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Privatizações? Sim, por favor

Em Junho último foram transmitidas declarações do presidente da Infraestruturas de Portugal ("IP") em que defendia a privatização da nova entidade que resultou da fusão da REFER - Rede Ferroviária Nacional com a Estradas de Portugal, S.A.

Estas declarações foram transmitidas no dia 1 desta nova sociedade e as mesmas apresentavam uma realidade apresentada por aquela que é uma das maiores empresas nacionais, com ativos na ordem dos 21 mil milhões de euros. António Ramalho é para mim um dos melhores gestores nacionais com provas dadas em várias das empresas em que tem trabalhado (declaração de interesses: António Ramalho é membro do Conselho Geral do ISG) e com a sagacidade que muitos lhe reconhecem apresentou imediatamente um objetivo importante e relevante - a empresa que agora dirige tem todas as condições para atrair investidores privados. No meu entender, uma entidade que tem um objetivo claro na gestão de um conjunto de infraestruturas muito relevantes, a forma como se organizou numa lógica empresarial com três áreas de negócio relevantes: gestão do património, engenharia e telecomunicações, permite por um lado apresentar um plano de atividades claro e, por outro, uma capacitação em termos de know-how que é obrigatoriamente exportável. Não estando definidos quaisquer termos em que uma eventual privatização total ou parcial, defendo esta última opção, numa lógica de maioria do capital nas mãos dos privados, com uma defesa legal e estatutária que salvaguarde sempre o interesse público. Contrariamente ao que tem vindo a ser sucessivamente efetuado, defendo que a privatização se efetue por aumento de capital, através da Bolsa, que tanto necessita de empresas com dimensão relevante e de um aumento de visibilidade. O aumento de capital permitiria uma maior capacitação de investimento e uma substituição de empréstimos. Numa altura em que se mantém a excessiva subcapitalização das empresas nacionais esta opção permitiria um envolvimento dos privados, cidadãos nacionais na defesa do interesse de um e de todos. Para além disso uma eventual redução da participação maioritária do Estado permitiria a saída da IP dos cálculos da dívida pública. A participação de privados internacionais traria as referidas "pontes" para outros mercados onde efetivamente os portugueses já têm provas dadas (veja-se o caso da Brisa, por exemplo).

 

Esta realidade pode e deve, quanto a mim, ser aplicada a outras entidades. Desde as instituições de ensino superior, como por exemplo as que se situam no interior do País que necessitam de maior capacitação para captação de parcerias e de alunos internacionais a outras entidades que pelos méritos do que têm vindo a desenvolver têm a "obrigação" de aplicar as suas boas práticas num modelo mais expansivo e que permita a correção de graves falhas existentes na defesa do património nacional. Falo por exemplo da Companhia das Lezírias, S.A. ("CL"). Esta sociedade tem vindo ao longo dos tempos sempre incluída nas entidades do setor empresarial do Estado a ser privatizada. No entanto, tem sido considerado politicamente incorreto este processo, no meu entender por razões do necessário afastamento dos interesses imobiliários, que seriam sempre protegidos ou salvaguardados com a devida regulamentação (bastava definir que numa privatização todos os ganhos futuros decorrentes da alienação de imóveis para construção seriam todos atribuídos ao Estado para retirar o eventual interesse nestas operações). Mais uma vez, entendo que uma privatização se deve proceder via aumentos de capital e que o objetivo principal deveria passar por um aumento do seu património (seja através de aquisições simples ou de obtenção de concessões). O objetivo seria o desenvolvimento de atividades económicas ligadas ao sector agrícola, à salvaguarda do capital natural e à prestação de diversos serviços ao Estado e a privados por exemplo que permita a redução significativa de um dos maiores horrores com que Portugal se depara - os incêndios - que todos os anos surgem muito por culpa de um abandono geral das terras. Assim, por um lado, o investimento dos cidadãos seria interessado (eu investiria) e até interventivo (através de participações ativas, por exemplo, das organizações de defesa da natureza), traria know-how e permitiria a exportação do conhecimento já existente na sociedade. Importa também não esquecer que em 2013, a CL passou a gerir a Coudelaria de Alter e a Coudelaria Nacional. As diversas áreas ligadas aos equinos são uma real oportunidade para o desenvolvimento não só do cavalo lusitano mas de outras raças que possam, por exemplo, potenciar as atividades esperadas relacionadas com as corridas de cavalos. Ideias não faltam. Falta capital? Para boas ideias de negócio há sempre capital.

 

Administrador ISG 

Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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