Opinião
Qual o futuro do Líbano?
O ousado jogo da Arábia Saudita no Líbano arrisca acabar com o frágil equilíbrio que tem permitido ao país do cedro manter-se imune à contaminação da guerra na Síria.
Chegado a Paris, vindo de uma estadia ainda muito mal explicada na Arábia Saudita, o primeiro-ministro libanês, Saad Hariri, disse que voltaria a Beirute a tempo de participar no Dia da Independência na próxima quarta-feira. E para se encontrar com o Presidente Michel Aoun. Tudo isto não afasta por completo a instabilidade criada pela Arábia Saudita sobre o pequeno país do cedro, onde os equilíbrios políticos são muito instáveis. E onde Riade tem um enorme poder, nomeadamente através da sua influência na elite sunita (que designa o primeiro-ministro), nas remessas dos emigrantes libaneses que ali trabalham e nos depósitos sauditas nos bancos libaneses. O seu poder económico é tentacular. E, claramente, na cada vez mais visível política de fricção do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman contra o Irão, o Líbano tornou-se uma frente de batalha. Conseguirá sobreviver às manobras sauditas?
Na crista da onda está o Hezbollah libanês, que tem sido um braço armado do Irão na região, sobretudo na guerra síria, onde a sua presença foi fundamental para que Bashar al-Assad tivesse conseguido manter-se no poder e para colocar em retirada a oposição síria financiada pela Arábia Saudita. Nisso, claro, Riade tem como aliado Israel que na sua última invasão do Líbano foi derrotado pelo Hezbollah. A "demissão" de Hariri era a forma encontrada pelos sauditas para que a sociedade política libanesa se virasse contra o Hezbollah. O problema é que isso não aconteceu. Pelo contrário: a sociedade libanesa uniu-se para pedir que Hariri deixasse Riade. Tal como mostrou Michel Aoun, o Presidente, um maronita, que chegou a lutar contra as conhecidas interferências sírias na sua vida política e que coincidiram com a sangrenta invasão de 1990. A pressão saudita deve agora continuar através do seu poder económico. Meio milhão de libaneses trabalha na Arábia Saudita e em outros países do Golfo. Cerca de 5% do PIB libanês depende das remessas desses emigrantes. Agora Riade ameaça enviar esses emigrantes de volta ao Líbano. E isso poderá causar problemas num país que sobreviveu à guerra contra o Daesh nas suas fronteiras. A Arábia Saudita, num momento de ruptura interna (por questões de sobrevivência económica), está a forçar um confronto externo. Resta saber se o Líbano será esse campo de batalha.
Camboja: o país do pensamento único
Quando se entra em Phnom Penh pelo rio Mekong tem-se a sensação de uma cidade iluminada. De que estamos a entrar no outrora império Khmer, um dos mais poderosos e sofisticados da região. Mas quando se percorre as ruas da capital defrontamo-nos com a sua decadência moral e material, que nem as glórias monumentais khmeres, como Angkor Wat, conseguem esconder. Foi este país, depois de ter sido estilhaçado pela radicalidade sangrenta dos khmeres vermelhos (alguns deles licenciados em Filosofia em França), que encontrou um novo homem-forte, Hun Sen, no poder desde que, fartos das atrocidades dos khmeres vermelhos, os vietnamitas invadiram o país. Com o tempo, o país foi-se transformando num mundo de pensamento único. Não admira que, depois de tantos anos de guerrilha política, as máscaras tenham caído. O Supremo Tribunal do Camboja dissolveu oficialmente o Cambodia Rescue Party (CNRP), o maior partido da oposição, o que transforma, de modo real, o país num regime de partido único.
A acusação é a de que, em conluio com potências estrangeiras, o CNRP pretendia derrubar o governo de Hun Sen. O presidente do CNRP, Kem Sokha, foi detido em Setembro acusado de "traição". E continua em prisão. Metade dos deputados do CNRP já fugiram do país. O caminho está assim aberto para que o CPP (o Partido do Povo) de Hun Sen ganhe, sem problemas, as eleições de Julho de 2018. Nas últimas eleições gerais, recorde-se, o CNRP recebeu cerca de 3 milhões de votos, perto de menos 300 mil do que o CPP. A ideia assim parece ser destruir a oposição para que não existam problemas nessas eleições. Entretanto o monárquico Funcinpec, que teve apenas 4% dos votos em 2013, parece ter cozinhado um acordo com Hun Sen e ficará com 41 dos 55 lugares parlamentares do CNRP.
Macau: população aumenta
A população de Macau registou um aumento de 100 pessoas no terceiro trimestre do ano para um total de 648,5 mil, 53% das quais do sexo feminino. No trimestre em análise, o número de imigrantes chineses (1.274) e o número de indivíduos autorizados a residir em Macau (387) subiu em termos trimestrais, isto é, mais 498 e cinco pessoas, respectivamente. Até ao final do terceiro trimestre deste ano, existiam 176.666 trabalhadores não residentes, menos 2.028 indivíduos face ao final do trimestre precedente. Macau tem uma área terrestre de 30,5 quilómetros quadrados, pelo que a densidade populacional ascende a 21.261 pessoas por quilómetro quadrado, uma das mais elevadas do mundo.
Macau: plataforma comercial
Macau deve procurar ter um bom desempenho enquanto plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e os países de língua portuguesa, a fim de dar a sua contribuição para a estratégia de desenvolvimento nacional, disse na semana passada o chefe do Executivo, Chui Sai On. "Macau deve ainda, neste âmbito, aprofundar a ligação e alargar a comunicação entre as empresas dos países da língua portuguesa e as empresas de outros países e regiões do mundo", disse Chui Sai On, que acredita na transformação de Macau num centro de formação de língua portuguesa na região da Ásia e numa base de formação de quadros em gestão turística de nível internacional.
China: arroz para Guiné-Bissau
A República Popular da China doou 1.290 sacos de arroz à Guiné-Bissau que terão como destino 16 instituições sociais de caridade com sede na capital, Bissau. O embaixador da China, Jin Hongjun, disse no decurso da cerimónia que o donativo, no valor de dois mil milhões de francos CFA (cerca de três milhões de euros), ajuda a satisfazer as necessidades básicas da população.