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22 de Janeiro de 2018 às 22:05

A Turquia e o dilema curdo

Os EUA querem criar uma força fronteiriça entre a Síria e a Turquia. Com forças curdas. Ancara está contra e ataca. Os dois países da NATO estão em rota de colisão.

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É um choque frontal. Entre a Turquia e os EUA. E o motivo parece, à primeira vista, ser insignificante. No caso, o centro do conflito é a cidade de Afrin, em território sírio, mas próxima da fronteira turca, e que está nas mãos de um grupo curdo (o Partido da Unidade Democrática, PYD, o ramo sírio do PKK do Curdistão turco) que Ancara considera ser uma organização terrorista. O exército americano tem usado o ramo militar do PYD como a sua tropa terrestre no combate ao Daesh, chamando-lhes Forças Democráticas Sírias (SDF). Nome que para o Presidente Erdogan serve apenas para tentar enganar os distraídos. Afrin é importante para a Turquia porque há muito que é usado como pólo das actividades do PKK em território turco. Isto para já não se falar da tentativa de balcanização da Síria, um dos objectivos dos EUA. As acções militares turcas contra o PYD em Afrin causaram já protestos de Washington, que quer criar uma zona-tampão (que é música para os ouvidos de Israel) entre o Irão e a parte ocidental da Síria. Os curdos servem esse objectivo. Em sentido contrário, a Rússia deseja que o conflito da Síria acabe rapidamente, a tempo de Vladimir Putin festejar a sua recondução.

 

O jogo é complexo. Porque face à disposição de os EUA criarem um exército de 30 mil soldados de maioria curda que controlaria de quilómetros na Síria, como se fossem uma "força de segurança fronteiriça" na fronteira com a Turquia, é vista em Ancara e Damasco como a tentativa de criar ali um mini-Estado. Algo que pode redundar num novo conflito armado. E que, paradoxalmente, aproxima dois países que durante muito tempo estiveram em lados opostos do conflito: a Síria e a Turquia. Contra os curdos (e os EUA), sírios e turcos têm agora tudo em comum. A Turquia sabe que, efectivamente, o PKK controla as forças do PYD e isso iria permitir, num estado policiado na sua fronteira pelos EUA, que existissem mais ataques no interior de território turco. O próprio nome inventado pelos americanos Forças Democráticas Sírias, para a sua tropa curda no terreno, é hilariante: ela não está minimamente interessada em defender a Síria como um Estado. Quer a sua partilha. É por isso que este novo jogo americano em território sírio, fustigando a Turquia, pode fazer nascer um novo conflito. Algo que parecia evitável depois da derrota militar do Daesh e do fim da aventura da "independência" curda do Iraque.

 

China: rumo ao Ocidente

 

A estratégia da China, por trás da "Belt and Road", ficou mais clara num encontro realizado em Xangai na passada semana e que tinha como pólo de reflexão a relação do país com o Médio Oriente. A "Belt and Road" envolve seis corredores económicos prioritários. Um, em particular, pelo Médio Oriente e pelo Norte de África. E isso conectará a China ao Mediterrâneo, e incluirá iniciativas como o caminho-de-ferro "Red Med", a expansão de portos como o de Duqm em Omã e muito investimento na Turquia. Os números contam parte da história: em 2010 o comércio entre a China e o mundo árabe valia 150 biliões de dólares. Em 2014, cresceu para 250 biliões de dólares. Significativamente a China é já o maior exportador para os países árabes e esses contribuem com 40% das importações petrolíferas de Pequim. A internacionalização do yuan faz também parte desta estratégia global, onde é evidente que a China poderá ter um papel determinante para que s países árabes diversifiquem a sua excessiva dependência do petróleo. Com o fim da guerra da Síria, a China (face até à falta de poder económico russo) perfila-se como o principal investidor para a reconstrução de um país destruído. A política, como muitos comentadores asiáticos referem, é: fazer o comércio e não a guerra.

 

Os EUA parecem estar a perder terreno nesta nova configuração do Médio Oriente. E onde a diplomacia e a atractividade comercial chinesa poderão criar pontes em vez de conflitos. Como o que se poderá ver entre o Irão e a Arábia Saudita, dois bons mercados para Pequim, que não deseja que se transformem em zonas de guerra. Resta saber se num clima de instabilidade crescente no Médio Oriente a estratégia chinesa valerá mais do que os tambores da guerra.

 

China: menos nascimentos

 

O número de nascimentos na China diminuiu no último ano apesar de o país mais populoso do mundo ter flexibilizado a sua política de "uma família, uma criança", permitindo um segundo filho. Nasceram na China 17,23 milhões de bebés, contra 17,86 no ano anterior. O crescimento do número de idosos e o decréscimo da mão-de-obra disponível foram as razões para essa flexibilização.

 

Macau: mais visitantes

 

O número de visitantes entrados em Macau em 2017, de mais de 32,6 milhões, estabeleceu um novo recorde, segundo a directora dos Serviços de Turismo (DST), que prevê para este ano um pequeno aumento compreendido entre 1,0% e 3,0%. Helena de Senna Fernandes disse ter sido igualmente um novo recorde no que respeita ao número de visitantes internacionais, com mais de 3,1 milhões ou mais 6,2% do que em 2016, aparecendo no primeiro lugar da lista por países a Coreia do Sul com mais de 870 mil pessoas. A maior parte dos visitantes, mais de 20 milhões ou 61,3% do total, veio da China Continental, representando um aumento homólogo de 8,5%.

 

China: rumo ao Brasil

 

As empresas da China investiram 20,9 mil milhões de dólares no Brasil em 2017, o montante mais elevado desde 2010 com a recessão económica a fazer baixar o preço dos activos e a atrair investidores. O investimento realizado pelas empresas chinesas no Brasil em 2017 teve como destino prioritário os sectores da energia, logística de transportes, agronegócio, serviços financeiros, produtos químicos e farmacêuticos e a produção e transmissão de energia eléctrica. Os principais investimentos efectuados nos dois últimos meses do ano foram os da China State Grid, que adquiriu a CPFL Energia por 3.467 milhões de dólares, e da Shanghai Electric, que estabeleceu uma parceria com a Eletrosul na qual aplicou 3.300 milhões de dólares. 

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