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OneHealth: o fim das fronteiras da saúde

A medicina, a ciência e os cuidados de saúde devem desenvolver-se num “mundo único sem separações artificiais”, defende o bastonário dos médicos. A saúde deve ser pensada de forma a integrar pessoas, animais, plantas e ambiente.

Filipe S. Fernandes 27 de Abril de 2023 às 14:00
Carlos Cortes, bastonário da Ordem dos Médicos, diz que “a Saúde Global é o desafio atual das nossas sociedades” Mariline Alves
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"A Saúde Global é o desafio atual das nossas sociedades. Enfrentamos, também, os desafios relacionado com a OneHealth, uma única saúde que liga as pessoas, os animais, as plantas e o ambiente", refere Carlos Cortes, bastonário da Ordem dos Médicos e membro do júri do Prémio Saúde Sustentável.

Esta conceção mais global da saúde foi reforçada pela recente pandemia de covid-19, que fechou as atividades em grande parte do globo. "Os problemas da saúde não conhecem fronteiras, e, por isso, as intervenções na área também não podem ter fronteiras", reforça Carlos Cortes.

A expansão e a disseminação de doenças reconhecidas e de pandemias emergentes podem ser ameaças globais, assinala Eurico Castro Alves, presidente da Comissão Organizadora da Convenção Nacional da Saúde e membro do júri do Prémio Saúde Sustentável. O que implica "esforços na implementação de medidas de vigilância e de prevenção e controlo de doenças, que são essenciais para minimizar a sua propagação e os impactos negativos que daí possam advir".

Eurico Castro Alves colocou a tónica nos desafios globais relacionados com a gestão e a prevenção de doenças, na equidade no acesso à saúde, no desenvolvimento económico e social dos países e nos imperativos éticos e humanitários. "A Saúde Global deve procurar reduzir as desigualdades entre as comunidades, enfatizando a importância de garantir que todos tenham a oportunidade de viver com saúde e bem-estar, independentemente da sua localização ou origem socioeconómica."

As alterações climáticas

Eleito recentemente bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes invoca a globalização e a necessidade de se avaliar os efeitos das alterações climáticas na saúde humana. Exemplifica com "o aquecimento global e as suas consequências no advento de doenças infeciosas e nas doenças oncológicas. E, também, os efeitos diretos da poluição (ar, água...), dos incêndios florestais, das inundações ou da canícula na saúde das suas vítimas. O mundo enfrenta, já, problemas migratórios devido a estas alterações no planeta."

Na sua opinião, "o mundo precisa de mais cooperação, de envolvimento de todos e de uma ligação forte entre os países na área da saúde. É preciso abolir as fronteiras da saúde e permitir que a medicina, a ciência e os cuidados de saúde se desenvolvam num mundo único sem separações artificiais."

O significativo papel da saúde no desenvolvimento económico das nações é hoje reconhecido, como salienta Eurico Castro Alves, porque "uma população saudável tem maior potencial de crescimento económico, é mais produtiva e pode estar mais bem integrada no mercado de trabalho". O presidente da Comissão Organizadora da Convenção Nacional da Saúde considerou ainda que "as iniciativas no âmbito da Saúde Global procuram melhorar a saúde de todas as pessoas, e no caso particular dos casos de baixo e médio rendimento, podem ajudar a erradicar a pobreza e a promover o bem-estar social e económico geral".
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