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Manuel Falcão - Jornalista 04 de Maio de 2018 às 10:04

A esquina do Rio

Na semana passada, dei com esta imagem que aqui se reproduz - um bar londrino afirma-se como o verdadeiro Tinder 3D, que proporciona prováveis acasalamentos ao vivo, em vez de ocorrerem no espaço virtual do digital.

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Back to basics
"A censura é o reflexo da falta de confiança na sociedade por parte de quem a governa."
Potter Stewart

O tinder
Na semana passada, dei com esta imagem que aqui se reproduz - um bar londrino afirma-se como o verdadeiro Tinder 3D, que proporciona prováveis acasalamentos ao vivo, em vez de ocorrerem no espaço virtual do digital. Quando vi esta divertida ideia do Tinder 3D, lembrei-me de como António Costa se pode considerar o exímio Tinder a três dimensões da política portuguesa. Ao ler o que se vai sabendo sobre a moção que Costa apresentará ao seu Congresso, com uma paisagem de eventuais acordos e coligações no mínimo nebulosa, confirmei a minha ideia. António Costa posiciona-se como uma app que promove acasalamentos políticos, disponível para várias combinações. Neste contexto, não deixa de ser curioso que a véspera do Congresso do PS seja o momento escolhido para criar uma linha de demarcação, até aqui inédita em território socialista, em relação aos casos de Manuel Pinho e de José Sócrates. Evoco mais uma vez o Tinder e imagino Costa a varrer Pinho e Sócrates para o lado esquerdo do ecrã, enquanto guarda no lado direito Rui Rio, Mariana Mortágua e Jerónimo de Sousa, a ver qual será melhor par no futuro. A favor de António Costa está o apadrinhamento de Marcelo Rebelo de Sousa e a conjuntura favorável que tem produzido resultados. Resta saber o que acontecerá no futuro, ou seja, como as vontades e desejos poderão mudar quando os ventos soprarem noutras direcções. Para já, Costa é, coisa inédita, o pretendente desejado por quase todo o espectro partidário português. Um campeão do Tinder.

Dixit
"Os cinco maiores partidos na Assembleia da República representam hoje menos 800 mil votos do que há vinte anos. Há 800 mil pessoas que deixaram de votar nestes cinco partidos e essas 800 mil pessoas já não voltam a votar nestes partidos."
Nuno Garoupa

Semanada
 Arons de Carvalho, fundador do PS e mandatário nacional da terceira candidatura de António Costa a secretário-geral do PS, defendeu na semana passada que o seu partido não deve comentar os casos de Manuel Pinho e José Sócrates  logo a seguir, Carlos César, o líder parlamentar e presidente do PS, veio assumir que o partido sente vergonha das suspeitas de corrupção que recaem sobre Manuel Pinho e do caso que envolve José Sócrates  um dia depois, o deputado João Galamba diz que o PS se sente incomodado com os casos Sócrates e Pinho  o requerimento do PSD para ouvir o ex-ministro da Economia, Manuel Pinho, no Parlamento foi aprovado com o voto favorável de todas as bancadas, à excepção do BE, que se absteve  o advogado de Manuel Pinho, Ricardo Sá Fernandes, aconselhou o seu constituinte a não responder às eventuais questões dos deputados sobre a sua ligação ao universo Espírito Santo  ainda existem mais de 100 milhões de euros em notas antigas de escudo nas mãos de particulares  as greves previstas para o mês de Maio no sector da saúde podem afectar 18 mil cirurgias  montar sistemas de videovigilância vai deixar de ter controlo prévio  a Comissão Nacional de Protecção de Dados está "muitíssimo deficitária" de meios humanos para cumprir as suas funções de fiscalização  segundo um estudo da Marktest, desde o início do século, o número de publicações periódicas editadas no continente baixou 28%.

Folhear
As disputas brejeiras entre Lisboa e Porto são coisas conhecidas. "Futebóis" à parte, a rivalidade trava-se através de múltiplos duelos: por exemplo, a francesinha contra o pastel de Belém, a ginjinha contra o vinho do Porto, Serralves e o CCB, nos filmes entre "A Canção de Lisboa" ou "Aniki Bobó", nas festas entre Santo António ou São João. Originalmente editado há uma dezena de anos, "Porto vs. Lisboa" é um livro escrito a quatro mãos por António Eça de Queiroz, pelo lado portista, e António Costa Santos, pelo lado lisboeta. Agora que, na política, a valsa se dança com o sulista António Costa e o nortenho Rui Rio, a reedição do livro torna-se particularmente oportuna.

As secções do livro têm nomes sugestivos como "Bicas e Cimbalinos" e, em "Bebidas e Petiscos", além do que já acima se escreveu, surgem os pipis de Lisboa e as tripas à moda do Porto, enquanto nas noites surge o Bairro Alto a sul e a Ribeira a norte. Mas há também partes sérias, como as histórias de Zé do Telhado e Diogo Alves, do terramoto de 1755 e do desastre da Ponte das Barcas. No final, fica um conjunto de textos bem humorados, nos quais se reconhecem as diferenças entre as duas cidades e se mostram as suas tradições, os seus locais de eleição e também aquilo que em cada cidade mais vale a pena conhecer, ver, provar. "Porto vs. Lisboa", edição Guerra & Paz.

