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Seguro passou a ter um grande problema

Há seis meses António José Seguro tinha uma passadeira vermelha à sua frente. O governo estava esfrangalhado (Portas pensava na melhor saída…), a recessão tinha-se acentuado (até Cavaco Silva falava publicamente em espiral recessiva), a subida do desemprego não tinha fim e as eleições antecipadas pareciam inevitáveis.

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De repente o cenário mudou: a economia virou, o desemprego caiu, o governo ganhou novo fôlego e o exercício orçamental do próximo ano ficou um pouco mais fácil. Ou seja, de uma penada Seguro perdeu a conjugação de astros que apontava ao PS um futuro promissor. Ao PS e a ele.

Isto quer dizer que todas as nuvens negras (para o governo) desapareceram? Não. O desemprego é ainda preocupante, a dívida pública continua a subir e a despesa pública mantém-se elevada. Mas a pressão que estava em cima dos ombros do primeiro-ministro abrandou significativamente.

 

É neste cenário que Seguro tem agora de trabalhar. E as coisas não se lhe afiguram nada fáceis Desde logo porque as eleições autárquicas podem não ser o "passeio" que o PS pensava. Mas também porque as boas notícias na frente económica vão dificultar a afirmação de um líder partidário que até agora pouco mais fazia do que capitalizar com as desgraças da economia, atribuindo as culpas ao governo.

 

Onde é que isto nos deixa? Seguro vai ter de encontrar outro modelo de oposição para dar a volta ao texto. O mesmo é dizer que terá de mudar de discurso para convencer os eleitores. Por outras palavras, agora é que vamos ver se Seguro está à altura do desafio. Se falhar corre o risco de entregar a liderança do partido a um António Costa que, pacientemente, espera o seu tempo…

 

camilolourenco@gmail.com

 

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