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20 de Junho de 2014 às 00:01

A esquina do rio

António Costa iniciou a sua campanha eleitoral em Lisboa entregando a cidade aos porcos. Imagina-se o que fará se tiver o país nas mãos.

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Back to basics

 

É preciso acabar com o mito do poeta inspirado.

Álvaro de Campos

 

 

Arco da velha

 

Vários reclusos queixaram-se às Finanças do comportamento da cantina do Estabelecimento Prisional de Lisboa, que se recusa a dar-lhes factura da despesa lá efectuada. Os detidos queixosos consideram que assim ficam discriminados e prejudicados em relação ao sorteio dos Audi atribuídos pelo Fisco aos contribuintes que pedem factura identificada.

 

Gosto

Da homenagem a António da Cunha Telles na Cinemateca Portuguesa.

 

Não gosto

Da falta de resposta da EMEL às reclamações que os seus utilizadores lhe enviam por e-mail.

  

 

Pocilga

 

António Costa iniciou a sua campanha eleitoral em Lisboa entregando a cidade aos porcos. Imagina-se o que fará se tiver o país nas mãos. Num dos únicos pronunciamentos programáticos que fez, António Costa manifestou-se a favor de uma "terceira via", de aposta no crescimento das receitas, como alternativa à política de cortes na despesa ou aumento dos impostos. Não explicou, no entanto, se esse crescimento de receitas se deveria aos favorecimentos, como o que concedeu ao entregar à Sonae a Avenida da Liberdade e parte do Terreiro do Paço, para pocilga, durante uma semana.

Num outro momento particularmente ilustrativo da sua modernidade, Costa foi apoiado entusiasticamente por Mário Soares e por Ferro Rodrigues, que lhe irão dar testemunho de inquebrantável fé na tradição, na retórica e na falta de ideias como forma de resolver os problemas nacionais – trata-se de uma clara e disruptiva aposta na dignificação de uma nova geração de políticos que possa regenerar o país. Enquanto tudo isto se passa, o Tribunal de Contas anuncia, com a pompa e circunstância que gosta de imprimir às suas rábulas, que lava as mãos, como Pilatos, das consequências dos seus actos. Por junto, não quer saber dos efeitos das acções que toma nem quer fazer ideia de como se resolvem as situações que cria. Digamos que tem uma grande convergência, neste aspecto, com António Costa: quem atrás de mim vier, que feche a porta, como outros antes fizeram. Sócrates, esse, sorri e vai deixando umas frinchas abertas por onde passa.

Ouvir

 

Contido nas palavras, ora exuberante ora discreto nos arranjos, o brasileiro Gui Amabis é sempre intenso. "Trabalhos Carnívoros", o seu novo disco, lançado agora em Portugal, em simultâneo com um concerto que fará dia 8 de Julho, na Casa Independente, em Lisboa, é exemplo disso mesmo. Compositor e músico, Gui Amabis é também produtor - foi ele que trabalhou no novo disco de Rita Red Shoes, "Life Is A Second Of Love". Regressando a "Trabalhos Carnívoros", destaco a forma como Amabis consegue conjugar um lado electrónico, quase experimental, como no tema título "Trabalhos Carnívoros", com a suave forma de encantar em "Um Bom Filme" e, sobretudo, em "Menino Horrível".

 

As palavras das suas canções - as letras, como se diz - valem a pena. São declarações sintéticas, descrições de estados de espírito, como "Crepúsculo", ou de diagnóstico irónico, como "Consulta Mental". Gui Amabis é uma boa surpresa e este seu "Trabalhos Carnívoros" é um bom momento.

 

Provar

 

Antigamente chamava-se Masstige, hoje em dia o conceito mudou, chama-se Lateral, o espaço está semelhante mas é um pouco mais descontraído. Há imagens nas paredes que parecem saídas de um cinema antigo, a clientela tem um mix de idades e origens bem engraçado, pelo menos ao almoço. A comida é um oásis de simplicidade, bom senso e boas matérias-primas no meio de subchefes cada vez mais espumosos.

 

Aqui há petiscos como croquetes de alheira e mel, ou polvo à Galega; há saladas de frango panado com mel, ervas e parmesão; há hambúrgueres variados (de 170 a 350 gramas), linguinis e crepes, bruschettas e batatas fritas sublimes, aos palitos, fininhas, estaladiças e temperadas com ervas. Como gosto de hambúrgueres de boa carne, mal passados, sou suspeito - porque estes são muito bons. Gosto do hambúrguer de cogumelos, simples. A cerveja, apesar de ser espanhola, a Estrella Damm, sai sempre bem tirada. Aqui está um sítio que não me desilude e que me refresca o espírito. 15 valores em 20. Avenida Barbosa du Bocage, 107 A, reservas por sms pelo 914 327 572. 

