginação e, digamos, a pré-produção. O segundo passo é tostar o pão numa torradeira ou, melhor ainda, fritá-lo numa frigideira untada de bom azeite até tostar de um lado. Depois de assim tostado, mãos à obra: aproveitem esta época em que se encontra bom tomate coração de boi e coloquem umas rodelas até preencherem toda a fatia de pão. Temperem o tomate com sal, orégãos e um fio de azeite e, por cima, coloquem presunto de boa cura cortado bem fino, com rodelas de rabanete por cima. Façam uma segunda fatia de pão e sigam o mesmo procedimento, acrescentando-o de fatias finas de pepino com sal a que se adicionam fatias finas de queijo de S. Miguel. Se depois disto ainda quiserem uma sobremesa, peguem em mais uma fatia de pão tostado, dêem-lhe uma barradela de requeijão temperado com sal, fatias de pêssego previamente grelhado na chapa e por cima espalhem um pouco mais de requeijão com canela. Se o pão for bom, como o de trigo sarraceno da Gleba, vão ver que o petisco fica na memória.
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