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Gru e os maldispostos

A fava calhou a Azeredo Lopes, um ministro que parece julgar que o transporte de tropas é ainda feito em Chaimites e que os militares são sucedâneos de Rambo.

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Num dos filmes de Gru, o maldisposto, ele anuncia que roubou a Estátua da Liberdade. O delírio dos Mínimos esfria quando Gru esclarece que foi a Estátua da Liberdade mais pequena, a de Las Vegas. Há maldades maiores do que as outras. Por estes dias, quando o país está maldisposto por causa dos resultados trágicos do incêndio de Pedrógão Grande e do roubo de material militar de Tancos, fica-se com a sensação que regressámos ao verdadeiro Portugal. Aquele em que os problemas nunca são resolvidos. Apenas são chutados para a frente ou são varridos para debaixo da cama. Um dia destes, todos o sabiam, o contínuo desinvestimento nas Forças Armadas portuguesas iria dar asneira. A fava calhou a Azeredo Lopes, um ministro que parece julgar que o transporte de tropas é ainda feito em Chaimites e que os militares são sucedâneos de Rambo. O coro de Mínimos que o vaiam é compreensível. A gestão política do caso é um desastre: à falta de explicações claras juntou-se agora o extemporâneo afastamento de cinco comandantes militares, dentro da lógica que o culpado é sempre o contabilista, a mulher da limpeza ou o nadador-salvador. Não são.

 

Por detrás das participações militares portuguesas em operações melindrosas no estrangeiro, esconde-se a falta de investimento humano e material nas Forças Armadas desde há décadas. Basta recuar no tempo. Alguém se lembra do processo surreal de substituir as G3? E que dizer do processo maquiavélico de dotar a marinha de lanchas rápidas de patrulha para as 200 milhas costeiras? E que dizer sobre o estado dos F-16? Para já não falar da falta de militares. Grita-se sobre a inexistência de vigilância electrónica. Mas alguém questiona porque não há militares nos postos fixos de guarda? O que se passou em Tancos era um desfecho anunciado. Fruto da incompetência política (porque a austeridade só se aplica aos últimos anos como desculpa) de sucessivos governos. Tancos foi a nossa carga da brigada ligeira. Mostrou a fragilidade deste país que deixa sempre para amanhã o que pode fazer hoje.

 

Grande repórter

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