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14 de Maio de 2021 às 12:03

A paisagem nacional

O ministro Eduardo Cabrita deu em fomentar ocupações de propriedades privadas, persistiu na sua teima, mais uma vez viu-se ultrapassado pelos acontecimentos e ficou envolvido em várias contradições

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Back to basics
A educação é aquilo que fica depois de se esquecer o que foi ensinado.
B. F. Skinner, psicólogo e filósofo norte-americano

A paisagem nacional
O ministro Eduardo Cabrita deu em fomentar ocupações de propriedades privadas, persistiu na sua teima, mais uma vez viu-se ultrapassado pelos acontecimentos e ficou envolvido em várias contradições, mas António Costa garantiu no Parlamento que tem um excelente ministro da Administração Interna. Pelo seu lado, Marcelo Rebelo de Sousa demorou cerca de uma semana a afirmar que é preciso tirar consequências políticas da situação em Odemira, considerando que existem problemas na inclusão de imigrantes. A propósito, toda a gente percebe a desgraça do que se passa em Odemira menos Cláudia Pereira, secretária de Estado para Integração e as Migrações, que há um ano afirmou que "Odemira é um exemplo de integração de migrantes" mas que nas últimas semanas não deu sinal de vida. Mas a coisa não fica por aqui: Constança Urbano de Sousa, a antecessora de Cabrita na Administração Interna, que ficou conhecida pelo seu triste e cruel desempenho nos grandes incêndios de 2017, atirou-se com sanha às declarações de João Cravinho, que em 2018 tinha apresentado um plano de combate à corrupção, esquecido pelo governo de então, dirigido por José Sócrates. O mais curioso é que passados estes anos, e com o PS no poder, depois de todas as juras recentes de combate à corrupção, soube-se agora que este Governo de António Costa vai excluir do novo regime geral de prevenção da corrupção os gabinetes dos principais órgãos políticos e de todos os órgãos de soberania. Estamos pois conversados sobre a realidade dos factos. Nada que espante num Governo onde um dos seus membros, o secretário de Estado da Energia, João Galamba, usou as palavras "estrume" e "asqueroso" para classificar um programa de informação da RTP que já pôs em causa a transparência das suas decisões na atribuição das concessões de exploração de lítio, sob a sua tutela.

Semanada

n O impacto da pandemia no mundo do trabalho é quatro vezes maior do que aconteceu com a crise financeira de 2008 n mais de dois milhões de portugueses, quase 60% dos trabalhadores por conta de outrem, têm uma remuneração mensal inferior a 800 euros n em dois anos, o Estado recusou metade das candidaturas a cuidador informal n segundo um estudo da Universidade do Minho, os professores consideram que o ensino à distância agravou as desigualdades entre alunos face às suas aprendizagens n segundo a Marktest, durante a pandemia e a alteração nos processos de trabalho e de ensino, verificou-se um grande aumento de utilização de auscultadores, que agora são utilizados por 4,7 milhões de portugueses n desde o início da pandemia 55,8% dos migrantes viram os seus rendimentos mensais diminuídos, 53% sofreram um impacto negativo na sua atividade profissional e 32,4% estão em situação de desemprego n em 2020, durante a crise e a pandemia, a carga fiscal em Portugal aumentou para os 34,8% do PIB, um novo recorde n António José Seguro, ex-líder do PS, criticou os líderes europeus, incluindo António Costa, de "duplicidade" e de "matar a UE" n o juiz conselheiro José Manuel Quelhas disse no Parlamento que o Tribunal de Contas não tem dúvidas de que os financiamentos do Fundo de Resolução no Novo Banco são "dinheiro público" e "oneram os contribuintes".

Dixit
"Como seria bom que a actual direcção do PSD, de vez em quando, pelo menos, apresentasse trabalho digno desse nome. Mas deve ser pedir muito"
Paula Teixeira da Cruz

O detective dos amores
O caso é este: no início de 1989, em Havana, um detective cubano, Mario Conde, é acordado pelo seu chefe para investigar o desaparecimento de Rafael Morin, dirigente de uma empresa estatal, homem de carreira brilhante e futuro promissor, desaparecido desde as celebrações do Ano Novo. Coincidência: Morin fora colega de escola de Conde e a mulher do desaparecido, Tamara, fazia parte da sua lista de amores passados. A Porto Editora começou agora a editar "Quarteto de Havana", que agrupa como o nome indica, várias histórias do detective Mario Conde, a personagem criada por Leonardo Padura. Neste primeiro volume estão "Um Passado Perfeito", a investigação do desaparecimento de Rafael Morin, e também "Ventos de Quaresma", o relato de como Mario Conde foi chamado para resolver o estranho homicídio de uma exemplar professora de Química do pré-universitário que, anos antes, também fez parte da sua lista de casos sentimentais. Ao mesmo tempo, Conde conhece Karina, uma amante de jazz por quem se perde de amores. E assim, Mario Conde vive dias onde a investigação se cruza com prazeres diversos, alguns vícios, o tráfico de influências, a fraude e a lembrança dos tempos de juventude. O jornal "The Independent" sublinhou que o conjunto de romances de Leonardo Padura sobre o detective cubano Mario Conde mudou a literatura policial latino-americana. O autor nasceu em Havana em 1955, estudou Filologia, trabalhou como guionista, jornalista e crítico, mas foram as aventuras de Mario Conde que lhe trouxeram fama e proveito.

