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Ouvir e respeitar a opinião dos especialistas

O Governo ignora, olimpicamente, em todas as matérias relacionadas com decisões estruturais, para o desenvolvimento do país, as opiniões e os pareceres dos especialistas.

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Nas sociedades modernas, desenvolvidas, as grandes decisões, políticas, económicas e sociais, assumem uma crescente complexidade.

 

Na grande maioria dos casos, exigem análises sistémicas, com um conjunto de variáveis interligadas, cuja optimização só é possível com a utilização de algoritmos complexos.

 

Não é pois, de estranhar, que nas sociedades desenvolvidas e estruturadas, as grandes decisões sejam suportadas por pareceres de um painel de especialistas, com conhecimentos teóricos e aplicacionais, que percorrem todas as variáveis do sistema, em análise.

 

É o que acontece na Alemanha, Suíça, Holanda e restantes países desenvolvidos, da Europa do Norte.

 

Em Portugal, ocorre, exactamente, o contrário.

 

O Governo ignora, olimpicamente, em todas as matérias relacionadas com decisões estruturais, para o desenvolvimento do país, as opiniões e os pareceres dos especialistas.

 

O actual Governo, constituído, maioritariamente, por juristas, colegas do primeiro-ministro e ex-alunos do Presidente da República, como ele não se cansa de repetir, sem conhecimentos adequados, nas áreas económica, científica, tecnológica e de engenharia, toma decisões estruturais, ignorando, completamente, a opinião dos especialistas, nos vários temas.

 

O caso mais emblemático é o do novo aeroporto de Lisboa.

 

Todos os especialistas que se debruçaram sobre este tema, com profundidade, se pronunciaram contra a localização no Montijo.

 

Qual foi a decisão do Governo?

 

Localizar o novo aeroporto no Montijo!

 

A Ordem dos Engenheiros, promoveu, sob a liderança do Eng.º Carlos Matias Ramos, engenheiro civil, ex-bastonário da Ordem dos Engenheiros e ex-presidente do LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil, um amplo debate, técnico e económico, sobre a localização do novo aeroporto.

 

As conclusões, que contemplavam as vantagens de Alcochete e desvantagens do Montijo, elaboradas por especialistas de reconhecida competência, académica e profissional, e total independência, foram entregues ao Governo.

 

Recentemente, um outro conjunto de especialistas, engenheiros civis e do ambiente, com formação económica, vêm confirmar as desvantagens do Montijo e propor, como alternativa, a Alcochete, Alverca.

 

O que devia ter sido feito, e que ensinei aos meus alunos de Projecto Empresarial, sobre Teoria da Localização, é simples: uma análise multicritério, utilizando o Método Electre ou outro equivalente, das localizações possíveis, por especialistas de reconhecida competência, idoneidade e independência, que apresentariam um relatório exaustivo e conclusivo, para decisão do Governo.

 

Em vez disso, temos assistido à publicação de artigos de opinião confrangedores, por militantes do Partido Socialista, sem qualquer formação académica e profissional, nesta área, defendendo a localização no Montijo, provocando, em quem os lê, um misto de compaixão e perplexidade.

 

Esta postura só é grave, por uma razão: as grandes decisões estruturais condicionam a qualidade de vida das futuras gerações duma forma irremediável.

Bom Ano de 2020! 

 

Gestor de Empresas

 

Artigo em conformidade com o antigo Acordo Ortográfico

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