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Até tu, Brutus?

José Sócrates tem poucas dúvidas: ele, Júlio César, foi atraiçoado por Brutus. Este, claro, é um grupo conspirador, entrincheirado na direcção do PS. E, no centro da conspiração, está António Costa.

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Sócrates acha-se vítima de uma típica conspiração romana: a guarda pretoriana mata o imperador para limpar a sua reputação e libertar-se dos fantasmas que não deixavam de a importunar. Claro que o assunto é mais complexo. Sócrates deixara de ser Júlio César no dia em que António Costa foi eleito líder do PS e separou as águas: a política é uma coisa, a justiça é outra. A partir desse momento Sócrates estava destinado ao Purgatório: ou seja, como político do PS tinha morrido, e a sua alma estava a ser preparada para entrar no reino dos céus. Isto se percebesse a sua condição de mortal. O problema é que Sócrates nunca foi um comum político mortal: em concordância com a sua trajectória, sempre considerou que não deveria mudar nada porque quem deveria rectificar algo era a realidade. Porque esta é que se tinha equivocado. Sócrates acreditou sempre que o tempo demonstraria que tinha razão. Por isso julgou sempre ser possível voltar à política. E sonhou até há muito pouco que, candidatando-se a Presidente da República, o PS silencioso se colocaria atrás dele, escoltando-o até Belém.

 

Nunca foi essa a ideia de António Costa. Sócrates, há muito, era um Adamastor para o novo PS, especialmente o que chegou ao poder e aquele que se quer manter em São Bento. Se Sócrates foi uma criação do aparelho do PS, hoje é um empecilho. Tentando vitimizar-se, Sócrates parece não perceber que ele é o órgão a mais que tem de ser retirado para bem do PS, mas também dos outros partidos. Sócrates, como Pinho, está hoje a mais na cena política portuguesa, que necessita de mostrar que está convictamente empenhada em extirpar a corrupção. Mas isso sucede porque eles estão demasiado expostos. Servem para fechar a caixa de Pandora. Porque sabem que se esta continuar aberta, o Purgatório pode ter de acolher muito mais almas em breve.

 

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