Opinião
Genocida
Na semana passada, houve ameaças de prisões e processos no Brasil contra quem escrevesse o termo “genocida” associado ao Bolsonaro. Uma outra colunista da Folha (Mariliz Pereira Jorge) não pensou duas vezes. Como forma de protesto, começou uma fita-banana a partir da crónica do Ruy.
No Brasil, existe uma fita-cola genérica de aparência amarela que muitos chamam de fita-banana. Há anos, o termo foi apropriado pelo cronista carioca Artur Xexéo para significar um tema, assunto, texto onde todos podem colar mais ideias ou pontos de vista.
Um texto fita-banana não é sinónimo de debate ou uma forma de expor contraditórios. Quem participa está de acordo com o que foi dito, apenas acha que merece uns acrescentos ou esclarecimentos.
Há uns meses, Ruy Castro, colunista da Folha de São Paulo, publicou um texto onde alinhava uma série de epítetos relativos ao presidente Bolsonaro. Tratava-se de várias dezenas de definições em ordem alfabética que começavam em "abjeto", "abominável" e "abutre" para terminar com "vigarista", "xarope" e "zoilo".
Na semana passada, houve ameaças de prisões e processos no Brasil contra quem escrevesse o termo "genocida" associado ao Bolsonaro. Uma outra colunista da Folha (Mariliz Pereira Jorge) não pensou duas vezes. Como forma de protesto, começou uma fita-banana a partir da crónica do Ruy e apensou um outro com novos adjetivos que, na sua opinião e na de 70% da população brasileira, bem definem a personalidade e o comportamento do senhor Jair.
A lista da Mariliz começava com "ignóbil", "basculho" e "baixo" e seguia até "pacóvio", "inapto", "desqualificado", "pequi roído" e "genocida".
Também eu quero contribuir para a fita. Há expressões portuguesas que parecem que nasceram só para definir esse que é o pior gestor da pandemia do mundo. Seguem os vocábulos (na maioria, tirados de um Dicionário de Calão publicado pela Universidade do Minho). Serve de contributo aos meus amigos brasileiros que já estão a ficar sem palavras frente ao maior algoz da sua história. Vamos lá:
"Batoteiro (pilantra). Cacóstomo (sujeito que tem vícios de pronunciação e/ou mau hálito). Enxacoco (quem fala mal uma língua estrangeira). Achavascado (mal-educado). Xoné (doido). Fardola (quem vive a contar vantagens sobre si próprio). Manfio (mafioso). Gárrulo (tagarela). Matrafão (desleixado). Palrador (incontinente verbal). Abantesma (imbecil). Badameco (estúpido). Calhau (burro). Abarbatado (ladrão). Labrego (simplório). Sendeiro (asno). Camelo (idiota). Borrego (o mesmo que camelo). Abiscoitado (sem juízo). Marado dos cornos (maluco). Abrenúncio (capeta). Analfabesta (grosseiro). Matumbo (casca grossa). Calão (folgado). Burgesso (boçal). Coscuvilheiro (intriguista). Chulo (putanheiro). Aldabrão (trapaceiro). Fajardo (gatuno). Alarve (rude). Flaino (preguiçoso). Mandrião (vadio). Vida airada (desocupado). Rasca (de má qualidade). Anzoneiro (fofoqueiro). Armado ao pingarelho (arrogante). Atamancado (sem preparo). Badalhoco (torpe). Encaralhado (culpado). Javardo (sujo). Baldas (irresponsável). Basqueiro (bagunceiro). Bilhardeiro (intrujão). Broeiro (ignorante). Piço (inexperiente). Bufo (dedo duro). Cacafelho (infantil). Cafunge (larápio). Cheché (gagá). Chico-esperto (malandro). Emplastro (pegajoso). Chunga (brega). Peludo (quem se incomoda com críticas). Covidiota (quem se porta mal em relação à covid). Ah, não podemos esquecer de genocida (que em Portugal queria dizer genocida mesmo mas estamos a mudar para Bolsonaro)".