Outros sites Medialivre
Notícia

O papel do 5G nos seguros

Esta tecnologia oferece velocidades de conexão mais rápidas e maior capacidade, com “uma latência ultrabaixa, Internet das Coisas (IoT) e computação ou conexão instantânea em tempo real. Mas também vai implicar atualização das competências, através de programas de upskilling.

11 de Janeiro de 2022 às 12:15
Alexandre Ramos é Chief Information Officer da Liberty Seguros na Europa Ocidental. Pedro Pina
  • Partilhar artigo
  • ...

"O 5G deverá representar um momento marcante na evolução da digitalização dos negócios em geral e nos seguros em particular. Acreditamos que o modelo de relação digital entre a empresa e os clientes irá potenciar meios tecnológicos mais exigentes do ponto de vista de performance, tornando as interações mais instantâneas e dinâmicas, respondendo de forma mais concreta às necessidades e expetativas dos nossos clientes no mundo digital", referiu Pedro António, Chief Future Officer do Grupo Ageas.

A tecnologia 5G, cujas licenças em Portugal já estão atribuídas às diversas operadoras, "irá impulsionar a criação de novos modelos, novos casos de uso e processos de trabalho dentro das organizações, criando soluções inteligentes que beneficiam de uma telecomunicação com menos latências e muito mais imediata", refere Alexandre Ramos, Chief Information Officer (CIO) da Liberty na Europa Ocidental.

"Estas soluções que cada vez mais se baseiam na cloud permitem a empresas como a Liberty, que assenta a sua estratégia em modularidade e em cloud, fazer mais e melhor. Estas são também prioridades a ter em conta pelas seguradoras a longo prazo e, por isso, diria que o impacto será totalmente positivo se aproveitado da melhor forma."

60% até 2026

"Já há algum tempo que o 5G está na agenda de países e empresas, tornando-se agora uma realidade com o efetivo lançamento das redes 5G um pouco por todo o mundo. De acordo com um relatório recente da Ericsson, a tecnologia 5G cobrirá cerca de 60% da população global, até 2026", sublinha Carlos Maia, partner da PwC.

Na sua opinião, esta tecnologia oferece velocidades de conexão mais rápidas e maior capacidade, mas sobretudo "uma latência ultrabaixa, que é transformadora, por exemplo, para a Internet das Coisas (IoT) e computação ou para qualquer outra atividade que possa necessitar de uma conexão instantânea em tempo real, como por exemplo os carros autónomos, cirurgia robotizada, comunicações máquina a máquina ou frotas de drones". Terá ainda um impacto relevante nas experiências de realidade aumentada e realidade virtual, em jogos ou entretenimento, e contribuirá para um trabalho remoto mais contínuo.

As novas tecnologias requerem que os colaboradores dos seguradores atualizem as suas competências. Carlos Maia, Partner da PwC

Mas Carlos Maia alerta que as novas tecnologias requerem novas competências. "Os colaboradores dos seguradores terão de atualizar as suas competências, através de programas de upskilling, para que possam desempenhar as suas funções com as novas ferramentas tecnológicas introduzidas, discutir os benefícios destas com os seus clientes, fomentar a inovação no modelo de negócio, melhorar a experiência dos clientes e aumentar a sua empregabilidade", conclui Carlos Maia.

Esta tecnologia é a aceleração e a continuação de um percurso marcado pela digitalização que abriu às seguradoras as portas para novos mundos, e que "se deverá manter como uma prioridade", reforça Pedro António. Refere a título de exemplo, e recorrendo ao tema da poupança, de acordo com um inquérito pan-europeu da Insurance Europe, "concluiu-se que a maioria dos portugueses prefere receber informação sobre produtos de poupança em formato digital em vez de papel. Isto leva-nos à clara conclusão sobre a importância da digitalização, situação transversal a muitos outros temas, permitindo que a informação chegue ainda mais rápido ao seu recetor. E esta digitalização responde precisamente à necessidade de implementação de novas estratégias."

Seguros e entretenimento

"A indústria seguradora será, a par da indústria do entretenimento, das mais avançadas na digitalização do seu processo de negócios. Há uma busca intemporal de eficiências operacionais nas atividades que empreendemos", afirma Carlos Maia. Reforça que a "digitalização é um meio para incrementar tais eficiências, nomeadamente, ao nível dos processos de subscrição e de regularização de sinistros e permite também responder aos anseios dos colaboradores de terem uma maior flexibilidade no trabalho/trabalho híbrido".

A Liberty baseia-se hoje nas ferramentas e no ecossistema digital tendo investido mais de 100 milhões de euros para construir um modelo totalmente digital, baseado na cloud pública com todos os serviços disponíveis na Liberty, "que vai sendo disponibilizado iterativamente por, pelo menos, mais dois a três anos - um conceito completamente disruptivo na indústria, no qual todos os processos relacionados com a comercialização e gestão de seguros são levados a cabo de forma simplificada", explica Alexandre Ramos.

Para Pedro António, "a regulação tem um papel fundamental na transformação digital da sociedade e, consequentemente, na indústria seguradora, permitindo que as vantagens tipicamente associadas ao mundo digital, como, por exemplo, rapidez, conveniência, acessibilidade, simplicidade, sirvam os nossos clientes, mantendo e assegurando os seus direitos e garantias. Neste sentido, cabe igualmente às organizações aplicarem princípios éticos irrepreensíveis na gestão das relações contínuas com os seus clientes".

Alexandre Ramos considera que "o regulador europeu, alinhado com os diversos reguladores dos países, tem sido um ator ativo na delineação de diretrizes que permitam que o mercado segurador se posicione cada vez mais na vanguarda da digitalização, sem perder o foco na privacidade, na salvaguarda dos interesses dos clientes, na transparência da informação e na solvência das seguradoras, entre outros".

Mais notícias