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Empresas-escola

A informalidade com que grande número de PME funciona, mesmo as que contratam quadros de gestão, é altamente negativa para a sua afirmação nos mercados internacionais e para a utilização de processos de inovação, e de negociação complexos.

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Com o desaparecimento, ou redução substancial de dimensão, de um conjunto alargado de empresas portuguesas, reduziu-se, significativamente, o número de empresas-escola.

 

Estas empresas prestavam um serviço inestimável à comunidade empresarial nacional, nas seguintes áreas: complementavam o conhecimento teórico dos quadros de engenharia e de gestão, provenientes das nossas universidades, com conhecimentos práticos e aplicacionais; robusteciam o conhecimento destes quadros nos domínios dos processos e da organização empresarial; sensibilizavam-nos para o trabalho em equipa e para as técnicas de negociação e liderança; aumentavam a exigência e rigor de gestão, criando carreiras de nível internacional; formavam quadros técnicos para as PME, que, por esta via, beneficiavam de todo este conhecimento organizacional e aplicacional.

 

Com a redução do número destas empresas-escola e o aumento do número de PME, produziram-se dois efeitos negativos na dinâmica empresarial portuguesa: redução da dimensão média das empresas portuguesas; e redução da competência e eficiência organizativa e aplicacional dos quadros de engenharia e de gestão.

 

Tenho encontrado, em algumas PME, já com alguma dimensão, quadros de gestão que não sabem construir um organograma eficiente para a sua empresa, são incapazes de organizar uma agenda rigorosa para as reuniões da administração e redigem actas de reunião manifestamente insuficientes, em termos de detalhe, para registo futuro.

 

A informalidade com que grande número de PME funciona, mesmo as que contratam quadros de gestão, é altamente negativa para a sua afirmação nos mercados internacionais e para a utilização de processos de inovação, e de negociação complexos, que lhes permitam aumentar a sua competitividade internacional e actuar em mercados sofisticados.

 

A ausência de incentivos ao crescimento das nossas empresas, por fusão ou aquisição, e os elogios permanentes às PME, por parte dos partidos de extrema-esquerda, que nos governam, com o objectivo único de manterem a sua base eleitoral, estão na origem desta situação.

 

Sem empresas-escola e com uma base empresarial suportada em PME, estamos condenados a criar empregos pouco qualificados e mal remunerados, a exportar produtos de baixo valor acrescentado e assistir à saída do país dos nossos jovens mais qualificados e competentes.

 

Não vamos, também, poder acompanhar as revoluções tecnológicas que se aproximam, ao nível dos sistemas de informação e comunicação, no acompanhamento das várias tecnologias associadas à Indústria 4.0, nos novos modelos de marketing digital, no desenvolvimento de marcas nacionais que acrescentem valor às nossas exportações.

 

É esta a ambição dos portugueses?

 

Estamos disponíveis para assistir a um cada vez maior afastamento dos padrões de vida dos países do Norte da Europa, para onde continuam a emigrar os nossos jovens mais promissores?

 

Gestor de Empresas

 

Artigo em conformidade com o antigo Acordo Ortográfico 

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