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Timor-Leste: 15 anos de liberdade

Timor tem uma das maiores taxas de natalidade do mundo - sete nascimentos por mãe, tendo agora 60% da população com menos de 25 anos. Muitos dilemas para o futuro.

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A tomada de posse do novo Presidente de Timor-Leste, Francisco "Lu-Olo" Guterres, coincidiu com a passagem dos primeiros 15 anos de independência, no alvor do século XXI. Numa altura em que temos esquecido um pouco este país, não deixa de ser interessante recordar que esta eleição marcou um momento que é simbólico: foi a primeira eleição presidencial sem a presença das forças internacionais de paz, um sinal do crescimento de Timor-Leste como nação independente. Timor-Leste tem ganho também um espaço notório na região, como reconhece o último relatório sobre a democracia da Economist Intelligence Unit, já que o país está à frente de todos os outros países do Sudoeste Asiático, num confortável 43.º lugar a nível mundial.

 

O país passou de um Estado frágil, muito marcado pelos anos de ocupação indonésia e, depois, pelos conflitos políticos internos, para um de paz e de algum desenvolvimento. A vitória de Guterres foi, de resto, um sinal de que o legado de Xanana Gusmão foi também um sinal de consolidação do governo de unidade nacional, tornado possível quando este deixou o cargo de primeiro-ministro e permitiu a Rui Araújo, da Fretilin, tomar o seu lugar. Guterres é o presidente da Fretilin, o antigo partido que se transformou no elo mais forte da resistência armada à ocupação indonésia. Esse conflito deixou muitas feridas abertas: nele terão perecido perto de um terço da população do país. Tem havido críticas também: há quem diga que a "aliança" entre a Fretilin e o CNRT de Xanana permitiu muito nepotismo e corrupção, que as receitas do petróleo alimentaram. Entre os maiores críticos está o antigo Presidente Taur Matan Ruak, que deve concorrer às próximas eleições para o Parlamento, com o novo PLP. Para ele o Estado tornou-se muito centralizado, gastando recursos que deveriam ser utilizados para o bem dos timorenses.

 

Há claramente dois modelos económicos em confronto: a maioria governamental apoia o desenvolvimento com base em infra-estruturas e muito gasto público. A oposição queria mais aposta nos serviços públicos e acha que muitos dos grandes contratos estão a favorecer familiares de políticos no poder. Depois há também os 16 mil milhões de dólares depositados no fundo soberano de Timor-Leste e o excessivo peso das receitas do petróleo e gás: 90% das receitas do OE. O governo ainda espera um acordo melhorado com a Austrália no campo Greater Sunrise, mas dificilmente Camberra alterará os 50%-50% da divisão de lucros. Para conseguir a paz interna, depois das revoltas de 2006, Xanana teve de amainar os críticos. E um deles, Mari Alkatiri, foi nomeado governador de Ocussi, que se tornou uma zona económica especial. Há ainda a questão demográfica: Timor tem uma das maiores taxas de natalidade do mundo - sete nascimentos por mãe, tendo agora 60% da população com menos de 25 anos. Muitos dilemas para o futuro.

 

A Arábia Saudita, o Irão, o Qatar e a estratégia americana

 

A recente visita de Donald Trump e a assinatura de um vasto acordo de venda de armas a Riade no valor de 110 mil milhões de dólares soou como um sinal do reforço de relações entre os dois países. E um sinal de conflito para com o Irão. Se juntarmos a isso a ida de Trump a Israel, muitos viram aqui uma linha de convergência vasta para combater a influência iraniana no Médio Oriente. Por todos os meios. O que parece evidente é que há uma posição muito mais agressiva dos EUA face a um Irão que, ao eleger Rouhani como Presidente, deu sinais de continuar a tentar abrir janelas para a comunidade internacional. Mas há interesses diferentes entre os principais protagonistas desta história. E todos eles têm reflexos no futuro de paz (ou guerra) na região. Há quem refira que o principal alvo desta atitude agressiva é o Hezbollah libanês, que tem funcionado (como se viu na Síria) como linha da frente do Irão. Mas sabe-se que uma acção de Israel no Líbano poderá levar a um falhanço, tal como em 2006, e funcionar como uma forma de dar mais força ao movimento xiita.

 

A venda de armas à Arábia Saudita não transformará o reino numa potência militar. Riade tem problemas estruturais para ter umas Forças Armadas fortes (como se está a ver no Iémen, onde a luta contra os houthis apoiados pelo Irão está a ser deplorável em termos de objectivos e de "danos colaterais"). Até porque Riade não tem conseguido uma aliança total no universo sunita (as notícias falsas colocadas nas televisões sauditas sobre eventuais comentários do emir do Qatar sobre a relação da Arábia Saudita e dos EUA sobre o Irão mostraram o desconforto existente). Riade conta com o apoio forte dos Emirados Árabes Unidos e do Bahrain, mas os outros países da região torcem o nariz a uma coligação contra o Irão. Muito do conflito poderá começar por se travar na Síria (e expandir-se para o Líbano), pressionando o Hezbollah a responder.

 

Macau: Moody's melhora perspectiva

 

A agência Moody's manteve a notação de risco de Macau tanto em moeda local como estrangeira em "Aa3" e reviu em alta de negativa para estável a perspectiva ("outlook"), de acordo com uma nota divulgada quarta-feira em Singapura. A Moody's escreveu que a capacidade financeira de Macau e o nível de receitas e de despesas proporcionam uma almofada financeira para resistir a futuros choques negativos e que o processo continuado de diversificação económica reforça a flexibilidade do crescimento do Produto Interno Bruto. "Estes factores favoráveis são os que fundamentam e justificam a atribuição desta notação de crédito e as perspectivas de estabilidade", pode ler-se na nota aos investidores da agência.

 

Omã

 

Omã, país que costuma ser uma ponte de diálogo entre países em conflito no Médio Oriente, condenou o atentado de Manchester, de acordo com um comunicado do seu ministro dos Negócios Estrangeiros. Nele se refere que Omã opõe-se seriamente à violência, qualquer que seja a sua origem, forma ou causa, bem como as actos criminosos que põem em causa vidas inocentes e contradizem os valores humanos e os princípios da tolerância. O comunicado também expressava condolências às vítimas e ao governo britânico.

 

Novo Banco: vende na Ásia

 

O Novo Banco, a instituição que herdou os activos considerados de qualidade do falido Banco Espírito Santo, concluiu o processo de venda de 75% do capital social do Novo Banco Ásia ao Well Link Group Holdings Limited, de Hong Kong. O banco informou ainda no comunicado divulgado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários que a sucursal de Macau foi vendida àquele grupo de investidores pela soma de 145,8 milhões de euros. O acordo de venda assinado prevê ainda um conjunto de opções de compra e venda, com condições já acordadas, que cobrem os restantes 25% e podem ser exercidos num prazo até cinco anos perfazendo um preço total para os 100% de 183 milhões de euros. O Well Link Group Holdings Limited, constituído em Novembro de 2015 e não estando cotado em bolsa, é controlado por um grupo de investidores com interesses na mediação de seguros, serviços financeiros dirigidos a particulares e a empresas, corretagem de títulos e de futuros e gestão de activos. 

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