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A problemática do nível de qualificações no país esteve na ordem do dia durante toda a conferência "Vamos lá, Portugal". "A nossa experiência na Outsystems não é que em Portugal não haja talento, mas que o talento que existe está todo aplicado e, portanto, é preciso mais talento", referiu Tiago Azevedo, Chief Information Officer (CIO) da Outsystems. "Daí a importância de um investimento a longo prazo que crie mais qualificação nas tecnologias de informação a todos os níveis."
Portugal regista metade da média europeia em termos de licenciados. Ultrapassar esta situação implica não só acelerar investimentos nas licenciaturas, mas também no ensino técnico e profissional, que vai do 10.º ao 12.º ano, e ainda na requalificação dos recursos humanos que possam estar próximos da idade de reforma, defende o responsável.
Necessário reskilling e upskilling
Para Tiago Azevedo, a questão da melhoria do nível de qualificações não se resume apenas à escola formal, que vai do ensino básico e secundário ao superior, mas deve considerar também o reskilling e o upskilling, o que implica envolver até 1,2 milhões de pessoas que podem perder os empregos por via da automatização. "Todas essas pessoas têm de ser reintegradas através da aquisição de novas competências. O que vivemos enquanto tecnológica, e é pelo mundo todo, não só em Portugal, é uma verdadeira escassez de talento. A procura de talentos e a necessidade de talentos são um problema global para conseguirmos fazer a transição para o digital como sociedades e como empresas", explica Tiago Azevedo.
Escassez de talento
A preocupação com a escassez de talento nas empresas foi uma linha que guiou o desenvolvimento de uma plataforma elaborada pela Outsystems. "Na nossa plataforma, que é utilizada por muitos clientes para se transformarem digitalmente, a tecnologia elimina alguma dessa necessidade de talento. Estamos a cair numa situação em que dentro de pouco tempo vamos ter milhões de empregos qualificados para os quais não existem pessoas qualificadas", considera Tiago Azevedo.
À maior previsibilidade associada à maioria parlamentar na Assembleia da República, Tiago Azevedo considerou que "essa situação pode de alguma forma trazer maior estabilidade também às empresas". O importante, no seu entender, é que "exista uma maior previsibilidade fiscal ao nível do investimento, da inovação, até da própria retenção de talento". "E medidas que possam aliviar a carga fiscal que hoje em dia existe, para as empresas poderem investir mais no seu próprio desenvolvimento tecnológico, na inovação para poder escalar, para encontrar novos canais, novos modelos de negócio e conseguirem crescer."
Em relação ao PRR, a maior preocupação de Tiago Azevedo está na execução da estratégia. O CIO da Outsystems concluiu que "toda a estrutura de execução é muito importante, com transparência, com muita medição, com dados e métricas de sucesso e de execução, com a possibilidade de esta informação ser pública e consultável por qualquer cidadão".