Opinião
Socialismo e social-democracia na gaveta?
Enquanto a economia a longo prazo não mente - observar os péssimos números de Portugal por décadas é revoltante - a política omite e mente quase todos os dias.
A FRASE...
"Sou uma social-democrata, não na mesma graduação."
Marisa Matias, Candidata Presidencial
A ANÁLISE...
A candidata chegou tarde à social-democracia. Esta não prospera com dívida elevada, mas com a que for sustentável. As atuais dívidas europeias com taxas de juro negativas são o terreno fértil, para os populistas de esquerda que veneram o sacrossanto Estado como princípio e fim da vida e da história, para produzirem o seu encantamento do paraíso na terra. O Presidente Mário Soares quando arquivou o seu socialismo europeu e moderno, e não este pejado de Estado e nomenclaturas, fê-lo por questões terrenas e não se prendeu às suas utopias. O seu economista de serviço ajudou-a a perceber a situação trágica em que vivíamos. Os economistas sérios lutam hoje com a tentativa de compreensão do fenómeno de taxas de juro baixas e negativas. Os keynesianos serôdios e tardios, e alguns deles irresponsáveis, estão a esconder os fundamentos básicos da economia para acudirem aos políticos em exercício de poder por forma que estes não sejam enxovalhados na rua por ausência de soluções. Rejeitam as soluções de mercado porque são dolorosas, e transferem a dor para as gerações seguintes. A única solução que entendem revelar ao povo é a estatal, acompanhada pela monetária oferecida por Lagarde para tranquilizar os mercados, transmitindo assim a falsa ideia de que não haverá sacrifícios para a maioria da população. Esta política monetária favorece Wall Street e não Main Street. Omite-se que a taxa de juro a curto prazo é fixada administrativamente, mas a longo prazo é o mercado de investimento e poupança reais que a determinam.
O "Exchequer" de Boris Johnson já emitiu mais dívida no seu curto período do que o de 10 anos de Gordon Brown. Nas contas do reputado economista Greg Mankiw, para alguém que se preocupe com a sua reforma, a necessidade de poupar cresceu assustadoramente 19% com estas taxas de rendimento. Enquanto a economia a longo prazo não mente - observar os péssimos números de Portugal por décadas é revoltante - a política omite e mente quase todos os dias. O povo não vai dividir a política entre a esquerda e a direita: será uma luta dos sérios e responsáveis contra fantasistas, mestres da ocultação e da mentira. Nenhum PR eleito nos pode omitir o que se vai passar, por muito que isso lhe custe na relação com o seu povo.
Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.
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