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20 de Fevereiro de 2014 às 00:01

A desunião das esquerdas

Aventar a hipótese de um recuo das instituições que fixam as relações do trabalho e do capital para o modelo do séc. XIX é mascarar a realidade, ou má-fé. Os operários de hoje lembram-se da vida, direitos e obrigações dos seus pais e avós.

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A FRASE...

 

"Enquanto a população deste maravilhoso cantinho é assaltada e vai regredir para níveis de exploração do séc. XIX, há grupos que escolheram passar o tempo a discutir… Toda a gente vai ser precária e mal paga."

 

Nuno Ramos de Almeida, in Jornal i em 18 de Fevereiro de 2014

 

A ANÁLISE...

 

Ainda bem que existem historiadores que afincadamente pesquisam sobre o nível de vida dos povos ao longo dos séculos. Os seus frios números explicam-nos que a classe nobre e abastada do séc. XIX vivia bem pior do que um operário ou empregado de serviços de hoje, com base em qualquer dos indicadores actuais de nível de vida, tais como salários, educação, saúde, ou reformas. O fausto imobiliário, decorativo ou de vestimentas dos ricos e poderosos dessa época escondia a miséria que grassava na própria sociedade da corte, dos seus funcionários e dos povos que a serviam. Os pobres de hoje, à luz das miseráveis personagens de Dickens ou dos remediados da época, aparentam riqueza.

Aventar a hipótese de um recuo das instituições que fixam as relações do trabalho e do capital para o modelo do séc. XIX é mascarar a realidade, ou má-fé. Os operários de hoje lembram-se da vida, direitos e obrigações dos seus pais e avós.

Esse fantasioso recuo civilizacional não existira em Portugal e na Europa a que pertencemos nas próximas décadas. A esquerda devia unir-se para debater a razão de um operário alemão ganhar hoje mais do que um português. Na busca da resposta, talvez encontrasse uma união para novas esquerdas. As velhas foram derrotadas pela produtividade actual do trabalho.

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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