Opinião
A esquina do Rio
A rambóia dos cartazes partidários tem a ver com uma noção desajustada da realidade comunicacional contemporânea, mais do que com questões políticas ou ideológicas.
Back to basics
Quem toma conta da máquina do poder deve sempre lembrar-se que não ficará para sempre a dirigi-la.
P. J. O'Rourke
Comunicar
A rambóia dos cartazes partidários tem a ver com uma noção desajustada da realidade comunicacional contemporânea, mais do que com questões políticas ou ideológicas. O que aconteceu revela pouco estudo, desprezo pelas possibilidades que hoje se abrem de busca e comparação de imagens, e pelo facto inegável de, no fundo, os partidos e alguns dos seus estrategas considerarem os eleitores uma carneirada disposta a comer tudo em troca de um prato de promessas.
Há uns anos atrás, nada disto teria acontecido porque a velocidade de reacção era mais lenta, porque seria mais difícil localizar factos, pessoas, imagens e situações e, sobretudo, não existia a capacidade de quase instantaneamente os mais criativos caricaturarem as asneiras dos políticos a partir da sua própria matéria-prima, como agora aconteceu.
A sucessão de cartazes jocosos inspirados nos cartazes originais destas próximas eleições é enorme e prova, sobretudo, o descrédito de uma classe política incapaz de ver como a paisagem mediática se alterou. Os graffitis de hoje em dia são os comentários no Facebook ou Twitter e o poder do Galo de Barcelos está em qualquer "smartphone", não é necessário um "spray" de tinta. E, por outro lado, os cartazes reflectem a vigarice eleitoral permitida por lei: eles são efectivamente publicidade paga. Na quase totalidade dos casos, não são propriedade dos partidos mas sim de empresas que alugam o seu espaço e os seus serviços de afixação às campanhas. Os cartazes são um negócio, apesar de a compra de publicidade em período eleitoral ser proibida; no entanto, essa compra existe, é tolerada e dá o resultado que tem estado à vista.
A CNE, como sempre, assobia para o ar e preocupa-se mais a minutar debates do que a perceber que os abstencionistas já não estão a ver TV e só olham para os cartazes quando se transformam em piadola viral na Internet. E, aí, muito logicamente, desistem mais uma vez de deitar o voto nos cómicos de serviço.
• Mais de um terço dos incêndios de Agosto começaram à noite • na primeira semana do mês, houve 1.766 incêndios florestais que destruíram nove mil hectares • a GNR já deteve 48 suspeitos de atearem incêndios • foi detido pela população um madeireiro da região de Penacova, acusado de ter ateado seis incêndios em três dias • há 48 mil pessoas por dia a utilizarem as cantinas sociais • o preço dos livros escolares aumentou 10,4% nos últimos quatro anos • a compra de casas aumentou 25% no decurso deste ano • em 2014, produziram-se em Portugal 1,6 milhões de bicicletas, que geraram exportações no valor de 315 milhões de euros • metade do aumento das exportações portuguesas deste ano teve Espanha como destino • as vendas para o mercado angolano encolheram 367 milhões de euros no primeiro semestre • as exportações para fora do espaço europeu subiram 2,3% • as receitas dos museus, monumentos e palácios nacionais aumentaram 60% no primeiro semestre deste ano, em relação a igual período do ano passado • o mês de Julho bateu o recorde de operações no multibanco, com 310 milhões de utilizações, mais 10 milhões que o recorde anterior, de Dezembro passado • segundo a Marktest, no primeiro semestre de 2015, mais de 86% dos internautas portugueses acederam a "sites" de comércio electrónico • em Junho, o crédito às famílias registou o maior aumento desse Novembro de 2004 • as empresas públicas tiveram, nos primeiros três meses do ano, o dobro do prejuízo que estava estimado.
Folhear
Francis Ford Coppola ganhou fama como realizador, revelou-se um apaixonado produtor de vinhos na Califórnia, mas o que menos gente sabe é que é também o editor de uma revista, "Zoetrope: All-Story". A revista é publicada quatro vezes por ano e define-se como uma publicação dedicada às letras e à arte. Criada em 1977, na sua essência está a publicação de pequenos contos. A revista tem ganho uma série de prémios relacionados com a publicação de ficções de novos autores, mas também nomes consagrados como Don DeLillo, Margaret Atwood, Salman Rushdie ou David Mamet, entre outros. Além de inéditos, em cada edição é incluída uma republicação, sempre de "short stories" que tenham inspirado o argumento de um filme - com o intuito de mostrar a relação entre a narrativa literária e a cinematográfica.
Na edição deste Verão, a republicação é de um conto de Julio Cortazar - "The Southern Thruway", que o autor diz ter sido uma fonte de inspiração para algumas cenas de "Weekend", de Jean Luc Godard. Cada edição convida um artista contemporâneo para ilustrar e conceber graficamente esse número da revista - como já aconteceu com Zaha Hadid, Julian Schnabel, Laurie Anderson, Helmut Newton, Ed Ruscha ou David Byrne. A edição deste Verão é concebida e ilustrada por Clare Rojas. A revista organiza também um concurso anual de contos, e outro de argumentos cinematográficos, ambos com um júri de notáveis. Detalhes em www.all-story.com.