Um novo Calapez
"Debaixo de Cada Cor" é o título escolhido por Pedro Calapez para o conjunto de novas obras que apresenta na Galeria Belo-Galsterer (Rua Castilho 71) até 31 de Julho. São duas dezenas de obras nas quais Calapez explora várias técnicas, algumas delas pouco usuais na sua obra, ao mesmo tempo que regressa ao trabalho a óleo sobre tela e, noutros casos, explora possibilidades de desenho. De diferentes formatos, as obras têm valores que vão dos 975€ aos 22.755€, e as que aqui se reproduzem estão indicadas a 4.950€. Ao mesmo tempo, noutra sala da galeria está "Desarrumada", uma nova exposição de Rita Gaspar Vieira. Outras sugestões: na Galeria Vera Cortês (Rua João Saraiva 16), Alexandre Farto, aka Vhils, apresenta até 12 de Junho a sua exposição, "Fenestra", uma instalação de vídeo em que fragmentos de diversas cidades são projectados nas quatro paredes da sala da galeria; na Galeria Francisco Fino (rua Capitão Leitão 76), uma exposição de fotografia de José Pedro Cortes, "Corpo Capital", mostra até 24 de Julho uma selecção de trabalhos recentes em torno do corpo humano, da natureza e da arquitectura; na Galeria das Salgadeiras (Rua da Atalaia 12) está a primeira exposição de Carlos Alexandre Rodrigues, "Shadows As Memories", na qual o artista, a partir de uma fábrica de cerâmica, ficciona e encena peças que evocam um tribunal onde se esgrimem argumentos. Finalmente na Covilhã abriu a 14 de maio a primeira edição do Diafragma - Festival Internacional de Fotografia e Artes Visuais, que em quatro espaços da cidade apresenta até 6 de Junho trabalhos de duas dezenas de autores de seis países. Entre as presenças portuguesas destaque para Duarte Belo e Luísa Ferreira.

Arco da velha
Em 2017, Evgeny Kazarez assessorou o Banco de Portugal na venda do Novo Banco à Lone Star. Um ano depois, foi para o grupo americano, no qual hoje é administrador. No Parlamento disse que não via conflito de interesses na situação.

Canções de amor
Volta e meia, mas é raro, uma voz de que nunca tinha ouvido falar cai-me em cima como um raio de luz. Quando essa voz é acompanhada por arranjos inesperados e inteligentes, executados por músicos virtuosos mas com sentimento (uma raridade - o mundo está cheio de gente que toca bem mas não põe alma no assunto) tudo fica ainda mais fascinante. "The Bitter Earth", o novo álbum de Veronica Swift, é exemplar. Ela tem 27 anos, vem de uma família musical - o pai pianista de jazz e a mãe cantora. Começou cedo a gravar e a cantar em público - vai com cinco álbuns gravados em nome próprio e participou como convidada em mais uma dezena. Já recebeu prémios e reconhecimento e fez digressões com o trio de Benny Green e com Wynton Marsalis. Tem uma capacidade vocal invulgar e nos 13 temas que integram este novo disco há sobejas provas disso mesmo. Em "This Bitter Earth", ela volta ao cancioneiro norte-americano e aborda-o de forma inesperada como bem prova a faixa-título, que é também a primeira do disco. "This Bitter Earth" foi um dos grandes êxitos de Dinah Washington em 1960. Mas logo a seguir, em "How Lovely To Be A Woman" ela mostra a sua enorme versatilidade - e alguma ironia nestes tempos da era me too. Uma das suas interpretações mais poderosas neste disco é "He Hit Me (And It Felt Like A Kiss)", que ela encara como uma canção de amor, uma balada a que a guitarra de Armand Hirsch empresta um lado de balada, longe do original das Crystals. O pianista que acompanha Veronica Swift é Emmet Cohen, e o seu papel é decisivo em toda a estrutura musical do álbum. Ouçam este "This Bitter Earth", disponível nas plataformas de streaming.

Petisco rápido multirregional
Hoje volto às receitas - não sem antes confirmar que no regresso à cidade comprovei que o Salsa & Coentros continua em grande forma e com a qualidade de sempre. Aquelas empadinhas, os ovos mexidos com túberas… é melhor não dizer mais nada. Vão lá experimentar. Mas passemos então à receita. É simples e faz-se rápido: puré de batata-doce com filetes de atum de conserva em azeite virgem. Mas tem truque - que já direi à frente. Primeiro, convém que a batata-doce seja de boa qualidade, de preferência com a polpa alaranjada. A ideia é uma batata-doce média por pessoa. Primeiro descasca-se e parte-se às rodelas grossas e coze-se em água abundante, quando se picar bem com o garfo tira-se da água, escorre-se bem, e usando um garfo ou um esmagador, vai-se desfazendo a batata até ficar numa boa consistência - sem ser demasiado triturada. Nessa altura, eu adiciono ao tacho com a batata já esmagada uma colher de sopa bem medida de manteiga e misturo tudo muito bem em lume brando. No fim um pouco de pimenta-preta moída de fresco e misturo bem tudo de novo. Emprato ao lado do atum (já digo qual) e polvilho o puré com cebolinho. E agora o atum: uma lata por pessoa, do açoriano Santa Catarina, variedade filete de atum temperado com gengibre (na Mercearia Açoreana existe esta marca em várias variedades). Vão ver que é uma bela refeição, rápida e cheia de sabores. Acompanha um encruzado do Dão. E remata com uns morangos de Palmela. Prato regional: batata-doce de Aljezur, atum dos Açores, vinho do Dão e fruta de Palmela.


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