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Opinião
17 de Setembro de 2015 às 21:20

A esquina do rio

A esquina do Rio

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Gosto

Da iniciativa "Bairro das Artes", que envolve 30 galerias e espaços de artes entre o Largo do Rato e o Cais do Sodré.

 

Não gosto

Regista-se mais de uma queixa por dia de violência contra profissionais de saúde.

 

Arco da velha

O PCP emitiu um comunicado que justifica a intervenção violenta de seguranças da Festa do Avante por estes terem detectado um homem envolvido em sexo oral com outro. "Disseram-me que não há camaradas paneleiros, enquanto me agrediam com força" - afirmou um dos envolvidos, espanhol, em entrevista ao jornal i.

 

Semanada

As instituições financeiras concederam mais de 2,77 mil milhões de euros em crédito ao consumo até Julho, um montante 500 milhões de euros acima do período homólogo do ano passado • os novos créditos para comprar carro, despesas com educação e saúde já duplicaram este ano as dívidas das famílias  a Segurança Social teve um excedente de 439 milhões de euros no primeiro semestre deste ano  a receita do imposto sobre o tabaco teve uma queda de 82 milhões de euros nos sete primeiros meses do ano  o militar da GNR que foi protagonista de um "show" de "striptease" foi absolvido da acusação de uso indevido de fardamento e armamento de serviço no espectáculo  Manuel Maria Carrilho vai começar a ser julgado, acusado de violência doméstica  o Colégio Militar inaugurou uma camarata para raparigas  em Lisboa, abriram dois hotéis por mês desde Janeiro  o Algarve teve uma ocupação de 93,5% em Agosto  em Vila Real, registou-se um morto que caiu, numa procissão, de um andor de dez metros de altura  na Moita, registou-se um morto numa largada de toiros  Portugal está entre os países europeus onde as aulas começaram mais tarde  continua a aumentar o número número de acções que negoceiam abaixo de um euro na bolsa portuguesa  33,3% dos 18 títulos que compõem o PSI-20 têm cotações de cêntimos e no PSI Geral o número de acções de baixo valor é de 51,1% do total.

 

Back to basics

A política é a arte de procurar uma divergência e exacerbá-la, seja ela importante ou não, e propor o remédio errado para a situação que esteve na origem de tudo.

Ernest Benn

 

Recreio

Começou a campanha eleitoral; os Gato Fedorento voltaram a fazer um programa; no Bairro dos Actores, decorre a acção da nova versão do clássico "O Costa do Castelo"; o "Prós e Contras" está a ponderar dedicar uma das suas próximas emissões à luta livre; o modelo de debates e as suas audiências mostram como a legislação está completamente desajustada da realidade da evolução dos media; mais de um milhão de espectadores estiveram a ver séries e programas diversos no cabo à hora do debate e ignoraram, soberanamente, a disputa televisiva que provocou que o mesmo programa fosse transmitido em simultâneo nos canais generalistas - e que foi a primeira experiência integral de unicidade na televisão portuguesa desde que há canais privados; o PS tem-se multiplicado em ataques aos jornalistas nesta campanha eleitoral cada vez que são colocadas perguntas incómodas a António Costa ou são debatidas questões que desagradam ao directório do Largo do Rato; Sócrates tem sido omnipresente na campanha, desde opiniões emitidas até fotografias distribuídas, passando por documentos saídos do baú em hora conveniente e até a utilização de uma fotografia sua numa campanha publicitária de uma universidade brasileira; o facto de Catarina Martins ser, até agora, a figura-revelação da campanha eleitoral diz tudo sobre o estado da nação; o partido de Joana Amaral Dias prometeu "pôr tudo a nu"; o Livre queixa-se de não ser notícia; Jerónimo de Sousa apelou ao voto das mulheres; tudo indica que o dia a seguir às eleições vai ser uma grande dor de cabeça; não se vislumbra como pode surgir algum bom senso em questões como as pensões, a carga fiscal e os abusos do Fisco quando a coligação PAF e o PS fogem como o diabo da cruz de questões concretas; uma quota-parte importante da situação que atravessamos é da responsabilidade de uma Europa, de que não se fala na campanha, e que está a regressar em passo acelerado à situação pré-Schengen - ou seja, a desfazer-se.

 

 

