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E o maior IPO da história é… uma empresa de e-commerce

A Alibaba, empresa de "e-commerce" chinesa, acaba de ser protagonista do maior IPO da história e já é uma das maiores empresas do mundo. O que é que isto significa para o comércio tradicional?

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Quando falamos de Alibaba, a maioria das pessoas pensa nos quarenta ladrões. No entanto, na bolsa de Nova Iorque, se alguém ainda fazia este tipo de piada, acabou de mudar de opinião com o maior IPO da história dos Estados Unidos. Ao final do dia de sexta-feira passada, a empresa chinesa com nome de Alibaba estava valorizada em 231 mil milhões de dólares (maior do que a valorização da Amazon e do eBay somados e que outras empresas como a Disney).

 

A Alibaba foi fundada em 1999 por Jack Ma, um professor de inglês que começou a empresa no seu apartamento e que, com 50 anos, é, desde sexta-feira passada, o homem mais rico da China e o número 34 a nível mundial. A empresa combina os negócios de alguns dos maiores gigantes de comércio electrónico dentro da sua plataforma para o mercado chinês, entre eles o da Amazon (Tmall), do eBay (Taobao),  Paypal (Alipay) e GroupOn (Juhuasuan). Esta é Alibaba, empresa que representa 80% das transacções de comércio electrónico na China e mais da metade dos envios de encomendas do país.

 

Ao contrário da gigante americana Amazon, a empresa tem tido lucros nos últimos anos e no ano passado apresentou resultados de US$3.8 mil milhões com US$8.5 mil milhões de vendas. Os US$21 mil milhões que entraram na empresa com este IPO vão estar focados em parte na expansão internacional. Este é um ponto no qual muitos dos investidores estão a apostar já que, como muitos comentam, é mais fácil uma empresa chinesa expandir fora da China do que uma empresa internacional crescer no mercado chinês.

 

A história da Alibaba contrasta com os contos de empresas como Circuit City, Barnes and Nobles, Blockbuster e Borders, que  eram gigantes do retalho que há 15 anos se riam do comércio electrónico. A esta lista podem juntar-se rapidamente outras cadeias de lojas que se imaginavam intocáveis há alguns anos, como o Best Buy ou o Radio Shack que andam há anos a tentar novas estratégias online sem grande êxito. O Walmart, gigante do retalho mundial, é um caso de retalhista tradicional que leva muito a sério o mercado online e, apesar de não estar ainda ao nível de uma Amazon, tenta recuperar terreno.

 

Entretanto, como em todas as histórias não há "bela sem senão", vários críticos defendem que o modelo de negócio de Jack Ma não é sustentável e pode ser facilmente replicável por outras empresas. Outros apontam a história de baixos retornos de investimento dos IPO de outras empresas chinesas ou mesmo que as suas estruturas empresariais não são totalmente transparentes. No entanto, no primeiro dia em bolsa com quase 40% de crescimento, os investidores não pareceram demasiado preocupados.

 

Mais do que a Alibaba ser um bom investimento ou não, é importante entender a alteração do poder do retalho tradicional para o online. Entrámos numa fase em que os maiores retalhistas do mundo começam a ser empresas online e em que a maioria dos retalhistas tradicionais estão a tentar passar parte da sua operação para online (multicanalidade) ou arriscam-se a morrer. Se na Europa os casos ainda não são tantos, é uma questão de tempo para o mesmo acontecer. 

 

Como dizia Sam Walton, fundador do Walmart, quando perguntado se alguém poderia fazer outra empresa com a dimensão do Walmart: "Claro que sim. Em algum lugar, neste momento, há alguém com ideias excelentes e com a capacidade de as implementar até ao fim. Será feito vezes sem conta". Neste caso parece que foi este senhor, Jack Ma.

 

Partner litsebusiness.com e professor de e-commerce e marketing digital na Nova SBE

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