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26 de Abril de 2013 às 10:37

Um sem número de secretários de Estado

Depois de muito nos castigar, o Governo resolveu entreter-nos. Para entreter a pequenada, resolveram organizar um espectáculo que é uma espécie de festival de verão mas com secretários de Estado em vez de bandas de rock.

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Depois de muito nos castigar, o Governo resolveu entreter-nos. Para entreter a pequenada, resolveram organizar um espectáculo que é uma espécie de festival de verão mas com secretários de Estado em vez de bandas de rock. Não é uma remodelação, é um casamento cigano. Dia sim, dia não, há uma cerimónia de tomada de posse. Não admira que o Portas não vá a todas.


Os empregados que arrumam, e limpam, a Sala dos Embaixadores, no Palácio de Belém, devem estar para meter baixa. A sala dos embaixadores, também conhecida por Sala Azul (por oposição ao cor-de-rosa, que é cor de menina), é suposto ser usada meia dúzia de vezes por ano. É uma sala antiga. Ainda vão dar cabo do soalho. Só espero que o Governo não tenha ido buscar um destes novos secretários de Estado às danças sevilhanas. Se já foram ao youtube, e aos blogues, também podem ter ido ao Alunos de Apolo.


Não entendo a atracção que algumas pessoas têm pelo cargo de secretário de Estado. É uma designação que soa a poucochinho. Secretário de Estado remete-nos para escrivaninhas, canetas e, com sorte, cenas sexuais. Oiço falar em secretário de Estado e vejo uma pessoa fanhosa a despejar cinzeiros. Mas tem de existir algum fascínio porque, mesmo quem diz muito mal deste Governo, não hesita em aceitar o cargo. Por exemplo, o novo secretário de Estado, Fernando Alexandre, escreveu no seu blogue: "Tenho que admitir que este Governo não merece o povo que governa (…). A decisão do ministro das Finanças de congelar as despesas mostra que, de facto, ele, embora não viva cá, deve estar de partida para outro lugar. Desejo-lhe boa viagem." Ainda assim aceitou, sem pestanejar, o cargo de adjunto do ministro da Administração Interna. Estou à espera que ele escreva no seu blogue: "O que eles não sabem é que eu vou para lá para os prender a todos. Lol." Não faz sentido terem decidido ir buscar este secretário de Estado. Se foi para o calarem, foi mal jogado porque, até há uma semana, ninguém ligava ao que ele escrevia no blogue. Por acaso, já tinha ouvido falar do "blogue do Fernando Alexandre", mas pensava que era sobre música pimba. A única explicação admissível é ele ter sido convidado em desespero de causa, dado que o jornalista que faz a página de necrologia do "Diário de Notícias" recusou o convite.


Não estou nada contente com esta remodelação. Parece-me muito injusta. Com tanto ministro mau, foram embirrar com os secretários de Estado. Correr com secretários de Estado por causa dos "swap" é de muito mau gosto. Castigar estes senhores é o mesmo que castigar aqueles velhinhos alentejanos, que vivem isolados, a quem levam as massas com uma cantiga, qualquer, sobre o euro e a União Europeia. O ideal era deixá-los no Governo. Parece-me uma inconsciência demitir esta gente. É sabido que, quem sai de secretário de Estado acaba, quase sempre, por ir parar à administração de uma empresa pública. Pelo menos, enquanto estiverem no Governo, não têm dinheiro, não dão prejuízo.

 

 


A conta-gotas

 

1. Miguel Gonçalves, embaixador do Impulso Jovem: "recebes mail xanitaloirinha79@hotmail. O assunto é FW, candidatura espontânea, com x" - aposto que é um mail de uma pessoa sem "perspiquidade".

2. Empresa holandesa anuncia missão cujo objectivo é levar pessoas até Marte, sabendo que não há tecnologia para os trazer de volta - isto é o memorando da troika!

3. CGD queria oferecer presentes aos clientes no Dia Mundial do Livro, mas à última hora percebeu que eram literatura erótica. Entre os livros que iam ser oferecidos nas agências da Caixa, estavam títulos como "Sr. Bentley, o Enraba Passarinhos" - a maioria dos clientes da Caixa olhava para o livro com ar intrigado e dizia: "Sr, quê?"

4. Ministro da economia: "todo um sem número de medidas" - aprecio a exactidão. O Álvaro está com todo um sem número de quilos a mais. "Memorando para crescimento e emprego" - é o chamado memorando da akiort. Acordem-me em 2020, se faz favor.

5. Campeão alemão, Bayern de Munique, goleou o Barcelona na primeira mão das meias finais. - Vês, Merkel? O Jupp Heynckes é a prova cabal de que o que resulta bem na Alemanha dá muito mau resultado em Portugal.

 

 

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