Ver

Martin Parr é um dos grandes fotógrafos contemporâneos, membro da Magnum, uma das mais prestigiadas agências de fotografia do mundo. Depois de ter feito exclusivamente trabalhos a preto e branco durante vários anos, a partir de 1982, cativado pelo trabalho de William Eggleston e de Joel Meyerowitz, passou a fotografar só a cores, primeiro com filme e, nos últimos anos, com máquinas digitais. Desenvolveu uma técnica pessoal, baseada na saturação cromática e na utilização de "ring flash", um "flash" circular que funciona à volta da objectiva. Afirmou-se como um dos mais interessantes e criativos fotógrafos documentais dos últimos anos, tendo realizado uma série de ensaios fotográficos que se tornaram referências, entre os quais a série dedicada às praias, da qual podem ser vistas algumas fotografias em Lisboa, na Barbado Gallery. A série das praias decorre, aliás, de uma das suas obras mais marcantes, o ensaio sobre turismo de massas - a que se juntam trabalhos sobre a classe média, sobre o consumismo ou, pura e simplesmente, o documentário fotográfico sobre lugares, como é o caso do seu mais recente livro, dedicado a Hong-Kong. Na obra de Parr há um factor constante: mesmo quando estão formalmente ausentes dos enquadramentos, as pessoas são o centro das suas imagens, seja pelo momento em que as captura, seja como as organiza na imagem, seja porque se sente, em algum lugar, que sem uma pessoa ter passado por ali nada daquilo faria sentido. Além disso, tornou-se um dos maiores coleccionadores de livros de fotografia e editou já três volumes de "The Photobook - A History". Com esta exposição, a primeira dedicada a um só autor, a Barbado Gallery, inaugurada no início do Verão, em Campo de Ourique, posiciona-se de forma clara acima do que tem sido a actividade de galerias dedicadas à fotografia. As 26 fotografias em exibição até 11 de Novembro foram realizadas entre 1985 e 2005, demonstram como é possível mostrar pessoas para além da aparência, são uma celebração do instante decisivo em que foram tiradas e isso é o que as torna especiais. Todas as fotografias expostas são para venda e alguns coleccionadores já manifestaram a intenção de apostar na sua aquisição - o investimento em obras de Martin Parr tem mostrado ter uma valorização interessante. Na imagem, João Barbado e Martin Parr no dia da pré-inauguração, junto a uma das fotografias - aqui vistos por Armando Ribeiro. A Barbado Gallery fica na Rua Ferreira Borges 109-A.

 

Folhear

Nos últimos anos, têm surgido uma série de revistas de viagens de um tipo diferente das que marcaram uma época, como a Condé Nast Traveller. Entre as novas estão publicações como a Lost, a Ernest, a Elsewhere ou, noutra escala, o regresso da mítica Holiday, um ícone do final dos anos 50 e do início dos anos 60. Na realidade, é possível contabilizar pelo menos umas 15 revistas deste género - a maioria com mais texto, uma espécie de retorno à literatura de viagens. Há quem diga que esta passagem do digital para o papel impresso é uma forma de evolução de uma geração de "bloggers". Muitas das revistas publicam-se três ou quatro vezes por ano, algumas duas, semestralmente. Falam de um país, de regiões ou do mundo. O preço de capa pode chegar aos dez euros, é frequente que o desenho e ilustrações sejam mais utilizados que as fotografias produzidas que marcaram uma época. Grande parte destas novas publicações têm circulações modestas, foram lançadas com capitais próprios de editores independentes ou através de "crowdfunding". Na realidade, há uma nova vaga de revistas em papel, cuidadosamente editadas e impressas, criativamente paginadas, que se tornaram quase um produto de luxo, de prestígio, como que uma forma de imprensa artesanal muito cuidada. Eu, cá por mim, gosto da ideia, tenho a tentação de imaginar uma revista assim por cá, a falar apenas de recantos escondidos de Portugal. No entretanto, vou-me deliciando a ler a Elsewhere - A Journal Of Place, lançada este ano em Berlim.

 

Ouvir

"Freedom & Surrender", o quinto disco de Lizz Wright, fica a meio caminho entre as águas tranquilas do smooth jazz e os momentos de inquiteação da soul - contraste muito bem mostrado em "Right Where You Are", um dueto arrebatador com Gregory Porter. As canções são, na maioria, originais da própria Lizz Wright, nalguns casos em colaboração com Jesse Harris, um dos pilares da carreira de Norah Jones. Mas há também versões de outros autores, como "River Man" de Nick Drake ou  "To Love Somebody", dos irmãos Gibb/Bee Gees, que ganhou um tratamento gospel. Se escolhesse uma só canção, ia direito para "Here And Now", uma amostra de uma produção perfeita, em que a voz de Wright e o Fender Rhodes de Dan Lutz se combinam de forma perfeita. CD Concord/ Universal.

 

Provar

Muito boa surpresa o novo restaurante de cozinha japonesa tradicional localizado no Hotel Turim Saldanha Hotel - o Tsubaki, que conta com a orientação do chef Paulo Morais. O restaurante é dedicado à cozinha japonesa contemporânea, não apenas a sushis - assim é possível encontrar sopas, massas, grelhados na chapa e assados. Numa recente visita, o facto de se encontrar uma boa mesa de japoneses na sala, que não estavam alojados no Hotel, serviu logo de boa recomendação. Provou-se uma sopa miso com amêijoas, gengibre e coentros, uma espetada de vieiras grelhadas com ar do mar, gyozas de frango com molho picante, rolos de sapateira com pepino, algas wakame e gengibre e uma salada de ceviche, o peixe marinado em lima e malagueta. É uma cozinha atrevida, que incorpora também clássicos, como a sopa de massa ramen ou diversas tempuras. Os doces foram a parte menos conseguida da experiência. Mas todos os pratos experimentados superaram as expectativas. A garrafeira é pequena mas honesta nas escolhas e nos preços. Há também menus especiais de almoço e, ao fim-de-semana, o restaurante está apenas aberto ao jantar. Turim Saldanha Hotel, Rua Latino Coelho 23, telefone 210492320. Tsubaki, já agora, quer dizer Camélia, uma flor que foram os portugueses a levar para o Japão.

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