Gosto
Nos últimos três anos, a conta de medicamentos suportados pelas famílias reduziu-se em 90 milhões de euros graças às revisões de preços e aos novos acordos praticados com a indústria farmacêutica.
Não gosto
Do elevado número de vezes que, nos últimos anos, uma mesma empresa, sem grande criatividade nem actividade, é escolhida para a elaboração de campanhas publicitárias de apelo à participação eleitoral lançadas pela Comissão Nacional de Eleições.
Ver
A aviação militar portuguesa está a comemorar o seu centenário - foi entre 1914 e 1916 que se estabeleceram os pilares do seu funcionamento: formação de pilotos, aquisição de material, instalação, etc. A história da aviação militar portuguesa e, em parte, também da aviação civil, pode ser vista no Museu do Ar, que funciona junto à Base Aérea n.º1, na Granja do Marquês, perto de Sintra, onde a área expositiva foi completamente reformulada em 2011. O Museu do Ar possui ainda dois pólos adicionais, um em Alverca, aberto ao público desde 1971, e outro em Ovar, no Aeródromo de Manobra Nº1. Em 2013, ganhou o prémio de Museu do Ano, atribuído pela Associação Portuguesa de Museologia. Numa área de 3000 m2, no hangar principal, estão expostas, por ordem cronológica, 42 aeronaves. Há ainda salas dedicadas aos Transportes Aéreos Portugueses (TAP), aos aeroportos portugueses e também aos pioneiros da aviação. Alguns dos aviões expostos são raridades museológicas a nível mundial, casos do Ju-52, do Avro Cadet e do Dragon Rapid. Nesta categoria estão também as réplicas à escala 1:1 do Demoiselle, Caudron G3, Farman e do Blériot XII. O Museu do Ar fica localizadona Granja do Marquês, Pêro Pinheiro, Sintra.
Arco da velha
Vítor Tito, que assegurou os polémicos cartazes do PS sobre o desemprego, recebeu da Câmara Municipal de Lisboa 818 mil euros por trabalhos facturados pela sua empresa BBZ em 16 ajustes directos, enquanto António Costa presidiu à autarquia, entre 2008 e 2014.
Os trabalhos para Costa, nas eleições do PS e estes de agora, são um apoio pessoal à causa que tanto o ajudou.
Ouvir
No dia 7 de Julho de 1990, em Roma, no cenário das Termas de Caracalla, José Carreras, Plácido Domingo e Luciano Pavarotti fizeram um recital que ficou histórico, sob a designação de "Os Três Tenores". A Orquestra do Teatro da Ópera de Roma e a Orquestra do Maggio Musicale Fiorentino foram dirigidas pelo maestro Zubin Mehta. O repertório escolhido pelos três tenores era variado, incluía temas populares e peças clássicas e algumas das mais emblemáticas interpretações da carreira de cada um deles.
O espectáculo de 1990 foi organizado para angariar fundos para uma Fundação criada por José Carreras, destinada a apoiar doentes com leucemia, doença que ele próprio tinha vencido há pouco tempo. Até ao início deste século, os Três Tenores juntaram-se em diversas ocasiões, mas nunca mais se repetiu o momento mágico desse 7 de Julho de 1990. Para assinalar os 25 anos do evento, a Decca fez agora uma edição especial, limitada, que para além do CD com a gravação integral do recital, inclui um DVD com o registo vídeo do concerto e também um documentário, feito nos bastidores e intitulado "The Impossible Dream". À venda na FNAC e El Corte Inglés.
Dixit
Não me passa pela cabeça deixar de utilizar a estação de Santa Apolónia.
Manuel Queiró, Presidente da CP
Provar
A Rua da Saúde está para Setúbal como as Docas de Alcântara estão para Lisboa - é uma fiada de bares e restaurantes à beira de água, uns mais a puxar para o típico, outros para o corriqueiro e outros para o inesperado, como é o caso do My Restaurante do Rio. Com o Sado em frente e Tróia à vista, o local é magnífico. A decoração é simpática e mais personalizada do que é costume. Também tem melhor serviço do que é costume na Rua da Saúde e a qualidade é boa, nalguns casos até melhor. Para mim, o destaque foi para as ostras, fresquíssimas, absolutamente impecáveis, a 1,50 euros cada uma. O cantaril, também fresco, estava no ponto certo de grelha e foi uma boa surpresa. O "couvert" incluía pão decente, azeitonas temperadas e uma pasta de atum bem feita. A garrafeira, embora limitada, tem boas escolhas a preços honestos. O destaque vai para o bom ambiente e o bom serviço, cada vez mais um critério diferenciador. Durante a tarde, há uma "happy hour" com tapas e petiscos e, à noite, volta e meia há fados e DJ's. Para além dos grelhados e do peixe fresco, há outras propostas na lista do chefe António Nascimento, como um "risotto" de açafrão com vieiras, um arroz negro de choco ou açorda de lagosta e gambas. Rua da Saúde 50-52, telefone 265 094 151, facebook.com/myfood.pt .
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