 

Folhear

 

Existe uma lenda à volta da revista Holiday, nascida nos anos 40 do pós-guerra. Contratava os melhores escritores e fotógrafos e enviava-os para destinos fantásticos com contas de despesa ilimitadas. O resultado foi brilhante durante várias décadas, até meados dos anos 60, graças ao génio de um editor visionário, Ted Patrick, e de um director de arte atrevido, Frank Zachary. Pelas mãos destes dois homens passaram talentosas peças de nomes como Hemingway, Steinbeck, Kerouac ou Cartier-Bresson, Robert Capa e Edward Steichen.

 

A Holiday era a revista do sonho, da viagem, da descoberta. Morreu quando a televisão entrou no seu domínio. A boa notícia é que agora ressurgiu, com duas edições por ano feitas em Paris - deve ser a melhor coisa a sair da capital francesa nos últimos tempos.

 

Neste número, que tem por tema ícones de 1969, destacam-se as canções de Gainsbourg, o Aston Martin DBS e uma interessante "playlist" da época assinada por Étienne Daho. E, claro, há um belo portfolio sobre a história antiga da própria revista, que só por si merece a compra desta edição.

 

Ver

 

Hoje, vai um roteiro. Começo pelo Arquivo Municipal de Fotografia, na Rua da Palma (a instituição já não se chama assim, mas o nome era apropriadamente este, antes de uma reforma que lhe tirou a identidade) - ali está o núcleo central da obra de Artur Pastor (na imagem), que documentou Portugal nos anos 40 e 50. Regente Agrícola por formação, descobriu a fotografia como auxiliar do seu trabalho em 1942. Está a decorrer, até 31 de Agosto, uma exposição com a sua obra, constituída por três núcleos, apresentados em três espaços distintos da cidade: Arquivo Fotográfico da Rua da Palma, o Pavilhão Preto do Museu da Cidade, no Campo Grande, e o espaço da loja Colorfoto, na Praça de Alvalade.

 

Mudando de rumo, sugiro que descubram uma colectiva intitulada "O Caminho Estreito Para o Sul Profundo", com trabalhos de Ana Morgadinho, Ângela Dias, Pedro Calhau, Ricardo Pires, e Vasco Futscher. Finalmente, em Belém, no Projecto Travessa da Ermida, apresenta-se um filme, "Vintage Drawings & Current Graphic Works", de André Romão, Pedro Barateiro e André Valentim. A terminar, sugiro os novos trabalhos de Manuel João Vieira na Casa da Cerca em Almada.

 

Semanada

 

Alberto Martins, dirigente socialista, diz que "o PS deve excluir o bloco central e coligar-se à esquerda se não tiver maioria" nas próximas legislativas  António Arnaut, ex-dirigente socialista teme, "que o PS entre num estado de letargia"  o Teatro Capitólio, que o vereador Manuel Salgado, eleito pelo PS, garantiu desejar ter pronto em finais de 2009, continua com as obras paradas e muito atrasado  o PS considera que o resultado positivo apresentado nas contas de Rui Rio na Câmara Municipal do Porto revela má gestão  Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que as legislativas deviam ser realizadas antes do Verão de 2015  Jerónimo de Sousa foi ao Palácio de Belém pedir a demissão do Governo  Marcelo Rebelo de Sousa criticou Passos Coelho por este ter faltado ao jogo inaugural da Selecção Portuguesa  Merkel esteve no estádio a torcer pela Alemanha  o preço das casas em Portugal caiu 3,3% no último ano  os produtores de Sever do Vouga estão a vender os mirtilos a quatro euros o quilo, mas nas grandes superfícies são vendidos a 24 euros o quilo  o salário médio sofreu um corte de 400 euros por ano devido às alterações das leis laborais em 2012  todos os dias, 341 portugueses, em média, abandonam o país  o Provedor de Justiça queixa-se de falta de meios para garantir a defesa dos direitos dos presos  dois reclusos suicidaram-se em seis dias na cadeia de Paços de Ferreira  no ano passado, registaram-se 13 suicídios nas prisões portuguesas  a PSP pediu ajuda às juntas de freguesia de Lisboa para comprar carrinhas que sirvam de esquadras móveis, depois de ter decidido fechar uma série de esquadras na cidade.

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