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A novela do novo aeroporto de Lisboa

Já todo o país esclarecido, para além da comunidade de engenharia, percebeu que a solução Alcochete é a melhor solução em termos estratégicos, ambientais e de desenvolvimento económico.

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O país tem assistido, incrédulo, a uma verdadeira novela sobre o novo aeroporto de Lisboa.

Que culmina com uma proposta do Governo de alteração duma lei, justa e racional, que estipula a necessidade de concordância das autarquias circundantes, face ao impacto que uma infraestrutura desta dimensão, acarreta.

Em detrimento duma via negocial, com um modelo equivalente ao adoptado pela autoridade da concorrência, que obriga à adopção de remédios, em casos de afectação de direitos dos concorrentes.

Limitar o parecer das autarquias aos aeródromos, construídos, na maior parte dos casos, por elas próprias, é irreal!

Para este Governo, autoritário, de extrema-esquerda, se a lei atrapalha as suas decisões, muda-se a lei, independentemente da sua bondade e racionalidade.

A complacência do líder do meu partido, neste processo, é, para mim, um enigma.

Mas estes avanços e recuos resultam da falta de estudos aprofundados sobre esta matéria?

Não, não faltam estudos.

A Ordem dos Engenheiros promoveu o estudo, análise e divulgação deste tema, duma forma exaustiva, sob a coordenação dum especialista, o Eng.º Carlos Matias Ramos, engenheiro civil, ex-bastonário da Ordem e ex-presidente do LNEC, que concluiu, duma forma explícita, pelas vantagens de Alcochete.

Não surgiu nenhum engenheiro, com conhecimentos técnicos e currículo relevante, nesta matéria a recomendar a solução Montijo.

O Governo ignorou, olimpicamente, estes pareceres técnicos e continua a apostar no Montijo.

Já todo o país esclarecido, para além da comunidade de engenharia, percebeu que a solução Alcochete é a melhor solução em termos estratégicos, ambientais e de desenvolvimento económico.

É a única que garante a construção, operação e afirmação dum hub em Lisboa, que torne o país autónomo do hub de Madrid, em relação aos mercados americano e africano.

Entretanto começam a proliferar as notícias negativas, sem base de suporte consistente, sobre a opção Alcochete.

Alega-se que o custo é muito superior, sem que se consiga vislumbrar como, a não ser comparando soluções distintas em termos de capacidade instalada.

Os três anos necessários para a desminagem são delirantes.

Todos os que cumpriram serviço militar obrigatório, no meu caso, como alferes miliciano de armas pesadas de infantaria, em Angola (onde a desminagem é um problema real!), não conseguiram conter uma gargalhada.

A razão de todo este desespero parece ser clara.

Uma privatização atabalhoada da ANA, a um grupo estrangeiro, sem acautelar, devidamente, em termos contratuais, os interesses nacionais.

A ameaça recente, relatada por vários jornais, dum pedido de indemnização, por parte da ANA, por lucros cessantes, dá bem a noção de como não foram defendidos princípios básicos de soberania nacional.

Tenho poucas ilusões de que a solução final, a haver, não venha a ser o Montijo.

Sacrificando, uma vez mais, o desenvolvimento económico e empresarial futuro do nosso país.

E as gerações futuras.

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