Notícia
Há inteligência artificial além das sete magníficas
Tanto na Europa como nos EUA há espaço para que as empresas continuem a valorizar à boleia da inteligência artificial. Não são só nomes sonantes, como a Nvidia, que estão ser impulsionados.
Dos Estados Unidos à Europa, várias cotadas têm surfado a onda de entusiasmo com a inteligência artificial (IA), levando as empresas a escalar em bolsa. Apesar do “rally”, os analistas acreditam que esta febre não dá sinais de estar a arrefecer pelo que ainda não é tempo de uma correção.
Há espaço para os “investidores se poderem posicionar para beneficiar do potencial transformador da IA, que tem implicações significativas para muitas empresas e setores, bem como para o mercado de trabalho e para os reguladores”, defende o analista Brian Barbetta da Wellington Management, numa nota de “research” consultada pelo Negócios.
A gestora de ativos norte-americana considera que, nos próximos cinco anos, a IA – sobretudo em setores como media ou “software”, mas também saúde, retalho, construção, indústria automóvel e empresas de telecomunicações – “oferece aos investidores oportunidades impactantes”.
No entanto, para já e a nível global, são as empresas de semicondutores, bem como de hardware e software que têm sido mais beneficiadas do “toque de Midas” da inteligência artificial. E a Europa não é exceção, devendo continuar agarrada a este impulso. O Goldman Sachs antecipa que os resultados da ASML , uma cotada holandesa que trabalha com “chips” usados na IA, continuarão robustos a longo prazo. O banco de investimento acredita que existe “margem para revisões positivas dos lucros”, apontando para que a empresa consiga alcançar 60 mil milhões de euros em receitas em 2030, 15% acima do “guidance” da cotada.
Já no que diz respeito à ASM International, outra empresa de semicondutores também dos Países Baixos, o banco admite que, no mesmo intervalo de tempo, venham a ser feitas revisões em alta dos resultados, antecipando ainda a possibilidade da adoção de ferramentas específicas ligadas a esta área como o “Gate-All-Around” ou o “Memory HBM”.
A verificarem-se estes bons prognósticos, as duas empresas de semicondutores podem ser beneficiados na bolsa de Amesterdão, sendo que desde o início do ano a ASML cresceu mais de 31% e a ASM International valorizou mais de 40%.
Super Micro Computer, a que cresce mais que a Nvidia
Do outro lado do oceano Atlântico, também é esperado que as cotadas ligadas à IA continuem a ser favorecidas, através do impacto desta tecnologia no seu negócio, mas não só. Há exemplos de empresas em que a exposição indireta à inteligência artificial é mais do que suficiente para alimentar os ganhos das ações.
É o caso da Super Micro Computer. A empresa de servidores tem fornecedores que produzem semicondutores dedicados à IA e que são, por sua vez, incorporados nos processos de armazenamento de dados. Em 2024 mais do que triplicou de valor (cerca de 210%), um desempenho superior ao da própria Nvidia – a cotada que tem sido vista como líder do frenesim em torno da IA e que acumula uma valorização anual de 114%.
Recentemente, a fabricante de “chips” – que faz parte do clube das sete magníficas norte-americanas – anunciou ter registado receitas trimestrais recorde, no valor de 26 mil milhões de dólares, o que corresponde a um aumento homólogo de 262%. Os analistas apontavam para uma subida de “apenas” 200%.
Além da Nvidia, as outras seis magníficas (Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft e Tesla) têm crescido igualmente em bolsa, também devido à inteligência artificial. O mercado prepara-se agora para nas novidades que serão anunciadas durante a WWDC 2024, o evento anual da Apple dedicado ao software, sendo “que este ano se centrará na inteligência artificial que a Apple vai introduzir nos seus sistemas operativos, a começar pelo iPhone”, como recorda a Wellington Management.
Mas poderão os novos factos e números sobre IA continuar a impulsionar os preços das ações deste restrito clube? “A ascensão bem documentada das ações tecnológicas das sete magníficas deixou-as com preços elevados”, constatam os analistas da Allianz Global Investors, numa nota de análise. “No entanto, as valorizações globais do setor não são excessivas”, acrescenta.