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Tendências: Nove factores a ter em conta

Os gestores de seguros acreditam que a tecnologia vai ter um grande impacto na transformação das expectativas do negócio. O novo mundo já está a chegar.

17 de Março de 2016 às 10:12
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Economia colaborativa

Paula Neto, Liberty Seguros, não tem dúvidas de que, apesar de Portugal ser um país tradicionalmente conservador, a economia colaborativa vai ter o seu desenvolvimento. Por isso considera que à medida que esta economia de partilha ganhe dimensão "certos conceitos mais tradicionais como posse, proprietário, condutor habitual, deixarão de ter relevância, dando lugar a outros como tempo de utilização, frequência de utilização, tipo de utilização". Acrescenta que este contexto "exigirá uma reformulação de alguns produtos de seguro, em particular, na sua estrutura de cálculo do preço para adequar o risco efectivamente coberto ao respectivo custo".

Os exemplos mais utilizados são car sharing, em que se faz a partilha do automóvel, e as plataformas como o Airbnub e similares, em que o utilizador disponibiliza a sua casa, permanente ou não, para receber hóspedes a troco de uma recompensa e que afectam directamente o sector segurador.

Conceição Tomás, directora de marketing da Generali, assinala que "o sector dos seguros, tal como em muitos outros sectores, as dúvidas face à economia colaborativa subsistem por motivos relacionados com o desconhecimento, a dúvida se estamos perante uma mera moda ou se veio para ficar, a legalidade da forma de actuação e o tipo de risco que este novo conceito representa". Acrescenta que tem de se encontrar soluções inovadoras que permitam estabelecer contratos de seguro adequados a esta nova realidade. Adianta das soluções como "Pay-How-You-Drive" e "Pay-As-You-Drive" em que o segurado paga pelo tipo de condução ou em função do uso do veículo.

Big data
"No sector segurador a informação e a gestão dela é o segredo do negócio" refere Paula Neto, que adianta: "a importância do Big Data, pelo seu volume, variedade de registos e velocidade de geração de dados, é cada vez mais uma fonte inesgotável de conhecimento e de análise". Conceição Tomás, da Generali, adianta que "nos próximo anos o impacto do Big Data será ainda maior e com implicações directas para a comercialização de seguros independentemente do ramo. Apesar das reticências em relação ao sigilo de dados pessoais e potenciais deficiências da tecnologia, o big data pode revolucionar o sector".

A importância do Big Data está relacionado com o facto de ser uma ferramenta de gestão de "pricing" e selecção de riscos e pelo volumes de dados e informação devidamente tratados e sistematizados ajudar a detectar novas tendências e novos comportamentos, necessidades e nichos de mercado específicos e criar/alterar novos produtos e soluções à medida desses universos.

Segundo Conceição Tomás, "a crescente procura e disseminação de aparelhos portáteis que permitem monitorar dados relativos a hábitos desportivos, de saúde, de condução entre outros, podem permitir às seguradoras efectuar uma avaliação do risco que até aqui não era tida em conta, com soluções cada vez mais personalizadas e adaptadas às reais características e necessidades do consumidor". Esta importância pode ser medida com o facto de a Generali ter adquirido a MyDrive Solutions, empresa líder em tecnologia de seguros automóvel que tem desenvolver produtos inovadores e inteligentes, adaptados às necessidades específicas dos clientes, beneficiando da conectividade e exploração da análise de dados.

Como refere um recente relatório da PwC sobre a indústria seguradora, as seguradoras poderão recorrer à inteligência artificial e a robots para reduzir significativamente os custos de transacções rotineiras e de pesquisa permitindo que os brokers e os agentes despendam mais tempo no desenvolvimento de soluções á medida do cliente e se foquem na gestão das contas de valor mais elevado e mais complexas.

Redes sociais
Esta é uma realidade já interiorizada pela indústria seguradora. "Temos cada vez mais consumidores da era digital. Detêm um maior nível de informação e são mais autónomos, fazendo as suas pesquisas e opções a partir de qualquer local e a qualquer hora. As seguradoras terão de adaptar-se a esta nova realidade e desenvolver produtos e soluções fáceis para chegar a esses clientes" constata Paula Neto. O passo seguinte é aproveitar as vantagens da digitalização e, "por exemplo fazer um seguro automóvel apenas com a fotografia da carta de condução e com a fotografia do documento único automóvel".

