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Pedro Esperto, responsável pela oferta sénior do Grupo Ageas Portugal, explica, em entrevista, como o impacto do envelhecimento na sociedade os levou a criar uma equipa completamente dedicada ao desafio de conceber produtos para esses clientes. Considera o termo "segmento sénior" redutor porque as soluções concebidas pelo grupo são dinâmicas, sob o mote MaisIdadeMais, e incluem quatro áreas-chave – proteção, rendimento, saúde e bem-estar.
O segmento sénior tem sido um eixo estratégico para o Grupo Ageas Portugal. Quantos clientes deste segmento tem o grupo e qual a sua quota de mercado?
O impacto do envelhecimento na sociedade tem sido um dos eixos estratégicos do Grupo Ageas Portugal há mais de três anos, o que nos impulsionou a criar uma equipa totalmente dedicada a este desafio. Hoje temos o portefólio de soluções para seniores mais completo do mercado. É, no entanto, difícil e complexo estimar quotas neste segmento de mercado, uma vez que não trabalhamos numa lógica estrita de segmento, além de que desde o início que o nosso foco é ir para além do setor segurador.
Que soluções surgiram no Grupo Ageas Portugal?
Temos lançado várias soluções em torno de quatro áreas-chave: a proteção, o rendimento, a saúde e o bem-estar. Na proteção, lançámos soluções que visam o apoio em caso de acidentes como aqueles que podem resultar de uma queda ou da necessidade de ajuda financeira e ainda quando deriva de um diagnóstico de doença grave. Na saúde e bem-estar, revimos e alargámos a nossa oferta, promovendo o acesso simplificado a uma rede de parceiros de excelência. No rendimento, lançámos opções que ajudam os clientes a gerir o património de forma a estarem preparados para uma reforma mais longa e com custos mais exigentes relacionados com a saúde. Há algum tempo que temos vindo a trabalhar na divulgação das nossas soluções sob o mote MaisIdadeMais, porque sabemos que a idade traz mais necessidades e preocupações.
Por exemplo, há mais ofertas como a do Produto Vidas Risco para doenças graves, da Ocidental, com o seguro até aos 100 anos? E seguros para cobrir acidentes pessoais indicados para maiores de 60 anos?
Infelizmente, assistimos a um crescimento acentuado das chamadas doenças graves, do foro oncológico, cardiovascular e mais recentemente até das neurológicas. Há uma consciência maior sobre estas e sentimos um nível de preocupação crescente dos nossos clientes sobretudo os mais idosos. Este ano conseguimos lançar uma solução totalmente inovadora, o Forte, destinada a quem quer estar preparado quando uma destas situações ocorre. Nos acidentes pessoais, revimos a nossa oferta, reforçando os benefícios em vida e relacionados com a recuperação, incluindo a prestada no domicílio.
O grupo tem reforçado a oferta ao nível de fundos de pensões? Que crescimento teve este mercado na última década?
A Ageas Pensões, marca do Grupo Ageas, é líder destacada nesta área e tem uma experiência alargada, fruto de um contacto muito próximo com grandes empresas suas clientes. No mercado, os fundos de pensões mais representativos financiam planos de benefício definido, que em resultado das descidas históricas verificadas nas taxas de juro, resultaram num forte crescimento das responsabilidades que se traduziram num crescimento superior a 80% para um valor de 24,1 mil milhões de euros em dezembro de 2021. A Ageas Pensões procura continuar a apostar em novas soluções como o Rendimento Flexível e na renovação do sistema informático com enfoque na digitalização. A sua intenção é tornar-se pioneira no lançamento do Plano Europeu de Poupança, mantendo sempre uma forte preocupação de sustentabilidade nos seus investimentos.
No que consiste a oferta Fundos de Pensões Abertos Horizonte – Rendimento Flexível? Que acolhimento teve junto dos portugueses?
O acolhimento foi muito positivo e foi de alguma forma esperado, tanto para o mercado de empresas, como dos clientes particulares. Para os clientes particulares, temos neste momento duas soluções em comercialização que têm um tronco comum: assegurar um rendimento mensal complementar à reforma – uma funcionalidade totalmente decidida pelo cliente em função do seu ciclo de vida e do seu perfil de risco. Esta é uma solução que possibilita ao cliente a flexibilidade de ajustar periodicamente o rendimento que pretende receber e o destino dos seus investimentos.
Outras das alternativas que dispomos é proporcionar uma resposta muito efetiva à população com mais de 65 anos que deseja mudar de habitação e investir total ou parcialmente o valor de venda com o objetivo de receber uma prestação mensal e evitar o pagamento de impostos de mais-valias, o que constituía um forte entrave a esse tipo de soluções. Desta forma permite que a pessoa se possa mudar para um imóvel mais adaptado às suas atuais necessidades ou ir para uma residência assistida com maior apoio de serviços e ter um rendimento regular para colmatar a redução de rendimento após a reforma.
Quais os projetos na área do envelhecimento ativo que o Grupo Ageas Portugal apoia?
Aqui tenho de destacar a intervenção ativa da Fundação Ageas, que elegeu também o envelhecimento como um dos seus principais eixos estratégicos. A Fundação tem vindo a apoiar diversos projetos no domínio do combate à solidão e na melhoria dos cuidados domiciliários. Ilustro essa atuação com projetos que têm tido maior visibilidade como o "Pedalar sem idade" cuja intervenção já abrange quatro cidades, os "Palhaços d’Opital" que levam sorrisos e alegria aos seniores que se encontram em ambiente hospitalar; ou o projeto "55+", este último com vista à empregabilidade de pessoas com um capital de experiência enorme e que desejam permanecer ativas e criar laços com a comunidade.
Com o aumento da esperança média de vida, o que mudou na forma de olhar para o segmento sénior e na definição de perfis de risco desta população?
Partindo da forma como faz a questão, algo que é óbvio para nós é deixarmos de pensar em segmento sénior. É demasiado redutor da realidade. Há vários segmentos e a idade não pode ser usada como um critério para pensar em necessidades e soluções. A saúde física e mental, a rede de apoio familiar ou de amigos, o local onde vive, a capacidade financeira e, sobretudo, a atitude que cada um de nós tem perante o envelhecimento são fatores decisivos na definição, não só, dos perfis de risco mas ainda a ter em conta nas soluções que possam ter maior sucesso comercial e maior impacto social.