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06 de Outubro de 2020 às 17:18

A crise e o futuro de Portugal

De acordo com as previsões desta prestigiada instituição Portugal será o quarto país com menor PIB per capita da zona Euro no final de 2021 e o terceiro mais pobre em 2024. Uma trajetória de declínio e de atraso.

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A segunda vaga da pandemia tem vindo a desenvolver-se com intensidade em Portugal ameaçando ultrapassar os níveis de infecciosidade e de mortalidade da primeira vaga.

 

Portugal está nas listas vermelhas de quase toda a Europa embora, absurdamente, mantenha a porta aberta a todos os estrangeiros e o primeiro-ministro teime em garantir que novos encerramentos não são necessários, aproximando-se das políticas de Bolsonário e de Trump consubstanciadas em não ao uso obrigatório de máscaras nos espaços públicos abertos, não ao teletrabalho, não à quarentena nas áreas mais afetadas.

 

Os recentes surtos em lares mostram também que nada se aprendeu com a primeira fase e que o país não consegue proteger esta população de risco.

 

Portugal tem persistido, mês após mês, em manter-se como o país com maior mortalidade excessiva da União Europeia, isto é aquele em que houve este ano mais mortes acima da média de mortes dos anos anteriores.

 

A proteção da vida humana vai a par com a salvaguarda da economia. Falhando uma também falha a outra. A presença na lista vermelha de outros países devido ao deficiente controlo da doença levou a enormes perdas em vários setores como o turismo, a restauração, os museus, as artes e outros.

 

O FocusEconomics divulgou recentemente as suas últimas previsões para a evolução económica dos países europeus. Para o terceiro trimestre deste ano (Julho, Agosto e Setembro) preveem um decréscimo de 10,4% do PIB a que se seguirá no último trimestre outro de 8,6%, continuando a economia a cair no primeiro trimestre do próximo ano. Um desastre que terá o seu preço em emigração, pobreza e atraso.

 

Estas violentas e persistentes quebras do PIB serão das maiores na zona Euro. Só a Espanha terá um comportamento pior. Portugal será assim o segundo país mais atingido pela crise económica.

 

A par com esta recessão, o país também entrou em deflação, o deficit público vai situar-se nos 8% e a dívida pública nos 135% do PIB (a maior da zona euro). As exportações terão este ano uma queda de mais de 20% (a segunda maior queda da zona Euro). É possível fazer pior? Muito dificilmente.

 

De acordo com as previsões desta prestigiada instituição Portugal será o quarto país com menor PIB per capita da zona Euro no final de 2021 e o terceiro mais pobre em 2024. Uma trajetória de declínio e de atraso. 

 

Em contraste com esta desgraça anunciada as nossa elites comprazem-se no autoelogio, no louvor mútuo, anunciando novas vitórias todos os dias. Assim não vamos lá.

 

Economista

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