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Sobrinho Simões defende sistema de avaliação

O vencedor do Prémio Personalidade Saúde Sustentável reclama alterações no sector, que devem passar por uma reestruturação da rede hospitalar e por um sistema de avaliação.

09 de Julho de 2015 às 10:59
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Em 1947 nascia no Porto Manuel Sobrinho Simões, um dos mais notáveis cientistas portugueses. O Prémio Personalidade Saúde Sustentável junta-se a uma já vasta colecção de prémios que acompanhou a sua carreira académica e profissional. Director do Instituto de Patologia e Imunológica Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), que criou em 1989, é ainda professor em várias instituições, tanto nacionais como internacionais e autor e co-autor de vários livros e artigos científicos.

Para o médico são necessárias restruturações importantes, começando pela avaliação dos serviços e especialmente de organizações e centros de referência, "recompensando o mérito e punindo quem não o tem". O director do IPATIMUP defende a importância de uma restruturação da rede hospitalar. "Temos de diminuir os hospitais e torná-los mais eficientes e especializados e ao mesmo tempo aumentar a rede de cuidados primários de saúde e os cuidados continuados e paliativos", afirma.

O Prémio Personalidade criticou ainda a falta de comunicação entre as instituições de saúde, afirmando que Portugal "é um país minifundiário e corporativo", o que tem dificultado as reformas necessárias na Saúde.

O que temos é um país minifundiário e corporativo. E a junção do minifúndio com a corporação tem tornado muito difícil fazer reformas na área da Saúde. Há muito espaço para melhorar.
Sobrinho Simões, Director do IPATIMUP e vencedor do Prémio Personalidade 2015

"Eu já tenho alguma idade, mas o legado de pessoas que trabalham comigo ainda dá para algumas décadas." Para o médico, o segredo da distinção está em criar condições para ter uma equipa muito boa, mas reconhece que essa é uma tarefa dificultada com o actual quadro económico-social. "Temos de lhes dar condições de trabalho melhores, temos que pagar melhor", acredita Sobrinho Simões.

A falta de organização e a necessidade de "fazer muitas tarefas que do ponto de vista da recompensa profissional não são muito agradáveis" e "a proletarização da profissão", com cada vez menos tempo e disponibilidade, tem debilitado as estruturas.

Ainda assim, acredita que a área da Saúde não é a mais prejudicada com as restrições impostas nos últimos anos e aposta no "primar da eficiência". "A boa notícia é que há muito espaço para melhorar, mas vai ser difícil fazê-lo se não introduzirmos a tal reorganização, que passa também pela comunicação e os mecanismos de avaliação."

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