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20 de Abril de 2018 às 10:19

Sócrates ao vivo no Ministério Público

Não me apetecia nada que Sócrates se safasse e processasse o Estado. Além de um Novo Banco, lá teríamos nós de pagar um novo Sócrates. Seríamos o novo Carlos Santos Silva do "engenheiro".

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Foi anunciado como: Investigação SIC. "O confronto": os momentos decisivos de Sócrates contra a acusação. "Grande Reportagem da SIC revela interrogatório a Sócrates". Mas qual Grande Reportagem?! Assisti ao primeiro episódio, e o que vi foi um DVD filmado na sala do Ministério Público. Grande Reportagem dá a sensação de que andou um jornalista com um colete à prova de balas a recolher provas e a fazer investigação e aquilo, no fundo, foi apenas chegar ao Ministério Público de Uber, pedir o DVD e voltar para a SIC. Sai uma "Grande Reportagem" por 12 euros, ida e volta. Mas isto é assim? Agora uma Grande Reportagem é pôr um DVD? A SIC, a seguir, anuncia uma Grande Reportagem da estação sobre a caçada ao Osama bin Laden e passa o filme "Zero Dark Thirty/00:30 Hora Negra".

Pôr esta gravação do Sócrates a fazer peixeirada no interrogatório, nesta altura, vindo do nada, fica esquisito. Parece que era suposto haver um jogo de bola dos grandes, mas choveu e o jogo foi adiado e não havia mais nada para pôr. Se foi isso, mais valia anunciarem a estreia do "Titanic" pela quadragésima quarta vez.

O segundo episódio já foi mais emocionante e mais perto de ser uma reportagem. Foi boa ideia poder ver a jornalista a fazer as ligações entre as provas com marcadores a amarelo, como eu fazia nos tempos de estudante. Estava a ficar preocupado porque, depois do primeiro episódio, que era uma mera gravação, parecia que os jornalistas da SIC ainda tinham tido menos trabalho que os advogados do Sócrates, que ele nunca deixa falar.

Do que vi, destaco José Sócrates sem filtros, e o que se vê é um indivíduo que perde várias vezes a calma e grita nos interrogatórios. A certa altura, acusa Rosário Teixeira de mentir e desata os berros: - "Isso é mentira! O senhor está a inventar!" Não fosse o tom esganiçado, podia ser Manuel Serrão no programa "Prolongamento".

Confesso que chega a ser cansativo ouvir falar em tantos milhões para lá e para cá. A juntar à forma como, por exemplo, Salgado, Zeinal, etc., falam de dezenas de milhões de euros como se fossem patacas. Se eu fosse o Rosário Teixeira, de cada vez que fizesse referências a valores gamados, fazia a entoação dos senhores dos tempos do sorteio da taluda - Treeeeeeze miiiiiiil e quinheeeeentos miiiiilhõoooooes! - para se perceber que, apesar do ar de desprezo dos suspeitos, aquilo é muita massa. Bons tempos em que se podia praticar a corrupção com robalos ou com dinheiro que cabia num envelope.

O que me preocupa é o primeiro episódio. É estranho, porque: ou apanhámos uma parte má do filme ou aquilo tem cenas em que parece haver indícios com pouca substância por parte do Ministério Público. Fiquei assustado porque há momentos em que o MP anda ali meio a patinar. Assusta-me, porque não me apetecia nada que Sócrates se safasse e processasse o Estado. Além de um Novo Banco, lá teríamos nós de pagar um novo Sócrates. Seríamos o novo Carlos Santos Silva do "engenheiro".

top-5

"O senhor está a inventar"

1. EUA acreditam que Damasco usou cloro e sarin em ataque na Síria - O Hassad vai dizer que só usou cloro e foi por causa das piscinas que há em Ghouta.

2. Chefe adjunto do Fisco ia ganhar um Mercedes em contrapartida por favores ilícitos a um empresário de Espinho - Devia ser um "mãos largas", este empresário de Espinho. Um Mercedes em vez de bilhetes para a bola, que exagero!

3. Novo Banco vai fechar mais 73 agências em 2018 - Hum, cheira-me que vai fechar todas até 2019.

4. Comissão científica deliberou que Feliciano Barreiras Duarte tem de voltar às aulas - Vai levar menos "bullying" do que no PSD.

5. Mísseis usados no bombardeamento à Síria custaram 225 milhões de euros - A falta que faz um Centeno ao Trump. Com as cativações no máximo, tinham enviado um míssil e meio. 



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