Estes media sociais como Facebook, Twitter, Google+, Youtube, Instagram, entre outras permitem uma comunicação directa e em tempo real das seguradoras com os seus actuais e potenciais clientes. Além disso, como diz Conceição Tomás, "actualmente os motores de pesquisa web dão cada vez mais relevância à presença e conteúdos disponibilizados por via dos médias sociais" por isso a presença nos meios digitais torna-se uma plataforma de excelência para as seguradoras comunicarem e estabelecerem um contacto cada vez mais próximo com os seus atuais e potenciais clientes.

Comparadores
"Os comparadores de seguros apostam sobretudo na oferta de seguros de baixo custo e de coberturas obrigatórias" refere Paula Neto. Estas plataformas ainda não têm em Portugal o impacto significativo que têm em Espanha e pouco por toda a Europa. A gestora da Liberty Seguros é crítica deste tipo de distribuição de seguros. "Resultam de uma estratégia de venda produtos com garantias mais limitadas, mais exclusões e margens de negócio mais reduzidas. Perdem os clientes e as seguradoras. A nossa aposta continua a passar pelo valor acrescentado que agregam os nossos parceiros de negócio, que proporcionam uma venda mais esclarecida e um apoio vital na altura do sinistro".

Estes novos atores no processo de escolha de seguros pelos consumidores têm de ser vistos, segundo Conceição Tomás, "como uma nova oportunidade de negócio e mais um canal para divulgação e promoção das soluções de seguro disponibilizadas ao mercado". Refere que "existem vários mediadores a criarem os próprios comparadores e a convidarem as seguradoras a entrar. Esta é uma forma diferente de estar presente em comparadores, apoiando a rede de mediação e a própria evolução digital."

Novas conexões
Paula Neto chama a atenção para realidades novas para o negócio segurador como "o desenvolvimento de veículos conectados (ligações wireless e Bluetooth) que permitem a conexão com dispositivos móveis de forma integrada, são uma realidade actual - acompanhada pelo lançamento de seguros com monitorização de comportamentos de condução ("caixas negras", GPS, ou aplicações móveis). Esses dados podem dar indícios de um maior conhecimento do cliente e da sua condução".

Novos transportes
Os ensaios de veículos a circular sem condutor, cujo o exemplo mais conhecido é o carro da Google, podem alterar, diz Paula Neto, "completamente a forma como efectuamos a nossa análise ao risco e até a nossas políticas de "pricing" que actualmente são efectuadas de acordo com os dados do condutor habitual". Para Conceição Tomás, além dos self-driving cars onde os testes e investimentos para que se tornem uma realidade avançam rapidamente e com protótipos já consideravelmente evoluídos, existem novas formas de transporte e distribuição como os drones. "No caso dos drones o número de equipamentos tem crescido significativamente, estando inclusive a ser ponderada a sua utilização para distribuição/entrega de pequenas mercadorias e no caso dos self-driving cars onde os testes e investimentos para que se tornem uma realidade avançam rapidamente e com protótipos já consideravelmente evoluídos" refere a gestora da Generali.

Riscos cibernéticos
O desenvolvimento da internet e das ligações criam uma rede de grande complexidade, que representa grandes oportunidades mas também tem implicações nos riscos. Um relatório de 2014 da Atlantic Council e Zurich Insurance Group enlencava sete tipos de riscos que iam desde a dependência tecnológica das empresas, às suas parcerias, fornecedores ou interconexões, outsorcing e prestadores de serviço até às cadeias de abastecimento, tecnologias disruptivas, infraestrutura e choques externos como uma pandemia de malware. Acrescente-se ainda os riscos do cyber crime como o seu cotejo de roubo e manipulação de informação como a financeira, de cartões de crédito, saúde, vírus informáticos e fraude Informática. Há previsões que apontam para que revê os prémios para os seguros contra riscos cibernéticos passem de 2 mil milhões actualmente para 20 mil milhões anuais na próxima década, registando uma taxa de crescimento anual de mais de 20%. No relatório da PwC 79% do CEO de seguradoras consideravam os riscos cibernéticos como uma ameaça ao crescimento e um dos principais desafios para os seguros não vida.

Seniores
A longevidade e o envelhecimento da população abre novas oportunidades como exemplifica Paula Neto, da Liberty, "o desenvolvimento das soluções para seniores a todos os níveis e o desenvolvimento de mais coberturas para Doenças Graves, e outras específicas, quer ao nível do seu conteúdo quer do seu funcionamento"

Domótica
Conceição Tomás da Generali refere a domótica e as suas aplicações na gestão dos riscos habitacionais ou empresariais como outra das tendências que "irá impactar o sector, pois as suas potencialidades e funcionalidades vão sem dúvida permitir salvaguardar situações que até agora são praticamente impossíveis de garantir".

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