Gosto
A taxa de desemprego recuou para os níveis de há 14 anos e está nos 7,4%. 

Não gosto
Em 2017, em Portugal, registaram-se mais 23.432 óbitos do que nascimentos. 

Ver
O destaque desta semana vai para a fotografia de reportagem mostrada na exposição do World Press Photo, que anualmente selecciona o melhor do fotojornalismo que se faz em todo o mundo. Este ano, a exposição mudou de sítio e foi para o lado oriental da cidade, para o Hub Criativo do Beato e, até 20 de Maio, pode ser vista de quinta a domingo, das 10h às 19h, com entrada livre. A fotografia vencedora, que aqui mostramos, é do venezuelano Ronaldo Schemidt e mostra uma imagem dos confrontos que se repetem no seu país. Ao todo, são centenas de imagens que fixam momentos decisivos da nossa história recente. Outros destaques: até 17 de Junho, a fotógrafa e exploradora Lorie Karnath apresenta, no Centro Cultural de Cascais, fotografias de viagens que realizou a Myanmar - "BURMA, Moments in Time"; na Galeria Carlos Carvalho, em Lisboa, Daniel Blaufuks apresenta "Houve um tempo em que estávamos todos vivos", com obras em fotografia e vídeo; em Coimbra, no Centro de Artes Visuais, José Luís Neto apresenta "Pure Emulsion". Finalmente, a 13.ª edição de British Bar, uma iniciativa de Pedro Cabrita Reis, apresenta nas três montras do estabelecimento que dão para o Cais do Sodré, obras de Jorge Pinheiro, Rui Chafes e Patrícia Garrido. A terminar, destaque para o Mapa das Artes, uma edição gratuita e bilingue, disponível em papel e em formato digital (www.mapadasartes.pt), que apresenta mais de uma centena de espaços de arte contemporânea da cidade de Lisboa, entre eles, 59 galerias e 17 museus e fundações.

Ouvir
Bettye Lavette tem uma carreira longa, iniciada em 1962, exactamente no ano em que Bob Dylan gravou o seu álbum de estreia. Dylan está prestes a fazer 77 anos, Bettye Lavette tem 72. Este ano, ela lembrou-se de pegar em 12 canções de Dylan, em parte originalmente gravadas pelo autor entre 1979 e 1989, muitas delas pouco conhecidas, e com arranjos bem diferentes dos originais. O disco tem o nome da faixa de abertura "Things Have Changed", que saiu no CD "Modern Times", de 2006, mas foi gravada em 1999 e editada como single em 2000 para a banda sonora do filme "Wonder Boys". Nessa faixa de abertura, Bettye Lavette diz logo ao que vai, com uma voz poderosa. Os arranjos, surpreendentes, vêm assinados por Steve Jordan, que tem parte activa em todo o disco como produtor. Há um convidado que merece destaque, Keith Richards, e que toca a sua guitarra em dois temas do disco - "It Ain't Me Babe" e, sobretudo, em "Political World". Bettye Lavette e Steve Jordan deram uma grande volta a estas canções e bastará ouvir a sua versão de "The Times They Are A Changin'" para se perceber que a soul entrou desabridamente por estas canções. CD Verve, distribuído pela Universal Music.

Arco da velha
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, dificultou a divulgação de informação relevante sobre os incêndios de Pedrógão, nomeadamente de uma auditoria interna da Protecção Civil, que afirma terem sido apagados ou destruídos documentos sobre o referido incêndio. 

Provar
Como gosto de descobrir novos restaurantes, um dia destes fui experimentar o Zagaia, mesmo no centro de Setúbal. O local combina um balcão de sushi, com o facto de se apresentar como marisqueira (caso raro nessa cidade) e também por ir além do habitual peixe assado na grelha. No comando da cozinha está Luís Barradas e a opção foi trabalhar com produtos frescos comprados diariamente no Mercado do Livramento, que fica perto do restaurante. Ali se pode almoçar e jantar, mas também petiscar ao fim da tarde ou a qualquer outra hora. Para além de peixe muito fresco (que, no entanto, se serve também assado na grelha, com cuidado e sem exageros de calor), a lista propõe um arroz de marisco sem casca, choco à antiga panado com farinha de milho e umas afamadas pataniscas de raia seca. Na parte oriental são apresentadas umas inesperadas gyosas de camarão e, nos petiscos, há um prego de atum em bolo do caco. Nas entradas, destaque para o cuidado posto na confecção de umas amêijoas à Bulhão Pato. O serviço é verdadeiramente acima da média, a casa é luminosa, ampla e bem decorada, espraia-se por duas salas e a garrafeira dispõe de uma oferta baseada em vinhos da região e em algumas propostas novas e curiosas de diversos produtores, sobretudo na área dos vinhos brancos e verdes. O Zagaia, nome de arma de arremesso, fica na Avenida Luísa Todi 510, Setúbal, e responde pelos telefones 265 404 111 e 937 172 255.


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